Museu Aguarela Roque Gameiro pretende manter viva obra do artista de Minde
O Museu Aguarela Roque Gameiro abriu em Minde, em 2009, à responsabilidade do Centro de Artes e Ofícios Roque Gameiro e da Câmara de Alcanena. A directora Maria Alzira Roque Gameiro diz que este não é um banal museu de província e que no ano passado teve quase cinco mil visitas.
O Museu Aguarela Roque Gameiro em Minde alberga grande parte das obras do artista, natural dessa freguesia de Alcanena e o espaço encontra-se practicamente igual a como estava em 1926. Popularmente conhecido como Casa dos Açores, pelo facto de ter servido de habitação à irmã de Roque Gameiro, casada com um dentista açoreano, serviu de habitação até 1992. O Centro de Artes e Ofícios Roque Gameiro (CAORG), fundado em 1986, e vários empresários de Minde exerceram pressão sobre a câmara para adquirir o espaço para se criar um museu da obra de Roque Gameiro. Em 2003, a casa foi adquirida, e em 2005 começaram as obras. A directora do museu, Maria Alzira Roque Gameiro, explica que durante os trabalhos o cuidado e o rigor foram extremos, com o mínimo de intervenções e sem usar cimento. Em 2009, o espaço abriu portas como Museu de Aguarela Roque Gameiro.
Maria Alzira nasceu em Minde e é geografa de formação tendo, posteriormente, concluído um mestrado em museologia. Faz parte do CAORG desde a sua fundação e afirma que a associação funciona como um conjunto de pernas que, fruto de muito trabalho e amor, se suportam umas às outras. O centro gere o espaço em parceria com o município. A autarquia cede as instalações à associação para desenvolver a actividade museológica e garante todas as condições de manutenção e suporte de custos, tendo ainda dois funcionários a tempo inteiro no museu.
A divulgação é o único ponto que a directora acredita que podia ser mais bem explorado, uma vez que as agendas trimestrais da autarquia nem sempre coincidem com as agendas mensais do museu, impossibilitando a divulgação de actividades. No entanto, Maria Alzira garante que há constante preocupação da autarquia em saber as exposições e actividades do museu para divulgar. Além do espaço de exposição, a casa tem salas de trabalho, onde se preparam projectos, estudos e a revista anual “Roque Gameiro Temas e Propostas” onde divulgam resultados de trabalhos de investigação, e espaço de armazenamento de materiais e reservas de obras. O edifício tem ainda duas salas para ateliê de desenho e pintura e para exposições temporárias.
Maria Alzira Roque Gameiro dedica todos os dias ao museu, de forma voluntária e explica que o principal objectivo é manter a tradição da vida e obra de Roque Gameiro. A directora afirma o espaço como um museu de comunidade, ou seja, que pretende a presença constante dos mindericos. Existem várias actividades que ligam o museu à população. Um domingo por mês vários residentes deslocam-se ao museu para contar histórias locais e tradicionais. Dia 1 de Junho o museu assinala a Noite dos Museus com o lançamento do livro “Principezinho” em minderico. Parte das obras também saem para o exterior para integrarem exposições em escolas, hospitais e outros locais. Em 2023, o museu recebeu 4.990 visitas.
A directora lamenta o facto de alguns residentes nunca terem visitado o museu e de outros nem saberem que Minde o tem. “Pela Europa temos crianças instruídas nas escolas a visitar espaços de arte e cultura. Em Portugal as pessoas estão pouco despertas para essa realidade e não há interesse em visitar e conhecer” remata. Ainda assim, afirma quem visita o museu sai sempre surpreendido. “Por vezes entram aqui pessoas à espera de encontrar um museu banal, de província. Acabam por sair maravilhadas pela qualidade das obras” afirma. Cada visita ao museu dura entre uma a duas horas, com um limite máximo de 12 participantes, sendo todas as visitas acompanhadas por um guia.