Cultura | 18-06-2024 15:00

Coro Polifónico de Alpiarça gosta de projectos ousados

Coro Polifónico de Alpiarça gosta de projectos ousados
Convívio e paixão pela música são o que motiva os elementos do Coro Polifónico de Alpiarça

O Coro Polifónico de Alpiarça é dirigido pelo maestro Miguel Galhofo mas apesar de arrojado no repertório tem dificuldade em atrair sangue novo. Para algumas pessoas de idade o ensaio semanal é o único pretexto para saírem de casa, conviverem e arejarem a cabeça.

Foi no Coro Polifónico de Alpiarça que Hélia Bernardes, 68 anos, professora de primeiro ciclo reformada, encontrou conforto para superar adversidades. Cantar tranquilizou-a num dos momentos mais difíceis da sua vida: passar pela morte de um ex-aluno num acidente de viação. “Podemos vir cheios de problemas ou tristeza e isto limpa-nos a cabeça”, diz. Está no grupo desde a sua fundação há 31 anos e já não se imagina sem o coro. As duas filhas ainda por lá passaram e uma é professora de música. Hélia Bernardes admira o facto de o maestro Miguel Galhofo não querer que ninguém se destaque e o respeito que existe entre os membros, porque “todos têm de se ouvir”.
“O que nos satisfaz é conseguirmos transmitir a mensagem e o público emocionar-se”, acrescenta a presidente do coro, Ana Vinagre, bancária reformada, que integra o Orfeão de Almeirim, toca cavaquinho e anda a aprender bandolim. A dirigente, que se iniciou no canto em karaokes, realça o trabalho de casa através dos ficheiros áudio disponibilizados pelo maestro e gostava de ver maior presença de autarcas nos concertos.
Ana Vinagre, 59 anos, explica que é necessário criarem projectos ousados para terem o apoio do município, como “Fado a vozes”, em parceria com o Grupo Coral de Tancos, em que o fado e a música polifónica se fundem. A média de idades é elevada e torna-se difícil participar em festas e outros eventos para angariar receitas porque faltam jovens. “Alpiarça é um concelho mais virado para o desporto. Na escola não estão habituados a cantar”, argumenta.

As ‘loucuras’ do maestro
Há 15 anos que o maestro Miguel Galhofo, da Carregueira, no concelho da Chamusca, dirige o Coro Polifónico de Alpiarça, da Sociedade Filarmónica Alpiarcense 1º de Dezembro. Um grupo de 25 elementos que abraça as suas ‘loucuras’ e chega a cantar em várias línguas. Ana Vinagre, 59 anos, revela a O MIRANTE que para algumas pessoas de idade que vivem sozinhas o ensaio, às terças-feiras, é a única forma de saírem de casa e conviverem.
Miguel Galhofo, também maestro e director artístico do Coro de Câmara e do Coro Polifónico “Cantar Nosso” da Golegã, e maestro adjunto do Coral Concórdia do Entroncamento, afirma que “a música não é o objectivo, é a ferramenta que utilizamos para nos sentirmos bem”. Diz que apesar de muitos dos elementos não saberem música nunca iria desistir deles. “É um grupo muito resiliente e que gosta do que faz”, acrescenta. Começou como ensaiador de naipe, com o maestro José Dias, e já produziu e dirigiu obras como “Gloria”, de Vivaldi, e “Missa Brevis”, de Jacob de Haan. Além de música tradicional portuguesa, o maestro desafia a cantar em inglês, com os coristas a ajudarem-se uns aos outros escrevendo em português como se pronunciam as palavras; e o alemão será o próximo desafio. O maestro pretende participar com o coro de Alpiarça, assim que haja verba, num festival de coros em Marraquexe.
Natural de Lisboa, Miguel Galhofo concorreu à sétima Gala Internacional dos Pequenos Cantores da Figueira da Foz e foi na Associação “Cantar Nosso” que iniciou os seus estudos musicais. Licenciado em Música na Comunidade, é animador nos lares e centros de dia do concelho da Chamusca e trabalha com as universidades seniores. “Com muito esforço” consegue viver da música.

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