Anotações de Fernando Pessoa inspiraram livro de Céu Estibeira
Maria do Céu Estibeira lançou “A Marginalia de Fernando Pessoa”, explorando as anotações do poeta em 1.400 livros de sua biblioteca particular. Residente em Vila Franca de Xira, a autora apresentou a obra na Fábrica das Palavras, com análise crítica da professora Fernanda Branco.
Maria do Céu Estibeira lançou recentemente o livro “A Marginalia de Fernando Pessoa”, uma obra que oferece uma reflexão profunda sobre a biblioteca particular de Fernando Pessoa e as anotações que o poeta deixou nas margens dos seus livros. Natural do Pinhal Novo e a residir em Vila Franca de Xira desde criança, a professora formada em literatura apresentou o livro, no dia 7 de Junho, na Fábrica das Palavras, em Vila Franca de Xira. A sessão reuniu cerca de quatro dezenas de pessoas e começou com a intervenção da professora Fernanda Branco, da Escola Secundária Reynaldo dos Santos (e que foi docente da autora), com a sua análise crítica e interpretativa da obra.
A biblioteca particular de Fernando Pessoa conta com aproximadamente 1.400 livros, muitos dos quais estão anotados, revelando a extraordinária riqueza do pensamento e das influências literárias do escritor. “Para se ser um grande escritor é preciso ser um grande leitor”, comentou Céu Estibeira, destacando que as leituras do poeta, especialmente dos clássicos em língua inglesa que leu durante a sua escolarização na África do Sul, tiveram um impacto significativo na sua obra. Aproximadamente 70% da biblioteca particular de Pessoa é composta por livros em inglês. Apenas após o seu regresso a Portugal é que Pessoa começou a aprofundar o contacto com autores portugueses.
O livro de Maria do Céu Estibeira também destaca várias curiosidades sobre a biblioteca do poeta. Entre elas, a presença dos heterónimos de Pessoa, como marca de posse, com alguns exemplares assinados pelas suas personagens literárias em vez de pelo próprio Pessoa. Além disso, “há dedicatórias de outros autores endereçadas não a Pessoa, mas aos seus heterónimos, indicando uma notável cumplicidade entre eles”. Os comentários marginais de Pessoa, segundo a autora do livro, são frequentemente “surpreendentes e excepcionais”.