O clube criado por um padre celebra 75 anos e é uma referência em Castanheira do Ribatejo
Juventude da Castanheira conta com centenas de atletas em várias modalidades e tem consolidado a sua posição no concelho de Vila Franca de Xira. 75 anos depois da sua fundação, o Juventude da Castanheira homenageou o homem que o fundou em 1949.
Mais um miúdo no Juventude da Castanheira é menos um miúdo nas ruas. Foi este o mote que guiou o padre António Bianchi a fundar, há 75 anos, o Juventude da Castanheira (JC), numa altura em que a vila enfrentava problemas sociais gravíssimos durante a ditadura. Pobreza, exclusão social e analfabetismo foram alguns dos problemas que levaram António Bianchi a idealizar um clube para os jovens, acabando por deixar um legado na vila e no concelho. O pequeno clube que começou no adro da igreja está hoje em terrenos próprios, com um pavilhão desportivo municipal, dois campos de futebol, campos de padel e ainda espaço para crescer.
Na tarde de quinta-feira, 13 de Junho, o clube celebrou os 75 anos da sua fundação com a inauguração de um mural de homenagem ao padre António Bianchi, pintado pelo artista brasileiro Iguana, a que se seguiu a 26ª edição do torneio de futebol de sub-11 masculino com o seu nome. A festa contou com a presença de vários autarcas, dirigentes e ex-dirigentes do clube, sócios, adeptos e atletas. António Duarte, que viveu de perto a fundação do clube, lembrou António Bianchi como um homem sempre presente e totalmente dedicado ao povo da Castanheira. “Quando alguém faltava à missa a primeira coisa que ele fazia era perguntar o que se passava e ia logo a casa deles perguntar se precisavam de ajuda ou de alguma coisa. Era um padre com uma grande dedicação às pessoas”, disse, comovido.
Também o presidente da Assembleia de Freguesia da União de Castanheira do Ribatejo e Cachoeiras, Mário Nuno Duarte, que foi durante 19 anos dirigente do clube, lembrou um homem que fez um trabalho notável pela terra “quando o país vivia em condições sociais tremendamente difíceis” e lembrou três nomes importantes na história do clube: António Bianchi, Júlia Palha e António Fernando. O autarca foi também porta-voz das preocupações dos eleitos da freguesia, lembrando os representantes da câmara e da junta de freguesia da necessidade de serem criados mais espaços desportivos para a prática informal na freguesia. “Só quando tivermos a prática informal de desporto, conjugando o trabalho do JC e das autarquias é que se cumprirá em absoluto o pensamento do padre António Bianchi”, apelou.
Um futuro de desafios
Ao celebrar 75 anos, o clube tem hoje centenas de atletas em modalidades que vão do futebol ao futsal, ginástica, taekwondo, ioga ou padel. Fernando Faneira, presidente da assembleia-geral, lembra que os desafios são hoje mais elevados do que nunca, incluindo de ordem financeira, por isso cada passo tem de ser bem pensado. “Vamos ver o que nos vai reservar o futuro. De qualquer modo quem vier hoje ao JC diariamente só se pode sentir agradado de ver na rua e no pavilhão dezenas e dezenas de miúdos a praticar os mais diversos desportos”, afirmou.
Já o presidente do clube, Luciano Miguel, agradeceu a todos os que, diariamente, ajudam a colectividade a apresentar trabalho, em particular na formação de jovens atletas. “É uma causa que nos deve orgulhar. Muitos mais anos virão e contamos com todos”, apelou o dirigente. Ainda nos discursos Fábio Lourenço, da Associação de Futebol de Lisboa, elogiou o município de Vila Franca de Xira pelo seu bom exemplo na Área Metropolitana de Lisboa ao apoiar os clubes e associações como poucos fazem na região. A vice-presidente da câmara, Marina Tiago, defendeu que as colectividades fazem um trabalho fundamental para dar resposta às necessidades das populações. A festa contou também com um jantar aberto à população.