ARCAS mantém vivas as tradições locais de Samora Correia
Sob a liderança de Ruben Vicente, a Associação Recreativa e Cultural Amigos de Samora (ARCAS) tem registado um crescimento dinâmico, fortalecendo o espírito comunitário e promovendo as tradições locais.
A organização das festas anuais em Agosto é um dos grandes desafios da direcção, que teve uma grande procura de feirantes para a edição deste ano.
Nascido em Alcântara, Lisboa, Ruben Vicente, de 44 anos, viveu desde sempre em Samora Correia que considera ser a sua verdadeira casa. Como presidente da ARCAS e comercial na Resulta Outdoors, Ruben Vicente tem investido na consolidação da associação, focando-se nos eventos chave como as Festas de Samora, o Carnaval e o Festival de Gastronomia este mês, o qual é mais conhecido por tasquinhas. “Todas as direcções que por aqui passaram trouxeram a sua dinâmica. A nossa prioridade tem sido angariar fundos suficientes para garantir a continuidade das festividades que marcam a nossa comunidade”, explica o dirigente associativo. As festas locais, em honra de Nossa Senhora da Oliveira e de Nossa Senhora de Guadalupe, são pilares da actividade da ARCAS, proporcionando momentos de convívio e reforçando laços entre os residentes.
A ARCAS tem sido bem sucedida a atrair jovens para as suas actividades, garantindo uma renovação constante da associação. Ruben Vicente destaca a importância da diversidade etária na direcção, composta por pessoas entre os 20 e os 40 anos. “Essa mistura é essencial para garantir que a nossa missão continue no futuro”, comenta.
Este ano, a associação fez um esforço adicional na programação das festas, trazendo artistas de renome como Soraia Ramos e Maninho. “Foi um investimento grande, mas acreditamos que vai compensador”, diz Ruben Vicente, notando a elevada procura por espaços de feirantes e patrocínios, evidenciando o sucesso da organização. “Os terrados tiveram muita procura e está praticamente tudo fechado”, revelou.
O dirigente assegura que um cartaz “mais elaborado e atractivo” desperta “mais vontade nas pessoas” em participar nas festas que têm também uma aposta grande nos toiros. “O nosso espaço é único em Portugal, tem uma característica diferente de todos os outros… Os nossos campinos a fazer as entradas é um momento dos mais bonitos de se ver no Ribatejo. Não há sítio tão bonito como no Calvário para ver os campinos a trabalhar, depois há as passagens para a avenida, que são sempre momentos bastante engraçados”, conclui.
Venda do pavilhão: uma solução necessária
A venda do pavilhão da ARCAS à Câmara de Benavente foi um passo crucial para a sustentabilidade da associação. Ruben Vicente esclarece que a decisão foi inevitável devido à incapacidade de financiar as reparações necessárias. “Os subsídios da câmara representam apenas um quarto do que gastamos com as actividades. A reparação do pavilhão e a remoção do amianto, estimada em cerca de 70 mil euros, são custos incomportáveis para nós”, afirmou.
Para se requalificar o pavilhão para as actividades que a associação desenvolve é necessário, segundo referiu, um valor acima de 100 mil euros, o que “seria impossível de angariar mesmo com dez anos de subsídios”. Com o acordo alcançado com o Município de Benavente, a ARCAS beneficia do uso contínuo do espaço, permitindo a realização das suas actividades sem o fardo financeiro das reparações. “Foi a melhor solução que poderíamos alcançar para continuar o nosso trabalho”, sublinha Ruben Vicente.
Desafios e futuro
Uma das principais preocupações da ARCAS continua a ser a angariação de fundos. No dia 22 de Junho, promoveu um peditório junto da população que retribuiu com 803 euros. “Chegar a Setembro sabendo que temos de preparar uma festa com um orçamento de 100 mil euros é um desafio constante”, admite Ruben Vicente. O apoio da câmara, embora significativo, não cobre todas as despesas, obrigando a associação a procurar alternativas de financiamento. “No associativismo, toda a gente se queixa, mas é verdade que há sempre aquela componente da carolice e vamos permanecendo. A gestão é complicada e nem sempre é fácil convencer outras pessoas a dar continuidade perante esse desgaste”, diz.
No seu terceiro e último mandato, que finaliza em Setembro do próximo ano, Ruben Vicente expressa incertezas sobre a sucessão na liderança da ARCAS. “Até agora, ninguém se mostrou interessado em continuar, mas esperamos que alguém da actual direcção se candidate”, afirma, assegurando que dará total apoio ao futuro líder. Ruben Vicente enfatiza que a continuidade das actividades da ARCAS depende do esforço colectivo e da capacidade de envolver novas pessoas.
A história da ARCAS
A ARCAS, com cerca de 35 anos de história, foi criada inicialmente para apoiar a Rádio Íris, mas acabou por se focar na organização de eventos culturais como o Carnaval de Samora Correia, as Festas de Verão e as Tasquinhas. Ruben Vicente sublinha a importância de manter estas tradições vivas e a dificuldade inerente à gestão contínua de eventos ao longo do ano. “Chegamos a Setembro a pensar no Carnaval, depois no Carnaval começamos logo a pensar nas tasquinhas e festas. É um misturar de coisas que às vezes não é bom, mas é essencial para a vitalidade da nossa comunidade”, declara.