Actores de Alverca unem-se para criar novo laboratório cultural na cidade
O MIRANTE foi convidado para assistir ao primeiro ensaio de um novo laboratório cultural que nasceu pelas mãos de um dos fundadores do Cegada, Pedro Cera, e que agrega actores com pergaminhos, como João de Carvalho, Isac Graça, Patrícia Souso e Nuno Vargas, entre outros.
A cidade de Alverca tem desde o início deste mês um novo grupo de teatro, fundado com a premissa de ser um laboratório experimental onde se preparam, misturam e se dão a conhecer novas peças teatrais e adaptações poéticas feitas por gente da terra que já tem provas dadas no meio.
Chama-se Teatrarte/SFRA e nasceu pelas mãos de um dos fundadores originais do vizinho Cegada, Pedro Cera, que convidou para o acompanhar na aventura nomes como João de Carvalho, Isac Graça, Nuno Vargas, Patrícia Souso ou Sofia Abreu. O espírito da criação do grupo, diz Pedro Cera a O MIRANTE, é recriar um pouco do espírito inicial do Cegada: criar condições para as figuras culturais da cidade poderem criar e dar de si à comunidade sem esperar nada em troca, sendo que todos os envolvidos estão a colaborar gratuitamente no projecto.
“Um dia ao vir à Sociedade Filarmónica Recreio Alverquense (SFRA) deparei-me com a total ausência de uma companhia de teatro aqui, naquela que é a melhor sala de espectáculos do concelho. Senti que tinha de fazer alguma coisa. Queremos trazer o teatro, a música e a poesia de volta à SFRA”, conta Pedro Cera. Quando questionado se o objectivo é fazer frente ao Cegada na corrida por oferta cultural na cidade, Pedro Cera nega e considera a ideia uma parvoíce.
“Nascemos não porque o Cegada faça pouco. Há espaço para todos. Fui o pai do Cegada, juntamente com o Ildefonso Valério, que hoje está muito presente na minha ideia. Porque este foi o espírito inicial do Cegada. Não queremos ser concorrentes, somos uma cidade muito grande e temos estéticas diferentes. Temos também aqui perto a Inestética a fazer coisas excelentes. Estamos apenas a fazer o que amamos e há espaço para todos”, garante.
O primeiro ensaio do grupo foi feito no átrio da SFRA na quinta-feira, 17 de Julho, às 17h00 em ponto, com a leitura do poema A Las Cinco de La Tarde, de Federico Garcia Lorca, escritor e dramaturgo espanhol assassinado em Agosto de 1936 pelo regime franquista.
“A ideia de criar este grupo tocou-me muito e a SFRA diz-me muito. Precisa de continuidade cultural e como vivo em Alverca espero ajudar a colocar a cidade no circuito nacional. Não só como casa de recepção de peças culturais mas também como produção cultural. Quis ajudar”, conta João de Carvalho a O MIRANTE. O poema vai estrear em breve aberto ao público e em preparação já estão outras duas peças para levar a cena.
Também Isac Graça, actor consagrado em palcos internacionais e sobretudo pelo seu percurso no cinema, foi outro dos que decidiu abraçar o projecto. “Não faço nada na cidade desde os tempos em que fiz aqui teatro amador. Tenho andado pelo cinema e a fazer teatro em Lisboa. Vou continuar a fazer tudo isso na mesma mas senti esta vontade de assentar arraiais e dar um bocadinho à minha terra”, conta ao nosso jornal. Isac Graça, recorde-se, recebeu este mês o galardão de mérito da Cidade de Alverca.