Cultura | 19-08-2024 21:00

Ad Librum quer afirmar-se no estudo da história e património de Alenquer

Ad Librum quer afirmar-se no estudo da história e património de Alenquer
Maria José Porém e José Lourenço são fundadores da Ad Librum que se dedica ao estudo da história de Alenquer

A associação Ad Librum quer contribuir para a dinâmica cultural do concelho de Alenquer e dedica-se ao estudo da história local. Os sócios fundadores entendem ser um dever cívico contribuir com os seus conhecimentos na comunidade e alertam para a degradação dos arquivos históricos da câmara.

Há muito por fazer em relação à cultura e história em Alenquer e para preencher a lacuna foi criada no final de 2023 a Associação para o Estudo da História e Património do Concelho de Alenquer , Ad Librum. A associação é composta por pessoas de diferentes áreas políticas, com gosto e conhecimento pela história, e que apesar das diferenças estão unidas pela partilha e pelo dever cívico de não deixarem esquecer o passado do concelho.
Tudo começou com a publicação do livro “Lutaram pela Liberdade”, que relata a história dos presos políticos de Alenquer de 1926 a 1974. Mas a matéria era tanta que a Ad Librum lançou um primeiro volume para assinalar os 50 anos do 25 de Abril, intitulado “Contra o Esquecimento”, que foi escrito por José Lourenço, Carlos Ademar e Maria José Porém.
Para a associação é importante a comunidade conhecer o passado. Maria José Porém, doutorada em história, explica que se no Estado Novo o país estava atrasado, Alenquer ainda estava mais. José Lourenço, mestre em história local, considera que Alenquer tem muita história que está por ser trabalhada. A vila foi uma grande praça industrial, com quatro grandes fábricas a trabalhar no centro e mais de 1.500 operários. A indústria têxtil e de papel fabricavam em Alenquer o melhor que se fazia na Europa. O Estado Novo tinha dificuldade em implementar-se na vila porque era operária e republicana. Já o restante concelho era rural com os donos das terras a suportar o regime.

Arquivo histórico da câmara está nas oficinas municipais
A Ad Librum não tem tido a vida facilitada nas suas pesquisas e estudos. Desde o século XIX, altura em que Guilherme João Carlos Henriques fundou a história local, que pouco ou nada se tem trabalhado em Alenquer nesse capítulo. Esse é um papel que a associação também quer ter. “O concelho de Alenquer é culturalmente pouco dinâmico. Uma obra de história local ainda é para uma elite, sem sentido pejorativo. São cerca de 250 pessoas que se interessam pela história local e cultura. Nesse campo ainda temos muito a fazer”, conta José Lourenço.
Os arquivos da Câmara de Alenquer não estão estudados, nem organizados e digitalizados. Uma parte do arquivo histórico está na biblioteca municipal. A outra parte do arquivo, em papel, está nas instalações camarárias de Barnabé, nas oficinas, paredes meias com centenas de litros de gasóleo. “Em 1936 o Governo Civil mandou as câmaras organizarem o arquivo histórico. Estamos em 2024. Os arquivistas da autarquia disponibilizam tudo e ajudam no que podem, mas tem de haver um plano e uma política cultural. Um edifício para o arquivo, técnicos e digitalização”, considera Maria José Porém.
José Lourenço acrescenta que Alenquer sempre teve azar com os arquivos. Já no tempo das invasões francesas e nas lutas liberais muita coisa foi queimada, a que se juntou a incúria das pessoas e a insensibilidade para ver a história de hoje como os arquivos de amanhã.

Sonho é ter uma sede própria

Os alunos dos quatro agrupamentos escolares do concelho de Alenquer são os principais destinatários das obras da associação. Os livros estão disponíveis nas bibliotecas escolares e os sócios da Ad Librum já têm ido falar a estabelecimentos de ensino. O conhecimento e divulgação da história local não se esgota nas escolas e o objectivo é contribuir para a animação da vida cultural do concelho.
Em 2025 a associação vai editar o segundo volume da colecção “Contra o Esquecimento”, para assinalar os 50 anos das primeiras eleições livres em Portugal, mais uma exposição sobre o tema. Vão ser lançados cadernos de história sectoriais intitulados “Cadernos com Memória” e vão marcar presença na Feira da Ascensão. A breve prazo a associação planeia dinamizar jantares poéticos e temáticos, e manter uma sala que permita convidar personalidades culturais. A longo prazo o sonho é ter uma sede própria.

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