Cultura | 24-08-2024 10:00

Obras na torre pentagonal de Dornes revelam segredos dos cavaleiros templários

Obras na torre pentagonal de Dornes revelam segredos dos cavaleiros templários
Investimento global do restauro é de 529 mil euros. fotoDR

As obras de requalificação da torre templária pentagonal de Dornes, em Ferreira do Zêzere, permitiram a descoberta de uma necrópole, moedas e outros artefactos medievais. Vai ser instalado um espaço museológico no monumento.

O município de Ferreira do Zêzere anunciou que vai instalar um espaço museológico e de visitação na torre templária pentagonal de Dornes, depois de arqueólogos terem ali descoberto uma necrópole, moedas e outros artefactos medievais. “Vamos proporcionar a quem visita um conjunto alargado de experiências, nomeadamente a torre vai ser visitável no seu topo, com uma vista de 360º sobre a península de Dornes, a par de uma experiência imersiva, com ‘videomapping’, naquilo que é a Rota dos Templários e que dará conta de algumas das histórias e das lendas de Dornes”, disse à Lusa o presidente do município de Ferreira do Zêzere, Bruno Gomes.
Os trabalhos de requalificação da torre pentagonal, um “raro exemplar da arquitectura militar erguida pelos templários” para defesa da linha do Tejo, estão em curso desde 2023, com os resultados das prospecções arqueológicas a atrasarem a data prevista para conclusão das obras e a levarem mesmo à reformulação do projecto inicial, depois de terem sido encontradas, no exterior da torre, uma necrópole medieval, algumas sepulturas, e recuperadas algumas moedas. “Aquilo que considero de maior relevância tem sido precisamente os achados que junto à torre apareceram no âmbito das prospecções arqueológicas, como uma necrópole, que queremos preservar, a par de artefactos, moedas, e fios, entre outros materiais, e queremos aproveitar a torre para os preservar em espaço museológico”, afirmou Bruno Gomes.
As escavações arqueológicas decorreram no interior e exterior da torre, edificação com funções militares e de defesa construída em xisto e calcário no início do século XIII sobre a base de uma antiga torre romana. No interior da torre existem estelas funerárias de cavaleiros da Ordem do Templo e o estudo destas lápides poderá revelar mais detalhes sobre a história dos templários na região. As moedas encontradas no exterior da torre permitiram datar com maior rigor a cronologia daqueles enterramentos, sendo que, no seu interior, também foram efectuados trabalhos arqueológicos onde, a um metro de profundidade, foi detectado um pavimento (lajeado em xisto) que foi já escavado para aferir cronologias e avaliar a existência de outros contextos arqueológicos preservados que contribuam para um maior conhecimento da história deste monumento, acrescenta Bruno Gomes.
A torre templária de Dornes, com a sua forma pentagonal, constitui um raro exemplar da arquitectura militar da reconquista cristã, encontrando-se classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1943. “A torre pentagonal, só por isso muito singular, com a sua recuperação e integração na Rota dos Templários, em parceria com a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, vai conferir importância maior e valorizar ainda mais aquilo que são os activos turísticos desta região”, sinalizou o autarca. No projecto de “restauro, conservação e requalificação da Torre Pentagonal de Dornes e sua envolvente”, feito pela Paróquia de Dornes, o município assumiu a candidatura a apoios financeiros e, em protocolo, como “dona da obra”. O investimento global previsto é de 529 mil euros, incluindo a obra e a musealização da torre pentagonal, dos quais 370 mil euros constam como valor elegível e com um financiamento a 70% pelo Turismo de Portugal, estando em fase de “reprogramação temporal e financeira”. Bruno Gomes perspectivou que “até ao final do ano” a requalificação da torre possa estar concluída e que, “paralelamente, está a ser efectuado um inventário de todo o espólio existente”, tendo apontado para 2025 a musealização da torre.
Mandada edificar por Gualdim Pais, mestre da Ordem do Templo, para defesa da linha do Tejo, terá sido construída sobre a base de uma antiga torre romana. No interior da torre encontram-se, intactas, algumas estelas funerárias templárias. No século XVI, perdida a função guerreira, foi transformada em torre sineira.

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