Cultura | 11-09-2024

“A palavra federação é um monstro no vocabulário do folclore”

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O Rancho Folclórico Ceifeiras de Porto de Muge dança o folclore livremente e ao seu ritmo. A introdução de novos trajes que procuram representar a povoação da freguesia de Valada, concelho do Cartaxo, tem sido um desafio e um caminho que ainda está a ser feito. O rancho integra a secção cultural de O Tejo – Centro de Dia de Valada, onde surgiu há 12 anos.

No Rancho Folclórico Ceifeiras de Porto de Muge, freguesia de Valada, concelho do Cartaxo, dança-se de saia vermelha e até há uma padeira, traje que foi introduzido com alguma resistência da população mais velha, mas cujo objectivo é representar a cultura da freguesia, que tinha barbeiros, sapateiros, ferradores e tanoeiro. O rancho nunca ponderou pertencer à Federação do Folclore Português, porque defende que há um padrão e seria perder a sua identidade.
Catarina Oliveira, 53 anos, faz parte da comissão de trabalho do rancho desde o seu novo arranque, há 12 anos. O rancho começou em 1957 e cessou actividade quatro anos depois, retomou em 1977 e desde 1992 que estava parado. As dificuldades económicas de O Tejo – Centro de Dia de Valada levaram a que o presidente da instituição, Carlos Cláudio e a tesoureira Catarina Oliveira tivessem a ideia de recriar as festas da freguesia que incluíam o rancho de Porto de Muge para angariarem fundos. Procuraram os antigos elementos e o que seria apenas uma recriação, a 18 de Agosto de 2012, na fluvina de Valada, tornou-se no rancho que é hoje, com cerca de 30 elementos.
De Março a Maio os ensaios são aos sábados à noite de 15 em 15 dias e passam depois a semanais a pensar nas actuações e na vertente monetária. “Temos anos em que precisamos de cinco mil euros entre acordeonista e autocarros”, revela Nazaré Fabiano, 54 anos, também da comissão, reconhecendo que são poucos acordeonistas e que fidelizá-los é sempre um problema.
Catarina Oliveira afirma que a ideia foi pegar no que era o traje do rancho de Porto de Muge. O vermelho imperava e era a cor que a maioria dos ranchos do concelho do Cartaxo tinha, conta ainda. Foram introduzindo outros trajes “com alguma resistência” porque “colocar saias compridas neste rancho é impensável”. Tentaram ter um ensaiador, mas a experiência não correu bem porque defendem que dançar igual não passa de “uma coreografia feita ou de ginástica”. Querem ter opinião própria no vestir e saber estar, apesar de cumprirem regras básicas como não usar maquilhagem.
“A palavra federação é um monstro no vocabulário do folclore, porque tudo o que eles acham que é observação, melhoramento, rigor, é a federação. E não é nada disso”, refere Nazaré Fabiano em relação à população mais idosa que tem dificuldade em aceitar trajes que não sejam de ceifeiras e campinos. Os restantes elementos da comissão argumentam ainda que, embora haja público para federados e não federados, existe uma “competição” e “os federados não aceitam dançar com os não federados”.
Tentar aguentar os jovens é outra das dificuldades por causa da faculdade e das namoradas. O rancho não tem vergonha de pedir e é também com a ajuda de donativos de alguns agricultores que vai mantendo a actividade. O subsídio anual da junta de freguesia, a rondar os mil euros, é canalizado para uma viagem mais longa de autocarro, explica Nazaré Fabiano.
A viagem ao Luxemburgo ficou na memória do rancho. Dormiram em sacos de cama numa casa de um conterrâneo com quatro pisos. Não se lembram de ter tanta gente a assistir a uma actuação. “Eles não queriam que parássemos de dançar”, recorda entusiasmada Catarina Oliveira, sendo que também no aeroporto aconteceu uma situação caricata de terem de abrir a mala por estarem desconfiados de uma bilha.

As pescadoras
Graciosa Letra, 72 anos, e Maria Floripes Petinga, 79, vestem-se de pescadoras em homenagem à família e à vida que levaram. A primeira é cantadeira e só dança o fadinho batido, a segunda é porta-estandarte. Graciosa Letra vem do primeiro rancho de Porto de Muge. O pai, de Vieira de Leiria, foi ensaiador desde os 18 anos e Graciosa começou a dançar com dois/três. Ensaiou o Rancho Folclórico “Os Avieiros” do Escaroupim, de onde é natural Graciosa Letra, e outros grupos. Quando se formou o rancho em Porto de Muge, o pai foi ensaiar. Graciosa Letra foi trabalhar para o pé da irmã no campo, os pais pescavam e depois namorou, casou e teve uma filha. A filha tem também o traje de pescadora.
Os pais de Maria Floripes já não pescaram, mas o falecido marido foi pescador. Natural do Porto do Sabugueiro, pertencente a Muge, foi morar para as Caneiras, concelho de Santarém, e lá casou nova. Iam ao peixe e se não apanhassem comiam saramagos com farinha de milho. Vendeu no mercado em Santarém e com o dinheiro aviava-se na farmácia. Recorda ir a pé descalça para Santarém com a cesta do peixe e “pagava-se multa, mas não tinham dinheiro para comer quanto mais para comprar calçado”. Lembra-se de fazer um buraco na areia para filtrar a água para beber, mas cozinhar e tomar banho era no Tejo, quando a água era limpa. O tio de Graciosa Letra tocava realejo aos fins-de-semana num largo em Caneiras e Maria Floripes dançava as modas todas. “Havia fome, havia tristeza, mas havia alegria. Para mim o rancho é vida, dançar é a melhor sensação do mundo”, diz convicta.

Rancho quis recuperar a Escola Primária de Valada
A comissão de trabalho do Rancho de Porto de Muge revelou a O MIRANTE ter apresentado, há oito anos, um projecto para a Escola Primária de Valada, que se encontra a degradar-se dia após dia. À altura, o rancho tinha disponibilidade financeira e Catarina Oliveira, que esteve 19 anos ligada à construção civil, conseguia arranjar material. “Foi-nos dito que havia um projecto para um restaurante e um museu da rota dos avieiros, e que não se alterava o projecto. Mas foi tudo por água abaixo porque ninguém nos ouviu”, lamenta a comissão que tem ainda como elementos Rui Fabiano, 56 anos, Vítor Lobo, 55, e Elvira Camacho, 72.

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