Tendência de usar barba cresceu nos últimos anos
A popularidade da barba cresceu significativamente na última década e João Lopes atribui parte desse fenómeno à influência de figuras públicas, como os jogadores de futebol.
João Lopes e Manuel Oliveira, da Barbearia Janota, em Santarém, continuam a manter viva a tradição de uma profissão que, apesar da crescente popularidade dos cuidados caseiros com a barba, ainda atrai muitos clientes ao espaço inaugurado em 1972. “Hoje em dia, quase todos os homens já têm uma máquina de barbear em casa, mas muitos ainda preferem vir ao barbeiro. Há quem goste do toque profissional, embora há quem consiga fazer um trabalho semelhante em casa”, refere João Lopes.
Com as cadeiras do espaço repletas, entre clientes mais jovens e outros mais experientes, os dois sócios-gerentes da barbearia não têm mãos a medir e a conversa faz-se em simultâneo enquanto João e Manuel estão empenhados nos cortes de cabelo dos fregueses. Para o João Lopes, o mais importante é a higiene da barba. “Aconselho a manter a barba aparada e a pele hidratada, tal como o resto do corpo. No Verão, se não hidratarmos a pele ficamos como carapaus secos”, refere enquanto esboça um sorriso.
Sobre o uso da barba, o profissional é peremptório: “ou se usa barba, respeitando todos os cuidados necessários, ou então não se usa. Quem prefere a pele lisa deve fazer a barba todos os dias, sem precisar que fique demasiado lisa ou, como quem diz, semelhante ‘ao rabo do menino’”.
A popularidade da barba cresceu significativamente na última década e João Lopes atribui parte desse fenómeno à influência de figuras públicas, como os jogadores de futebol. “Durante muito tempo, ninguém usava barba, mas desde há cerca de dez anos virou moda. Os jogadores de futebol influenciaram muito a estética masculina, seja na barba, seja nos cortes de cabelo. Os mais jovens começam a fazer desenhos e riscas cada vez mais cedo”, diz.
A barba, além de moda, é também uma questão de auto-estima e masculinidade. “Uma barba bem-feita ajuda à auto-estima e sempre esteve associada à masculinidade”, acrescenta João Lopes, que começou a trabalhar na barbearia em 1986, com apenas 14 anos. Nos últimos anos, o sector tem visto o surgimento de muitas novas barbearias, sobretudo abertas por imigrantes. “Quando chegam de avião, parece que já trazem a chave do espaço que vão abrir. Alguns têm vocação, outros aprendem muito com vídeos na Internet”, observa João Lopes, notando que nos seus tempos, para se iniciar na profissão, era necessário obter uma carteira profissional em Lisboa.
“Ninguém quer sofrer nisto, é uma profissão dura”
A Barbearia Janota, fundada em 1972 por José Manuel e José Vieira, tem uma clientela fiel, passando de geração em geração. “Temos clientes que já vêm há muitos anos, acompanhados pelos filhos, netos e bisnetos”, sublinha João Lopes. A continuidade do negócio, porém, não deverá passar para os familiares dos actuais sócios. “Ninguém quer sofrer nisto, é uma profissão dura. Passamos muitas horas em pé, e as costas, braços e pernas sofrem bastante”, adverte Manuel Oliveira, desde Janeiro de 1974 a trabalhar no estabelecimento.
Apesar das mudanças na profissão e na moda, a Barbearia Janota mantém-se fiel aos cortes clássicos, utilizando a tesoura e a navalha. “Não somos adeptos de usar só a máquina”, detalha João Lopes. A Barbearia Janota está aberta na Travessa dos Fróis, no centro de Santarém, com atendimento por marcação de segunda a sexta-feira, entre as 09h00 e as 13h00 e das 15h00 às 19h00.