Cultura | 13-10-2024 18:00

Obras sem fim à vista impedem utilização da sede da associação dos Arados

Obras sem fim à vista impedem utilização da sede da associação dos Arados
Integram a ADCRA, colectividade dos Arados, em Samora Correia, os seguintes elementos: José Reis, Vítor Urbano, Aurora Pinto, Mariana Pereira com Maria Leonor e Marisa Sousa

Ano e meio de espera para criar saídas de emergência e outras intervenções ao nível de segurança impedem a realização de actividades na sede da Associação de Desenvolvimento, Cultura e Recreio dos Arados, na freguesia de Samora Correia. Dirigentes pedem mais apoio da Câmara de Benavente.

A Associação de Desenvolvimento, Cultura e Recreio dos Arados (ADCRA) enfrenta dificuldades em concluir as obras da sua sede, que se arrastam há mais de ano e meio. A direcção, que tomou posse em Março de 2023, gostava de ter mais apoio por parte da Câmara de Benavente, para permitir o avanço dos trabalhos e o pleno funcionamento da associação.
“Quando tomámos posse, no mês seguinte a sede entrou em obras, cujo prazo de conclusão era de quatro meses. Vamos acabar este mandato e as obras ainda não estão concluídas”, lamenta o presidente da ADCRA, Vítor Urbano. As obras, que visam melhorias ao nível da segurança, estão por concretizar, impedindo a realização de actividades na sede. “Durante este ano e meio não usufruímos de um único cêntimo”, denuncia o dirigente associativo, explicando que a falta de condições de segurança tem impedido o aluguer do espaço, uma fonte de receita essencial para a associação, a potenciais interessados que têm questionado essa disponibilidade à colectividade.
O presidente da ADCRA explica que, após o edifício ter sido pintado, a vistoria feita por arquitectos e elementos de segurança identificou a necessidade de se criar uma saída de emergência e de alterar as portas, que devem abrir para fora. “Quando pensávamos que tudo estava resolvido, acabou por não estar. Isto é a chamada obra de Santa Engrácia”, desabafa Vítor Urbano, acrescentando que já não sabe o que dizer à comunidade, que frequentemente questiona sobre a reabertura da sede.
O presidente da colectividade apela a uma maior comparticipação do município. “Temos uma câmara muito rica, mas que deixa de o ser em tradições. Se não tivermos a ajuda da câmara, será muito difícil manter vivas as nossas tradições. Acho que a câmara devia comparticipar mais e ser mais célere na resolução dos nossos problemas”. Vítor Urbano sublinha ainda a dificuldade em obter autorizações e licenças necessárias para a realização das festas e eventos. “Temos muita dificuldade em obter os papéis e não havia necessidade”, critica, destacando a importância do associativismo para a preservação das tradições locais.
Resumidamente, Vítor Urbano questiona se “os cerca de 50 a 60 mil euros necessários para concretizar e concluir as obras farão realmente diferença no orçamento da Câmara de Benavente, que transitou de 2023 para 2024 com um saldo de 8 milhões de euros. Nós também estamos a ajudar a comunidade, isto não é para nós, é para as nossas tradições e para o enriquecimento cultural do município”.

Aposta recente no futsal e ringue coberto a longo prazo
Além das actividades culturais e recreativas, a ADCRA tem apostado no desporto. José Reis, responsável pela área desportiva da associação, explica que foi criada uma equipa de futsal que vai competir, esta época, no Campeonato Amador de Futsal do Ribatejo (CAF). “Angariámos patrocínios e esperamos também algum apoio da câmara municipal, como foi prometido”, afirma o dirigente.
A associação ambiciona, a médio/longo prazo, colocar uma cobertura no ringue existente, que já possui balneários, para permitir a realização de torneios e treinos sem depender das condições climatéricas. Com o apoio da Junta de Freguesia de Samora Correia estará para breve a instalação de cestos de basquetebol no espaço desportivo.
A direcção da ADCRA é composta por 15 elementos, contando esporadicamente com a ajuda de familiares e amigos, num total de não mais de 20 pessoas envolvidas. “Vamos tentando motivar-nos uns aos outros para que a associação cresça”, afirma Vítor Urbano, destacando que “é preciso manter as tradições vivas”, conclui.
A associação, fundada em 2 de Outubro de 1999, teve em Maximino de Sousa Ferreira um dos sócios-fundadores, cuja preocupação assentava no desenvolvimento dos Arados. O primeiro presidente foi Domingos Pereira Pepino, dirigente associativo ligado à SFUS. A construção da sede, inaugurada em 25 de Abril de 2013, surge pela mão do então presidente Manuel Ribeiro de Oliveira, cujo nome foi atribuído ao salão da colectividade situada na Estrada dos Arados. A casa da associação possui um salão para actividades apoiado por uma cozinha, assim como um ringue exterior com balneários e uma zona de bar.

Reforçar tradições na festa anual

A vice-presidente da ADCRA, Marisa de Sousa, destaca o esforço da direcção em manter vivas as tradições da localidade, com especial enfoque na festa anual em honra de São João Baptista, padroeiro dos Arados. “Em 2023, realizámos a festa com procissão, vacada e a prova do Boi da Guia. Introduzimos também uma inovação com a passagem do toiro pela Estrada dos Arados”, explica a dirigente. Para 2024, a associação pretende continuar a melhorar o evento, apostando em artistas que atraiam ainda mais público.
A ADCRA tem também promovido outras actividades, como as comemorações do 25 de Abril, incluindo a caminhada da liberdade e as feiras da bagageira, que visam atrair pessoas à localidade e dinamizar a convivência na comunidade. “Queremos que os Arados sejam um local de encontro e que as pessoas da comunidade possam conviver com outras”, afirma Marisa de Sousa, sublinhando também a importância de uma rede de vizinhança, especialmente casais jovens que possam apoiar a população mais idosa.

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