Vespomania da Sandoeira tem mais de 20 anos em Ourém e o presidente de sempre
Associação da Sandoeira, em Ourém, existe há mais de duas décadas, conta com cerca de 80 sócios e um presidente que está no cargo desde o início. Os dirigentes estão cansados mas não encontram quem queira conduzir a colectividade.
A associação Vespomania nasceu na aldeia de Sandoeira, em Ourém, há 21 anos e tem o mesmo presidente desde a fundação, sinal da dificuldade em encontrar quem queira dar parte do seu tempo ao associativismo. O MIRANTE falou com o presidente, João Santos, e mais dois elementos da direcção da associação, que, apesar do enorme gosto que têm pelas emblemáticas motas Vespa e do orgulho que sentem pelo trabalho realizado, já começam a sentir algum cansaço e a necessidade de passar o testemunho. Lamentam também a falta de interesse dos mais jovens e a pouca colaboração dos sócios nas actividades.
A Vespomania nasceu a 3 de Maio de 2003, criada por quatro amigos. Com cada vez menos actividades e uma direcção que assume já estar cansada, a colectividade continua na luta para não fechar. O MIRANTE visitou a sede da associação, na antiga escola primária da aldeia, e falou com o presidente, João Santos, e mais dois elementos da direcção, Luís Sá e João Chaves. Os três partilham a enorme paixão que sentem pelas vespas e as muitas histórias que já viveram na associação.
João Santos, 63 anos, tem uma empresa de construção, cresceu na aldeia de Sandoeira onde se mantém até hoje. Foi o criador da Vespomania, mantendo-se no cargo de presidente. Conta que o seu gosto pelas motas italianas surgiu porque tinha um irmão mais velho que andava sempre a dizer que um dia tinha que comprar uma Vespa. O irmão acabou por falecer sem realizar o desejo, e então João Santos decidiu comprar uma Vespa em sua homenagem.
O gosto por esses veículos de duas rodas foi crescendo e juntamente com três amigos decidiram fundar a associação. No início organizavam actividades todas as semanas, mas hoje já não é assim. Existem apenas algumas actividades anuais, maioritariamente passeios. A associação é sócia da Vespa Clube de Portugal, o que permite ao grupo participar também em concentrações a nível nacional. “Nos nossos passeios temos uma parte que é lúdica e uma parte cultural, vamos sempre visitando os sítios por onde passamos”, revelou.
“Ninguém quer assumir o cargo”
Apesar do orgulho que sente pela história da associação, João Santos admite que está a começar a ficar cansado. “Já são muitos anos e estou a ver que ninguém quer assumir o cargo”, afirma a O MIRANTE. “Não há sócios a entrar, isto é um veículo que os jovens pouco pegam, antes querem andar nas motorizadas ou carros, os velhos já estão cansados e os novos não andam”, lamenta.
A mesma opinião é partilhada por João Chaves, 62 anos, empresário. É de Lisboa, mas está a viver na aldeia há 17 anos. Começou a andar de mota aos 18 anos e garante que já tem umas centenas de milhares de quilómetros percorridos. “Hoje tenho o melhor veículo do mundo porque é o que anda mais devagar e, se cair, pelo menos não me aleijo tanto”, diz entre gargalhadas. Foi convidado a entrar na associação e actualmente faz parte da direcção. “Esta associação sobrevive, tal como a maioria delas, do bairrismo. Há meia dúzia de ‘cotas’ que ainda não perderam efectivamente a esperança de que comece a surgir sangue novo para dar continuidade”, explica.
Luís Sá tem 63 anos e é o secretário da associação. Trabalha como pintor de móveis e também é de Lisboa, estando actualmente a morar em Ourém. Comprou uma Vespa por acaso, quando um dos seus carros avariou, apareceu na aldeia de Vespa e rapidamente foi convidado para fazer parte da associação. Refere que gosta da pacatez da aldeia, mas também sente saudades da agitação de Lisboa, continuando a visitar a capital com frequência.
Aldeia de Sandoeira tem cerca de 300 habitantes
O MIRANTE aproveitou para conhecer a aldeia de Sandoeira, localizada na União de Freguesias de Rio de Couros e Casal dos Bernardos, concelho de Ourém. Com cerca de 300 habitantes, a aldeia tem uma mesa de voto nas eleições. Conta com duas associações, sendo que uma delas é a Vespomania. Tinha uma escola primária que fechou, servindo agora de sede às duas associações. É uma aldeia pacata, crianças tem muito poucas, jovens ainda há alguns, mas estão empregados em Lisboa ou noutras localidades, visitando a aldeia aos fins-de-semana. A aldeia tem minimercado, uma capela, e farmácia a um quilómetro, os habitantes assumem que estão bem servidos com o básico.