“Enquanto houver pessoas como nós, a cultura em Alenquer não vai morrer”
A Gerábriga - Associação Cultural mostra como a dedicação à cultura pode transformar comunidades e aproximar pessoas de diferentes gerações e origens. Fundada em Alenquer por quatro mulheres e um pintor com uma paixão comum pelas artes, a associação tem desempenhado um papel importante no panorama cultural da região.
A Gerábriga - Associação Cultural foi fundada há sete anos em Alenquer por um grupo de entusiastas da cultura e tem tido um papel relevante na promoção e divulgação das artes, da literatura e da cultura. Na génese da associação estão quatro mulheres - Rosa Sampaio, Natália Pancadas, Madalena Andrade e Joaquina Raimundo - juntamente com o pintor João Mário, uma referência cultural de Alenquer. O quinteto constitui o núcleo duro de uma associação que se destaca pela paixão e compromisso com a cultura local e nacional.
Com cerca de 50 associados, a Gerábriga é uma “família literária” respeitada e admirada, diz a O MIRANTE Joaquina Raimundo, confessando que o segredo para o sucesso da colectividade é a humildade, dedicação e a forte ligação entre os seus membros. “Somos um grupo de pessoas que tem o gosto pela cultura, sensibilidade e inspiração poética, o amor à literatura e o desejo de incrementar e divulgar a cultura em geral”, revela.
A associação orgulha-se de ter um papel central na vida cultural de Alenquer e da região, promovendo diversas iniciativas que têm atraído artistas locais e de outros pontos do país. Joaquina Raimundo já pertenceu a uma outra associação de Vila Franca de Xira com um propósito semelhante, a Palavra Cantada, que O MIRANTE também já deu a conhecer. Em Alenquer foi desafiada a replicar o modelo, já que a única associação do género que existia focava-se na área histórica e as dirigentes asseguram que há muito talento artístico em Alenquer que precisa de ser potenciado e reconhecido.
Levar a literatura aos lares de idosos
Entre as actividades desenvolvidas destacam-se tertúlias poéticas, encontros nacionais de poetas e escritores, concursos literários e a publicação de antologias, entre outras. Uma das vertentes mais emocionais do trabalho da Gerábriga é o voluntariado literário que as suas dinamizadoras realizam nos tempos livres em lares geriátricos, onde os associados levam a palavra dita e escrita às pessoas mais velhas.
Ao longo dos sete anos de actividade, a Gerábriga já homenageou e distinguiu quatro dezenas de figuras da terra, que ao longo da vida deixaram obra de relevo ou que no ano em curso se destacaram em algumas áreas, da música à literatura, dança, pintura e desporto. “Há muito talento na rua que deve ser acarinhado e premiado”, diz Joaquina Raimundo. A Gerábriga também apoia a publicação de livros de novos autores.
Um dos tesouros da Gerábriga é o museu do mestre João Mário, que, com 92 anos, é um guardião de obras de artistas de todo o mundo e é, ele próprio, um dos pintores mais reconhecidos de Alenquer. Embora pouco divulgado, o seu museu é uma preciosidade que merece ser mais conhecido e visitado, apelam as dirigentes.
Encontro nacional de poetas este mês
A Gerábriga também procura envolver os jovens nas suas actividades, incentivando-os a descobrir o gosto pela literatura e as artes para poder assegurar a continuidade da associação. “Enquanto houver pessoas como nós a cultura nunca irá morrer. Esta associação é para continuar e não pode morrer connosco. Já tem a nossa pegada. Sem a Gerábriga, o concelho seria culturalmente muito mais pobre. E no futuro vamos até onde os sonhos nos levarem”, referem as dirigentes.
A associação é um espaço aberto a todos os que desejam contribuir para o enriquecimento cultural e em breve acolherá o seu próximo grande evento, um Encontro Nacional de Poetas e Escritores, onde mais de 120 participantes irão reunir-se no museu João Mário para celebrar a poesia, a literatura e a arte.
O MIRANTE e a cultura
Em entrevista ao nosso jornal, os dirigentes da Gerábriga elogiam o papel de O MIRANTE na divulgação da cultura e das colectividades que fazem mexer a actividade cultural da região. “Admiro muito O MIRANTE e o seu trabalho. Até tinha pena do jornal não nos conhecer como associação e de não fazer trabalho em Alenquer. Fico muito feliz por terem chegado a Alenquer. Sempre o desejei. A cultura tem de ser apoiada e o vosso jornal sempre fez muito pela cultura da nossa região”, elogia Joaquina Raimundo.