Cultura | 28-10-2024 10:00

Cortejo das Vindimas em Vila Chã de Ourique é uma tradição com meio século

Cortejo das Vindimas em Vila Chã de Ourique é uma tradição com meio século
Crianças foram envolvidas no cortejo das Vindimas

O MIRANTE acompanhou o cortejo das vindimas em Vila Chã de Ourique, no concelho do Cartaxo. Centenas de pessoas aguardaram a passagem dos carros alegóricos pelo emblemático Largo da Memória, onde o vinho foi benzido.

O cortejo das vindimas realiza-se há meio século em Vila Chã de Ourique. Inserido na Festa das Vindimas, contou este ano com mais de duas dezenas de carros alegóricos e as crianças também foram envolvidas, o que mostra que a tradição se mantém viva. A organização coube ao Grupo Columbófilo e a festa começou com um mercado à moda antiga, culminando num desfile e a bênção do vinho pelo padre Miguel Ângelo. “A adiafa de um ano de labuta”, descreve o presidente da junta de freguesia, Vasco Casimiro, que seguiu na Taberna do Bacalhau, do agricultor João Bacalhau, com o presidente da Câmara do Cartaxo, João Heitor, que animava o público no Largo da Memória a tocar cana rachada.
Atrás da Taberna do Bacalhau seguia o burro que puxava a carroça dos amigos Francisco Figueiras, 68 anos, e Ricardo Almeida, 40 anos, o último de Fazendas de Almeirim. Participam juntos há cinco anos e conheceram-se quando trabalhavam na Sonae em Santarém, nas carnes. Ricardo Almeida, dono do burro e criador de animais, tem 12 hectares de vinha, seis são trabalhados à antiga por sete homens e seis à máquina, mas a vindima já não é o que era. “Antes acartava-se com as mulas do meu avô que tinha uma pequena adega. Hoje não compensa fazer o vinho em casa”, diz.
Francisco Figueiras, que representava o apontador, figura que apontava quem ia trabalhar para o campo, vindimou pela primeira vez aos 16 anos. Trabalhou ainda no matadouro de Vila Franca de Xira e Cartaxo e quando os pais faleceram a vinha ficou ao abandono por falta de tempo. “Passei muito, mas não tenho pena do que passei. Tenho orgulho, apesar do sofrimento. Os miúdos de agora não dão valor ao que passámos”, desabafa. Há uma década uma vizinha pediu para cuidar da sua vinha e prontamente aceitou. “Foi uma boa recordação, nem olhei para trás”, afirma notoriamente feliz, revelando que o São Martinho é a altura de provar o vinho produzido em meio hectare. Faz a vindima com a esposa, a sogra e cunhados e a tarefa de que mais gosta é a poda.
Ricardo Almeida é sócio da Adega Cooperativa de Gouxa, em Alpiarça, e é para lá que envia as suas uvas para obter o néctar. Anda duas semanas a vindimar e a esposa também ajuda. Recorda quando pisava as uvas de calções, os almoços e quando vindimava à chuva. “Hoje às 16h00/17h00 cada um vai para casa porque está calor”, refere.

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