Cultura | 17-11-2024 21:00

Filarmónica de Pontével precisa de músicos emprestados para actuar

Filarmónica de Pontével precisa de músicos emprestados para actuar
Em ano de tudo ou nada, a Sociedade Filarmónica Incrível Pontevelense aposta as fichas todas na escola de música para garantir continuidade da banda

A Sociedade Filarmónica Incrível Pontevelense esteve perto de cessar actividade antes de completar 120 anos e debate-se com a falta de músicos. Aos 71 anos, e a pensar na escola de música que tem a funcionar, José António voltou a assumir a direcção da colectividade. Chamou o maestro Edgar Nogueira de volta a casa e até já há um projecto para levar a música aos jardins-de-infância.

A Sociedade Filarmónica Incrível Pontevelense esteve perto de encerrar um capítulo de 120 anos durante o corrente ano. José António, 71 anos, voltou atrás com a palavra e assumiu novamente a presidência da direcção da colectividade mais antiga da freguesia de Pontével, no concelho do Cartaxo. Uma decisão tomada a pensar na dezena e meia de alunos da escola de música, admite a O MIRANTE. A maioria dos dirigentes manteve-se e o maestro Edgar Nogueira regressou a casa para dirigir a banda, que actualmente se confronta com falta de músicos e tem de recorrer a músicos de outras bandas para completar o elenco quando há actuações o que, aliás, acontece com outras bandas.
José António, 71 anos, natural de Lisboa, mas a viver em Pontével desde que casou há mais de quatro décadas, está há cerca de 30 anos na colectividade e o gosto pela música começou num grupo de baile que existiu em Aveiras de Cima, o Antecipação, onde tocou viola baixo durante 15 anos. O seu primeiro cargo na filarmónica foi de secretário da mesa da assembleia-geral. Depois foi presidente da direcção 10 anos, regressou à mesa da assembleia e desde 2018 que é presidente da direcção “por necessidade”.
Garante que neste ano de “tudo ou nada”, em que andaram quatro meses para arranjar uma direcção, a filarmónica está a apostar as “fichas todas” na escola de música para garantir a continuidade da banda, para onde não entravam músicos há vários anos. As crianças podem entrar para a escola de música a partir dos oito anos e a quota é de 10 euros, que não chega para cobrir os gastos com professores. Têm formação musical com o maestro e a aprendizagem do instrumento, que pode ser saxofone, clarinete, flauta ou trompete, com os professores.
A escola de música tem vindo a crescer, mas ainda não o suficiente para garantir o rejuvenescimento da banda. José António afirma que “não há o cultivar de aprender música” e já há um projecto com a associação de pais do agrupamento de escolas para tentar reverter a situação. A ideia é chegar às cerca de 140 crianças dos jardins-de-infância da zona uma vez por semana no âmbito do Centro de Actividades de Tempos Livres, para que se sintam cativados a ir para a escola de música. O projecto está em fase de discussão de como irá ser financiado, uma vez que consideram fazer sentido ser um professor da filarmónica a dar as aulas.
A banda tem agendado um concerto de Ano Novo no Centro Cultural do Cartaxo, com o Coro de Santo Amaro de Oeiras. Possui também um grupo de animação de rua, os “Besouros”, que vai ajudando a colectividade com receitas extra, dado que as despesas mensais ascendem aos mil euros.

O maestro que veio da Marinha
Edgar Nogueira, 54 anos, dirigiu a banda de Pontével há cerca de 18 anos e substitui recentemente o maestro João Guerra. Todas as semanas, à quinta-feira, ensaia os 17 ou 18 músicos da banda de Pontével - que em tempos chegaram a ser 40 -, acabando por ter de recorrer a músicos de Aveiras de Cima, Ereira e Lapa para as actuações. O maestro afirma que a banda para ter um espectáculo minimamente credível tem de ter no mínimo 34 músicos. “Com menos que isso é possível fazer qualquer coisa, mas o impacto sonoro não é o mesmo e as obras que tocamos são escritas para um determinado número de pessoas”, diz.
No que respeita às festas, o maestro considera que as comissões não valorizam o trabalho das filarmónicas. “Mais facilmente dão cinco ou dez mil euros a um grupo qualquer de qualidade discutível” e “deviam perceber que têm responsabilidade social”. Explica que existiu uma associação de bandas que se juntava e defendia os interesses das bandas e que actualmente “está cada qual para seu lado” numa espécie de guerra aberta para ver “quem faz a festa daqui ou de acolá por meia dúzia de tostões”, já que não há ninguém a regulamentar os preços e a estabelecer um preço mínimo.
Edgar Nogueira foi contrabaixista na banda da Marinha e será chefe de recursos humanos no Instituto de Acção Social das Forças Armadas até Fevereiro de 2025, quando termina a carreira militar após 36 anos de serviço. Já passou por bandas de Vila Franca de Xira, Aveiras de Baixo, Meia Via, Sertã, Olhalvo e dirige a Banda Municipal de Oeiras.
Natural de Angola, viveu a infância em Vila Franca de Xira e foi estudar para Lisboa para Belas Artes. Comprou casa em Cascais, onde reside, tem formação de conservatório e 17 cursos de direcção, com experiência no estrangeiro. Chato, teimoso e exigente, é assim que se define. Finda a carreira militar, quer pegar no seu barco e viajar pelo mundo, mas por enquanto o foco ainda está na música.

Os corpos sociais Filarmónica Pontevelense

Os corpos sociais da SFIP para o biénio 2024/2025 são: José António Sobreira como presidente da direcção; José António Silva vice-presidente; João Lopes tesoureiro; Nuno Azevedo primeiro secretário; Catarina Barra segundo secretário; José Ribeiro primeiro vogal; e Pedro Coito segundo vogal. Na mesa da assembleia-geral estão o presidente Mário Silva, o primeiro secretário Fernando Amorim e o segundo secretário Marco Chagas. Caetano Vieira é o presidente do conselho fiscal, Pedro Sobreira o secretário e António Ferreira o relator.

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