O grande desafio da Sociedade Recreativa Pro-Casais de Revelhos é ligar os jovens à colectividade
A Sociedade Recreativa Pro-Casais de Revelhos apoia e promove actividades culturais e desportivas, de modo a manter activa a população da aldeia. Trabalhar para as pessoas é a principal motivação que o presidente Nelson Matos aponta para dedicar 30 anos da sua vida ao associativismo numa colectividade com 82 anos e que quer continuar ao serviço da comunidade.
A Sociedade Recreativa Pro-Casais de Revelhos completou 82 anos este mês e o seu principal papel é promover actividades culturais e desportivas junto da população da aldeia vizinha da cidade de Abrantes e manter os seus residentes activos. Nelson Matos, presidente da associação, conversou com O MIRANTE a propósito do aniversário da colectividade e explica que, a principal missão é trabalhar para as pessoas, contribuindo para o seu bem-estar.
Nelson Matos é natural de Casais de Revelhos e pertence à associação há 30 anos, tendo sido presidente, pela primeira vez, aos 23 anos. O que o motiva é o reconhecimento das pessoas e contribuir para o desenvolvimento da localidade. A associação, que conta com 150 sócios, tem realizado, em média, uma actividade por mês. O presidente recorda um período em que a sociedade chegou a estar quatro anos sem actividades. A principal atracção é a Festa de Agosto, realizada no segundo fim-de-semana do mês, em que a associação dedica quatro dias de trabalho ao evento. “É desgastante. Mas acaba por valer a pena no fim, porque é o nosso maior evento e conseguimos animar muito a aldeia nesse fim-de-semana. É o principal ponto de atracção na medida em que também traz pessoas de fora, a conhecer a aldeia”, diz Nelson Matos com um sorriso.
Ter ideias de eventos para atrair jovens
Segundo o presidente da associação, as dificuldades surgem com a evolução dos tempos e mudanças na sociedade, sendo fundamental haver um espírito pró-activo, que permita reinventar e adaptar aos novos tempos. “Antigamente, havia um espírito de união e bairrismo maior. As pessoas juntavam-se mais e havia maior oferta de eventos. Hoje, para mim, a principal dificuldade é conseguir ligar os jovens à sociedade. Gostava que houvesse mais, mas infelizmente ficam muito tempo em casa, ligados a tecnologias e sem vontade de disponibilizar do seu tempo para se envolver. Estamos sempre abertos a recebê-los e ouvir as suas necessidades, mas o grande desafio tem mesmo sido chegar a eles e conseguir ter ideias de eventos que os atraiam”, lamenta.
Os apoios autárquicos são fundamentais, mas Nelson Matos encara-os com muita responsabilidade. “Não é um financiamento. É um subsídio que temos ao dispor e que temos de usar para mostrar trabalho e colocar ao serviço das pessoas. É um desafio para fazermos mais e melhor em prol da comunidade. Por muito pequenos que, por vezes, os eventos sejam, vamos conseguindo manter a aldeia viva”, afirma.
Além do almoço para sócios, no âmbito do 82º aniversário, realizado a 10 de Novembro, ainda este mês a sociedade conta com um evento de homenagens aos antigos combatentes do Ultramar, a 23 de Novembro, e um mercadinho na sua sede, no dia 17, onde os produtores locais puderam expor, vender e partilhar produtos das suas hortas. Workshops de costura, de inglês, sessões de esclarecimentos sobre assaltos, juntamente com a PSP e sobre queimadas, assim como noites de fados e jantares temáticos, são outras actividades que a associação tem proporcionado. O único grupo cultural activo é o grupo de cavaquinhos que conta, actualmente, com 15 membros. O Encontro Anual de Tractores Agrícolas, realizado há 12 anos seguidos, é outra das principais actividades promovidas pela associação e que junta mais de uma centena de máquinas agrícolas.
Nelson Matos realça a importância das associações, principalmente em freguesias do interior, onde grande parte da população é idosa, tendo também um papel de intervenção social. “Há muita população que precisa de acompanhamento ou que sejam identificadas determinadas situações. Ajudamos no que podemos, como já foi o caso, de fazer eventos de beneficência para determinadas pessoas e estamos sempre em contacto e colaboração com a junta de freguesia para identificar essas situações”, explica.
Associativismo tem de ser sentido e não explicado
Nelson Matos participou, pela primeira vez, na organização de um evento pela Sociedade Recrativa Pro-Casais de Revelhos, quando tinha 15 anos. Aos 16 fez-se sócio, tendo entrado para os quadros dirigentes aos 18. Neto de um dos fundadores da associação, afirma que sempre se disponibilizou para ajudar na realização de actividades e esteve sempre envolvido na associação, nas modalidades do futebol e do rancho folclórico.
Hoje, aos 48 anos, diz que não é fácil explicar o porquê de ter entrado e continuar. “Está no sangue. Não consigo estar em casa se posso dar um pouco do meu tempo aos outros e ajudar para dinamizar a freguesia onde nasci e proporcionar bons momentos às suas gentes, mesmo que por vezes acabe por ter de tirar tempo à família”, diz com um sorriso.
Mesmo na Festa de Agosto, com toda a organização e exigência de preparação do evento, afirma que o verdadeiro prazer está em desfrutá-la enquanto parte da organização. “São quatro ou cinco dias de muito trabalho e nem tudo corre bem sempre. Já estive no outro lado, apenas como visitante. Mas o que me dá, verdadeiramente, gosto é estar na organização, envolver-me desde início ao fim e o sentimento é completamente, diferente e enriquecedor. Assim é que me divirto”, remata.