Círculo Cultural Scalabitano entrega espólio a Arquivo Distrital
Protocolo assinado no dia 17 de Novembro garantiu a salvaguarda e acesso público a documentos que registam quase um século de movimentos culturais e sociais em Santarém.
O Teatro Taborda, em Santarém, foi palco da assinatura de um protocolo entre o Círculo Cultural Scalabitano (CCS) e o Arquivo Distrital de Santarém com o objectivo de preservar a história local. A iniciativa, promovida pelo Departamento Biblioteca Guilherme de Azevedo e o Arquivo Histórico do CCS, visou transferir grande parte do acervo histórico da associação para o Arquivo Distrital, garantindo a segurança e o acesso público a um espólio que testemunha quase um século de actividades culturais e sociais em Santarém.
Vítor Murta da Silva, presidente do CCS, alegou que o protocolo assinado representa um marco na trajectória da associação. Ressaltou que o acervo histórico representa quase 100 anos de história e vai estar acessível a todos que desejarem estudar e conhecer mais sobre o desenvolvimento cultural e social de Santarém. “É um momento muito especial para o CCS, porque este acervo passa a estar disponível para consulta pública, oferecendo a oportunidade de explorar as personalidades e informação que construíram a identidade da nossa cidade”.
Luísa Barbosa, coordenadora do CCS, destacou a importância do arquivo para a cidade e para as futuras gerações. Afirmou que o acervo do Círculo Cultural Scalabitano inclui documentos e registos que retratam os movimentos sociais e culturais que moldaram Santarém ao longo do século XX. “O espólio é um testemunho das contribuições de diversas personalidades, tanto locais quanto nacionais, que passaram pela associação e contribuíram para a cena cultural da cidade. É uma riqueza enorme, porque estamos a falar de documentos que registam a passagem de pessoas notáveis, ligadas a diferentes áreas da sociedade e com diferentes visões, mas que tinham um objectivo comum: promover a cultura”, disse.
Sobre a importância da preservação arquivística, Leonor Lopes, directora do Arquivo Distrital de Santarém, mencionou alguns dos desafios enfrentados ao longo dos anos para manter o acervo preservado. Destacou que, embora o acervo seja extremamente valioso, a associação lida com factores de risco como limitações financeiras e com a falta de sensibilização entre os próprios associados quanto à importância da preservação. Entre os desafios, mencionou o risco de acesso não autorizado e a falta de recursos para realizar o tratamento adequado dos documentos. “Espero que, com o protocolo, a preservação deste espólio seja mais segura e profissionalizada, assegurando a sua permanência para o futuro”, rematou.
20 mil associações culturais em Portugal
Pedro Penteado, director de Serviços de Arquivística e Normalização da Direcção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), discursou sobre a importância da parceria entre o CCS e o Arquivo Distrital no contexto da estratégia nacional de preservação de arquivos de associações culturais, recreativas e desportivas. Revelou que, actualmente, existem cerca de 20 mil associações culturais e recreativas em Portugal, o que representa 46% do chamado “terceiro sector” da sociedade. Para a DGLAB, o desafio de preservar a memória destas associações é fundamental para garantir que o envolvimento das comunidades em actividades culturais e recreativas não seja esquecido. “Melhorar os arquivos desde a produção para garantir a sua disponibilidade para as associações e para a comunidade é para nós um lema”, acrescentou.