Parques de autocaravanas em Coruche continuam abertos mas sem modelo de gestão
O autocaravanismo em Coruche, assim como noutras localidades do país, tem suscitado debate sobre a gestão e utilização dos parques destinados a este tipo de turismo.
O autocaravanismo em Coruche, assim como noutras localidades do país, tem suscitado debate sobre a gestão e utilização dos parques destinados a este tipo de turismo. Os municípios do Alentejo e do Ribatejo defendem a necessidade de se escolher um modelo de gestão adaptado aos utilizadores, ainda que salvaguardando a regulação necessária para equilibrar a atractividade turística com a organização dos espaços para esses veículos.
Carlos Peseiro (CDU), vereador da Câmara de Coruche, lançou o tema na mais recente reunião do executivo e apontou críticas à utilização do parque de feiras e mercados, onde as caravanas permanecem muitas vezes sem controlo ou cobrança. “As pessoas ficam revoltadas ao ver que a maior parte dos autocaravanistas usufrui do espaço sem contrapartidas”, revela.
O presidente da câmara, Francisco Oliveira (PS), respondeu referindo que o concelho conta com duas áreas de serviço para autocaravanismo (ASAS), na Erra e em Coruche, cuja gestão enfrenta diferentes desafios. A começar pelo software destinado à gestão dos parques, o qual tem sido alvo de críticas dos autocaravanistas. Este modelo exige um registo prévio e marcação de lugar, ou seja, várias exigências que, além de dificultar o acesso, contraria o espírito de liberdade associado a este público. “Os autocaravanistas não querem informar para onde vão, com quem estão ou onde ficarão”, salienta o presidente.
Várias alternativas têm sido apresentadas por empresas internacionais, incluindo, num dos casos, a possibilidade de implementar um sistema semelhante ao de parques de estacionamento dos centros comerciais, que permite a entrada e saída mediante pagamento, colocando de lado o preenchimento de dados e outros processos burocráticos. Contudo, esta mudança implicaria novo investimento na ordem dos 10 mil euros, revelou o autarca, assim como outras alterações significativas na infraestrutura.
Recorde-se que a Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo está a avaliar e a desenvolver um novo modelo de gestão para as áreas de serviço de autocaravanismo, devido a constrangimentos na plataforma de promoção e reservas. O presidente da ERT, José Manuel Santos, já havia referido, no Verão, que algumas áreas têm funcionado bem, mas que outras enfrentam dificuldades com o sistema de reservas. Um problema que tem deixado o número de utilizadores abaixo das expectativas.
Em cima da mesa está a possibilidade de simplificar procedimentos e permitir que cada câmara municipal escolha o modelo de gestão que melhor se adequa às suas necessidades. Na actualidade, Coruche, segundo o seu presidente, tem deixado os seus parques de autocaravanismo de acesso livre, à semelhança do que sucede noutros pontos do país. “Todas as áreas de serviço que existem no Alentejo e no Ribatejo estão todas de portas abertas, à excepção de duas que têm dois modelos diferentes. Foi entendimento dos presidentes das autarquias enquanto não se regularizar uma plataforma acessível, de entradas e saídas dos parques, que as cancelas se mantenham abertas”, explica Francisco Oliveira. No concelho de Coruche são disponibilizados o consumo de água e o despejo das cassetes das autocaravanas, mas o fornecimento de luz permanece desligado.
O autarca indica que deixar o parque aberto tem mais vantagens do que desvantagens, referindo a grande adesão em eventos como a recente assembleia-geral do Clube Autocaravanista Itinerante (CAI), sediado no concelho, que coincidiu num fim-de-semana em que se realizou o evento Sopas de Carne, o que atraiu dezenas de autocaravanas. Embora reconheça os benefícios do autocaravanismo para a economia local – como o caso de turistas que adquiriram propriedades na região –, Francisco Oliveira também alerta para a necessidade de alguns ajustes. “Sou apologista do autocaravanismo, do campismo não”, e explica: “há autocaravanistas que estão a transformar áreas de autocaravanismo em parques de campismo, ficando por períodos prolongados, especialmente na Erra”, uma prática que deve ser regulada.