Cultura | 04-12-2024 21:00

Mariana Sampaio inspira-se na avó Celeste para criar peças de arte em cerâmica

Mariana Sampaio inspira-se na avó Celeste para criar peças de arte em cerâmica
Natural da Golegã, artista plástica Mariana Sampaio elabora peças decorativas. fotoDR

Mariana Sampaio foi criada com a mãe e a avó na vila da Golegã, a capital do cavalo que já inspirou peças de cerâmica criadas por si. Em homenagem às mulheres da sua vida, a artista plástica reinterpretou no barro padrões de croché e criou peças decorativas e utilitárias que correm o mundo.

Mariana Sampaio com a avó Celeste

É com base nos padrões de croché das toalhas de mesa da avó Celeste que Mariana Sampaio, natural da Golegã, produz colecções como a denominada D. Celeste, em homenagem às mulheres da sua vida. Peças decorativas que demoram mais de oito horas a criar devido à sua grelha frágil; ou utilitárias, como pratos, suportes para bolos e bases para panelas. Nascida em 1991, fixou-se em Caldas da Rainha onde estudou Artes Plásticas e abriu o seu estúdio em 2017. O MIRANTE esteve à conversa com a jovem artista plástica com raízes na capital do cavalo.
Desde o infantário que Mariana Sampaio definiu que queria ser artista e professora e já dava sinais de talento e aptidão para trabalhos manuais. Filha única, foi criada com a mãe no andar de cima e a avó Celeste no andar de baixo. Trabalhou na cafetaria da mãe na Golegã aos fins-de-semana, nas férias e na altura do São Martinho. No ano passado participou na Feira Nacional do Cavalo com uma colecção de peças inspiradas no cavalo lusitano.
No período em que estudava na Golegã participou dois anos consecutivos na universidade júnior e esteve na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. O contacto seguinte com o barro foi no primeiro semestre da faculdade na disciplina de Escultura. Mas só depois do mestrado começou a levar a cerâmica mais a sério e fez um curso intensivo de um ano no CENCAL - Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica, em Caldas da Rainha.
O maior desafio tem sido gerir o negócio porque “tem de se ser um pouco de tudo”. Os clientes são desde estrangeiros residentes a estrangeiros turistas e portugueses que acompanham o seu trabalho. Com o crescimento do ateliê contratou uma colaboradora que desempenha as mesmas funções de produzir, dar aulas e gerir. No próximo ano pretende criar uma associação para desenvolver o trabalho de outra forma e dar resposta aos pedidos. Tem aulas regulares para crianças e nos períodos de férias da Páscoa para adolescentes e adultos. Um dos grandes objectivos é não deixar morrer as técnicas tradicionais, valorizar o trabalho manual e elevar a cerâmica a uma “forma de arte” para não ser vista como “um artesanato ou indústria”.

Residência artística em Macau e exposição na Golegã
Até Dezembro está numa residência artística em Macau a convite da Casa de Portugal, a desenvolver duas colecções de azulejo e loiça, uma inspirada na calçada portuguesa em Macau e outra nos padrões têxteis dos PALOP. Numa segunda fase dará formação e no fim da formação tem intenção de aprender as técnicas da porcelana chinesa na China e a técnica kintsugi no Japão, uma técnica que se baseia em reparar fissuras de uma peça cerâmica com ouro.
“Aqui a cultura é bastante apreciada e desenvolvida, tanto a cultura portuguesa como a fusão da portuguesa e da chinesa. E depois estamos a falar de uma cidade com muito dinheiro, as pessoas apreciam naturalmente a arte e querem comprar para ter nas suas casas”, afirma Mariana Sampaio, que já expôs mais vezes no estrangeiro do que em Portugal, tendo nos últimos anos feito residências artísticas nos Estados Unidos, dando formação na área da azulejaria portuguesa.
Recentemente regressou à Golegã para a exposição “Raízes”, continuação de uma outra que tinha feito há cerca de 10 anos sobre monumentos, pessoas e edificações identificativos da vila e das suas freguesias, em que a peça que mais saltou à vista foi a alusiva à Casa-Estúdio Carlos Relvas, pintada em pratos como peças de um puzzle.

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