Inteligência Artificial foi tema na Bienal de Fotografia de VFX
A Inteligência Artificial está a transformar, também, o mundo da fotografia, e os vencedores da Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira revelam a sua opinião sobre a tecnologia aplicada às artes visuais.
A Inteligência Artificial (IA) começa a ganhar terreno no mundo da tecnologia e a fotografia não fica fora deste processo. À margem da Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira, O MIRANTE quis saber junto de quem se formou em fotografia, estuda ou faz dela a sua profissão, de que forma a inteligência artificial ameaça ou complementa o papel do fotógrafo. Ricardo Moita, de 21 anos, de Alverca do Ribatejo, venceu o prémio concelho de VFX com imagens captadas nas instalações da Cimianto. “Vivendo aqui na zona é um edifício que está no meu imaginário desde sempre. Recordo-me vagamente dele ainda a funcionar, mas lembrando-me muito melhor dele já abandonado”, revela. A residir em Vila Nova de Gaia, o fotógrafo e artista visual frequenta a licenciatura de fotografia na Escola Superior de Media Artes e Design. Diz que a inteligência artificial tem que ser vista “como uma ferramenta ao estilo de Photoshop. Ela está cá para nos ajudar, não está para prejudicar ou tirar o trabalho do fotógrafo”, garante. O artista ainda não sentiu necessidade de trabalhar com IA e confessa estar “ainda numa fase muito experimentalista”. Relativamente à dimensão digital que a fotografia assume, Ricardo Moita diz que o facto de “toda a gente ter acesso à fotografia é positivo.
De acordo com o vencedor da Bienal, Alexandre de Magalhães, a inteligência artificial aplicada à fotografia pode servir mais enquanto “ferramenta para ajudar” e “muito menos para atrapalhar”. Aos 41 anos, o professor, que já foi enfermeiro, salienta que “os fotógrafos não vão deixar de o ser por terem os meios facilitados”. Formado no Politécnico de Tomar, onde também dá aulas desde 2016, Alexandre de Magalhães confessa já ter feito “um par de tentativas” em criar fotografias com recurso a esta nova tecnologia. “Fiquei um bocadinho desiludido com as primeiras abordagens, mas a verdade é que de certeza que evoluirá em pouquíssimo tempo. Vou deixar-me surpreender porque não quero excluir essa possibilidade também no meu trabalho”, vinca.
O vencedor da Bienal de VFX, com o trabalho “Cóclea”, reconhece ter ainda “um bom pendor analógico”, justificando que 75% do seu trabalho patente no Celeiro da Patriarcal é analógico, bebendo ainda “dessa escola” à qual atribui “significado”. O premiado sublinha que fotografar o mundo e descobrir coisas ainda não fotografadas “é cada vez mais um desafio”. Para Alexandre de Magalhães o grande trunfo da fotografia ainda está “no contexto, na sugestão e no significado, mais do que a apresentação”.
Pedro Rocha vence prémio Tauromaquia
O fotojornalista Pedro Rocha, que reside em Lisboa, embora tenha vivido em Vila Franca de Xira, conquistou o prémio tauromaquia. Intitulado “Brava”, as fotografias que apresentou na Bienal surgiram após a classificação da tauromaquia como Património Imaterial e Cultural de Interesse Municipal. Neste projecto, o seu objectivo foi contrariar a busca constante pela acção que está associada à profissão, proporcionando uma visão mais pausada, ao focar-se nos momentos que antecedem e sucedem os espectáculos tauromáquicos.
A inauguração decorreu no Celeiro da Patriarcal, a 30 de Novembro, e no espaço estão patentes os 12 projectos candidatos à vertente de prémio. Esta edição da Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira registou 132 candidaturas. O programa curatorial do certame pode ser visto, em vários espaços da localidade até 23 de Março de 2025, com entrada livre.