João Corceiro: um jovem talento da guitarra eléctrica que cumpre o sonho de viver da música
Tem o mesmo apelido que a prima Margarida Corceiro e também trabalha para singrar no mundo das artes, neste caso da música. João Corceiro é um guitarrista de créditos firmados na área do metal e colabora em diversos projectos. O primeiro single do músico e produtor de Santarém já roda nas plataformas digitais e o álbum a solo sai em Janeiro.
O músico de Santarém João Corceiro ainda não tem a fama que a sua prima Margarida Cordeiro já atingiu, mas anda a trabalhar para singrar no mundo artístico com a sua guitarra eléctrica como companhia. O passo mais recente foi a produção, encomendada, de uma versão heavy metal de tributo ao grupo pop Santamaria, que tem somado visualizações nas plataformas digitais. “Foi uma forma brutal de mostrar o que faço”, afirma.
Também recente é o seu primeiro álbum, num projecto designado Lysergic, em que o trabalho foi todo feito a solo – tocou todos instrumentos, cantou, escreveu as letras, fez a captação de som, misturas, estética. Uma obra que ilustra a sua capacidade de criar música sem sair do seu próprio quarto, como sublinha. O álbum, que rotula de conceptual e auto-biográfico, vai ser apresentado a 27 de Janeiro de 2025, com uma festa de lançamento num bar em Santarém. Quem quiser conhecer o primeiro single, basta aceder a plataformas online como youtube ou o spotify e avaliar a actuação ao vivo onde João Corceiro é acompanhado por músicos que conheceu em bandas por onde foi passando.
João Corceiro, 29 anos, nasceu em Beja mas vive em Santarém há 26 anos. Foi na cidade ribatejana que fez todo o ensino básico e secundário e também onde começou tocar guitarra e a estudar música, com o maestro Simões Ribeiro, aos 12 anos. Tocava em média seis horas por dia até à idade adulta. Conta que era quase uma obsessão. Não surpreende por isso que, no ensino superior, tenha optado pelo curso de Música/Guitarra Clássica, no Politécnico de Castelo Branco.
Aos 13 anos recebeu a primeira guitarra eléctrica e aos 14 teve a sua primeira actuação ao vivo com banda, curiosamente na esplanada do Jardim da República onde conversou com O MIRANTE na semana passada. Foi com uma banda de covers (versões de outros artistas) e teve muita gente a assistir. “Foi aí que se acendeu a faísca de que queria viver disto”, conta. E o objectivo foi conseguido há uns anos, não com as digressões e espectáculos com que sonhava, mas sim durante a reclusão forçada pela pandemia de Covid-19. O plano inicial era tocar em várias bandas e ter uma agenda preenchida de concertos. Em 2019, antes de rebentar a pandemia, já começava a vislumbrar que ia conseguir ganhar pelo menos um salário mínimo só a tocar rock e metal.
De repente o mundo fechou-se e João Corceiro deu asas à sua faceta de músico freelancer, colaborando em múltiplos projectos nacionais e internacionais, trabalhando actualmente à distância com uma banda norte-americana. Diz que trabalha sempre em simultâneo com 7 a 10 bandas, que vão variando com os anos. No seu quarto é gravada música metal com muitos destinos e também dá aulas de guitarra online.
João Corceiro toca também em bandas de covers de vários estilos de música, como uma de Santarém, os Prova de Fogo, que corre o país de norte a sul e que nunca actuou nas festas da cidade natal. O que o leva a constatar a falta de oportunidades que tem tido para actuar com projectos seus nas principais festas de Santarém, como as festas da cidade ou a Feira da Agricultura. Tocou este ano duas vezes em concertos na Casa do Campino, uma no Rock da Velha com a banda Allamedah e outra no Cartaxo Sessions com um projecto de Évora. “Foi a primeira vez em cinco anos que actuei com uma banda de originais em Santarém”, conta, sublinhando que já passou por dezenas de bandas, algumas delas relevantes e que já pisaram os principais palcos do país, como o Altice Arena, “e nunca Santarém solicitou algum dos projectos, o que é estranho porque não faltam aí eventos”.
A influência da irmã e a prima famosa
O jovem gosta da chamada música pesada desde a infância, influenciado pela irmã mais velha que lhe deu a ouvir esses sons. Começou pelos Metallica e refere que foi essa banda consagrada que o pôs a tocar guitarra. O guitarrista finlandês Alexi Laiho, falecido em 2020, continua a ser a sua principal inspiração. João Corceiro diz que adora o que faz e quer continuar a fazê-lo ao mais a alto nível, subindo degrau a degrau.
Agradece aos pais por lhe terem proporcionado uma licenciatura e reconhece que por vezes foi necessário “remar contra a maré” para levar avante a sua intenção de viver da música. Confessa que adora morar em Santarém e que a cidade é o local estratégico perfeito para um músico como ele, pois está no centro do país e como tem agenda de norte a sul “é perfeito estar no centro”.
Quanto à prima famosa chamada Margarida Corceiro, modelo e actriz, diz que não há uma relação muito próxima, até pela diferença de idades, embora se vão encontrando episodicamente em jantares de família ou no Natal. “A vida nunca nos cruzou muito, é só isso”, diz, acrescentando, no entanto, que “já era expectável há uns anos que a Magui vingasse dessa forma”.