Cultura | 28-12-2024 15:00

Violino: um instrumento especial que está na moda entre os jovens

Violino: um instrumento especial que está na moda entre os jovens
António Barbosa e Rita Franco são dois dos professores de violino da Orquestra de Cordas do Conservatório Regional Silva Marques de Alhandra

O MIRANTE foi conhecer a Orquestra de Cordas do Conservatório Regional Silva Marques, em Alhandra, e conversar com Rita Franco, professora de violino, sobre os desafios de aprender a tocar um instrumento onde a inteligência artificial não entra. O Dia Internacional do Violino é celebrado a 13 de Dezembro.

No coração de muitos músicos, o violino ocupa um lugar especial e no Conservatório Regional Silva Marques, em Alhandra, há cada vez mais jovens a querer aprender como o tocar e a querer integrar a Orquestra de Cordas da instituição. É, a par com o piano e a guitarra, o instrumento que mais está a captar a atenção dos pais e das crianças no conservatório. “Está na moda”, confirma Rita Franco, professora de violino na instituição há 17 anos. É um instrumento especial quando comparado com os restantes, por conseguir ser muito expressivo, graças à sua corda de arco. “Isso permite uma expressividade muito acentuada que o piano, por exemplo, não tem, como fazer crescendos, minuendos e dinâmicas com alguma facilidade e num som contínuo. E tem o vibrato, um som muito característico do instrumento de corda”, explica a O MIRANTE.
É, também, um instrumento impiedoso, expondo aos primeiros acordes quem não o saiba tocar. “É preciso ter ouvido, o violino precisa de uma afinação delicada, ao detalhe e ao milímetro. Qualquer falha milimétrica é suficiente para se perceber”, avisa a professora. É um instrumento que hoje, considera, pela sua delicadeza, faz falta nos dias tensos e agitados que vivemos.
Foi essa capacidade do violino transmitir emoções com uma riqueza que se assemelha à voz humana - ora sussurrando ora gritando - que o torna especial para a professora, nascida no Funchal. Rita Franco começou a estudar violino aos 9 anos após uma breve experiência com o piano. “A escolha de um instrumento, quando se é jovem, é muitas vezes casual”, confessa. Para ela, a transição para o violino aconteceu naturalmente e, desde então, nunca olhou para trás. Formada pela Academia Nacional Superior de Orquestra e licenciada em Ciências Musicais, dedica-se com paixão ao ensino e à prática do instrumento.
Inteligência artificial não entra
Apesar de vivermos numa era tecnológica, o violino mantém-se relevante e procurado. “É um dos instrumentos mais populares, até mais do que os metais e as madeiras. Está presente em diversos géneros musicais, da música clássica ao folk e ao jazz, e é essencial numa orquestra”, explica. Segundo Rita Franco, a procura por aulas de violino é hoje maior que no passado e ela própria ensina actualmente duas dezenas de alunos.
No entanto, aprender violino continua a ser um desafio à moda antiga. “Não há atalhos. Um robô pode tocar violino, mas a aprendizagem humana é insubstituível. Os alunos têm de praticar, repetir, esforçar-se. É um processo físico e mecânico, igual ao que era há 200 anos”, lembra. Para ela, a inteligência artificial, apesar de revolucionar muitos aspectos da sociedade e da aprendizagem actual, não consegue substituir a dedicação individual necessária para aprender um instrumento musical. E é isso que, para muitos pais e alunos, é valorizado.
A Orquestra de Cordas realiza vários concertos por ano e agrega alunos que estão a aprender o instrumento. “Emociono-me a ouvir violino muitas vezes. Podemos dar as referências de grandes concertos do romantismo, grandiosos, mas na formação de um músico Bach e Mozart são obrigatórios. Um andamento de um concerto de Mozart é obrigatório para entrar em qualquer orquestra. São compositores incontornáveis pela forma como lidaram com o violino e escreveram para ele, pela delicadeza que o músico é obrigado a ter para interpretar de forma cristalina aqueles dois compositores”, refere.

Um instrumento inventado em Itália

A invenção do violino é creditada a Gasparo de Salò, um italiano que viveu entre os anos 1540 e 1609 no norte da Itália. Entre os nomes mais famosos de fabricação de violinos estão Andrea Amati - muitas vezes apontado como o criador do violino moderno, tendo produzido instrumentos com características que se mantêm até hoje - e Antonio Stradivari (1644–1737).

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