Cultura | 06-01-2025 21:00

Pegadas de dinossáurios descobertas há 20 anos em Torres Novas foram agora tornadas públicas

Pegadas de dinossáurios descobertas há 20 anos em Torres Novas foram agora tornadas públicas
Pegadas de dinossáurios descobertas há duas décadas em Torres Novas foram tornadas públicas

Os trilhos de pegadas de dinossáurios localizam-se na antiga Pedreira de Manuel Fernandes, rebaptizada Pedreira do Espanhol, na freguesia de Pedrógão.

Pegadas de dinossáurios com cerca de 168 milhões de anos e descobertas há duas décadas numa pedreira desactivada em Pedrógão, concelho de Torres Novas, foram tornadas públicas no sábado, 28 de Dezembro. A jazida paleontológica, na serra de Aire, foi identificada por João Carvalho, da Sociedade Torrejana de Espeleologia e Arqueologia, e os trilhos de pegadas de dinossáurios localizam-se na antiga Pedreira de Manuel Fernandes, rebaptizada Pedreira do Espanhol.
Os novos trilhos encontram-se dispersos numa área com cerca de 10.800 metros quadrados, num estrato calcário datado do Jurássico Médio. O achado agora divulgado dista, em linha recta, meia dúzia de quilómetros da Pedreira do Galinha, onde, em 4 de Julho de 1994, também João Carvalho descobriu o maior trilho de pegadas de dinossáurios saurópodes do mundo, com 175 milhões de anos, hoje Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios de Ourém – Torres Novas.
A Pedreira do Espanhol encontra-se em fase de limpeza, para reconhecimento do número total de trilhos e pegadas, mas foram já reconhecidas pegadas de saurópodes, de vários tamanhos. João Carvalho, que aguardou pela salvaguarda e protecção das pegadas da Pedreira do Galinha para divulgar esta descoberta, explicou à agência Lusa que a decisão de tornar pública esta descoberta prendeu-se com a inclusão daquele monumento e da Jazida com Pegadas de Dinossáurios de Vale de Meios (Santarém) na lista dos 200 geossítios mais relevantes a nível global. Ambas estão situadas no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros.
Admitindo que este foi um segredo bem guardado, João Carvalho afirmou que a Pedreira do Espanhol estava preservada, pois encontra-se desactivada. “Eu sempre disse, inclusive ao Parque, que quando precisassem um dia, depois eu dava a conhecer outras pegadas”, declarou, assumindo que como a Pedreira do Galinha já está preservada, esta era “a altura certa para incluir estas no geomonumento”.
A necessidade de divulgação da descoberta prendeu-se também com a existência de actividades de todo-o-terreno clandestinas na área. João Carvalho, que realçou ser a actividade industrial das pedreiras a pôr a descoberto estas evidências, desejou que o local seja preservado, defendendo, por exemplo, a criação de um percurso pedestre para ligar este achado ao Monumento Natural Ourém – Torres Novas, à semelhança da existência de outros na zona. Para João Carvalho, “era muito importante deixá-las quase como elas estão”, mas limpar e sinalizar, além de impedir a realização de atividades motorizadas.
A investigadora Vanda Santos, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, antecipou que, embora sem percepção do todo, porque há pegadas cobertas por brita, a descoberta “vai trazer mais informação, complementar”, ao que já se conhece da Pedreira do Galinha ou de Vale de Meios. A paleontóloga, que trabalha com pegadas de dinossáurios nas últimas três décadas, considerou tratar-se também de um desafio para a ciência. “Eu espero, sinceramente, que isto nos traga mais informação”, adiantou Vanda Santos.
Na Pedreira do Galinha existe “um conjunto de 20 trilhos produzidos por dinossáurios”, com marcas de pés e de mãos bem definidas, disse à agência Lusa o biólogo José Alho, antigo coordenador do monumento e responsável pelo programa de intervenção no espaço no final da década de 90.
Um desses trilhos, com 147 metros, é “o mais longo que se conhece produzido por dinossáurios herbívoros e quadrúpedes de pescoço e cauda longos”, explicou José Alho, hoje vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa Vale do Tejo com o pelouro do ambiente.

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