Cultura | 06-01-2025 18:00

Vila Franca de Xira prepara-se para o centenário de Carlos Paredes premiando música instrumental

Vila Franca de Xira prepara-se para o centenário de Carlos Paredes premiando música instrumental
Manuel de Oliveira com Fernando Paulo Ferreira e Carlos Alberto Moniz na entrega do prémio Carlos Paredes

Há mais de duas décadas que Vila Franca de Xira honra a memória e o talento de Carlos Paredes promovendo um dos mais importantes concursos nacionais dedicados a premiar apenas trabalhos musicais em língua portuguesa. Este ano venceram os instrumentais, que os músicos lamentam estar fora da programação das televisões e das rádios.

Os grandes canais de comunicação nacionais, como a televisão e a rádio, deixaram de passar música instrumental portuguesa na sua programação e isso é uma ofensa à inteligência e à cultura dos portugueses, lamentou Manuel de Oliveira, um dos vencedores deste ano do Prémio Carlos Paredes, em Vila Franca de Xira.
Juntamente com Carlos Alberto Moniz, a dupla venceu o prémio este ano, ex-aequo, pelos discos “Por esse mar abaixo” e “Ibéria 20/22”. “A música instrumental portuguesa é um lugar difícil em Portugal. Num país com uma riqueza cultural tão vasta e diversa é difícil de compreender como a musica instrumental continua a ser marginalizada por alguns dos nossos meios de comunicação. Existem canais em Portugal que não difundem a música instrumental como critério de programação, o que é medíocre e é penalizante da cultura e inteligência do público português”, criticou Manuel de Oliveira.
O músico defendeu que a música instrumental portuguesa está ao nível do melhor que se faz por todo o mundo e, agradecendo à câmara municipal por manter vivo um dos poucos prémios nacionais dedicados exclusivamente à música portuguesa, evocou nomes de outros músicos nacionais com obra feita, como Mário Laginha, Pedro Jóia, Rão Kyao, Pedro Caldeira Cabral ou o Lisboa String Trio. “O Carlos Paredes faz 100 anos no próximo ano e agradeço à Câmara de Vila Franca de Xira por manter este prémio vivo. Além da genialidade, ele é um exemplo paradigmático da riqueza e diversidade da música instrumental em Portugal e um exemplo de resiliência artística. A música é a maior partilha afectiva que existe entre a humanidade. E nos dias de hoje é urgente sermos humanos”, apelou.
Carlos Alberto Moniz acenou a cabeça em concordância com o colega e lembrou a sua afinidade com Vila Franca de Xira. “Estou em casa. Costumo andar aqui nas festas do Colete Encarnado e tenho aqui muitos bons amigos. Só temos de agradecer o apoio que têm dado à música portuguesa”, disse.
Em 2025 evocam-se os cem anos do nascimento de Carlos Paredes e Vila Franca de Xira promete não se esquecer da data, estando a analisar como celebrar a data. Uma certeza, prometeu Fernando Paulo Ferreira, presidente do executivo, é que Vila Franca de Xira continuará a entregar o prémio e a manter viva a memória de Carlos Paredes, mantendo o objectivo de vir a ser o principal prémio de música do país, que já é atribuído há 21 anos.
Cada músico recebeu 2.500 euros e apresentou ao vivo algumas das músicas vencedoras na Fábrica das Palavras na tarde de 20 de Dezembro. Carlos Alberto Moniz, que tem sido nos últimos anos júri do prémio, foi ele próprio escolhido como vencedor pelo júri da edição, onde ele não marcou presença mas onde se incluiu José Jorge Letria, representante da Câmara de Vila Franca de Xira, Amélia Muge, em representação da Sociedade Portuguesa de Autores, Pedro Campos, autor e compositor, e Rui Filipe Reis, crítico musical.

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