Cultura | 19-02-2025 18:00

Avô e neto de Tomar tocam gaita-de-foles juntos há 15 anos

Avô e neto de Tomar tocam gaita-de-foles juntos há 15 anos
Júlio Oliveira, 89 anos, e Guilherme Silva, 30 anos

O mais antigo gaiteiro de Tomar ensinou a arte ao neto e agora tocam juntos em diversos eventos, como cortejos, casamentos e peditórios. Júlio Oliveira, 89 anos, começou a tocar gaita de foles há 30 anos. Aprendeu sozinho e nunca mais parou. O neto, Guilherme Silva, aprendeu com o avô e sente um enorme orgulho em acompanhá-lo.

Júlio Oliveira, 89 anos, é o mais antigo gaiteiro de Tomar. Começou a tocar gaita de foles há 30 anos e nunca mais parou. Há 15 anos ensinou a arte ao seu neto, Guilherme Silva, e agora tocam juntos em diversos eventos, como cortejos, casamentos e peditórios. Júlio Oliveira, conhecido em Tomar por “Ti Júlio”, mora na localidade de Brasões, freguesia de Carregueiros. Guilherme Silva, 30 anos, vive entre as cidades de Entroncamento e Tomar.
Em conversa com O MIRANTE na sua casa em Brasões, Júlio Oliveira conta que a sua primeira actuação foi num domingo de Páscoa, a dar a volta à freguesia de Carregueiros. A gaita-de-foles surgiu na sua vida devido à emblemática Festa dos Tabuleiros. Recorda que estava numa assembleia de freguesia, por altura da festa, e que houve um pedido da comissão de festas para que a junta pudesse ajudar de alguma forma na realização do certame. “Até houve quem falasse que não valia a pena, porque a festa tinha tendência para acabar, porque já iam buscar gaiteiros a Coimbra, pois não havia gaiteiros em Tomar. Eu ouvi isto e disse que se me arranjassem uma gaita de foles eu arranjava maneira de pôr um indivíduo a tocar a gaita”, conta.
Foi então que, já com uma gaita-de-foles nas mãos, Júlio Oliveira decidiu chegar-se à frente e testar o instrumento. E assim aprendeu a tocar sozinho. Depois começaram a juntar-se mais pessoas, que também queriam aprender a tocar o instrumento, e assim se formou um grupo de cerca de 9 gaiteiros, todos ensinados por Júlio Oliveira. Começaram a tocar na Festa dos Tabuleiros e passaram a fazer todo o tipo de eventos, como cortejos, casamentos e muitos peditórios.
Júlio Oliveira já participou em seis Festas dos Tabuleiros e é ele que abre os cortejos. Quanto à próxima, diz que não sabe se vai conseguir participar. “É um percurso muito grande a andar e as pernas já começam a doer. Chegamos a fazer actuações de 12 quilómetros, nas saídas de coroas”, refere. O gaiteiro sente uma grande alegria a tocar, mas assume que também é cansativo. Há 15 anos, o neto Guilherme também se juntou ao grupo de gaiteiros, que faz parte do Centro de União e Convívio do Povo dos Brasões e é composto por cinco elementos que tocam gaita-de-foles e tambores.
O mais antigo gaiteiro de Tomar nasceu e cresceu em Brasões, perto da casa onde mora actualmente. Com 15 anos foi trabalhar para Lisboa, depois emigrou para o Brasil com 25 anos, tendo permanecido nesse país durante cinco anos. Voltou para Lisboa, casou e depois, com o nascimento das duas filhas, voltou para Tomar. A nível profissional sempre trabalhou como ladrilhador e pedreiro. Fez parte de vários ranchos folclóricos, em Lisboa, no Brasil e em Tomar. A sua relação com a música começou quando tinha 12 anos. “Um irmão meu deu-me um banjo, comecei a participar em bailes, as pessoas gostavam de me ouvir tocar, ainda fiz parte de um grupo musical em Lisboa”, recorda. Hoje entretém-se na sua horta, a apanhar azeitona e fruta e a tratar da lenha.

Neto sente um grande orgulho por tocar com o avô
Guilherme Silva começou a tocar gaita-de-foles com 15 anos. Aprendeu a tocar com Júlio Oliveira, o seu avô, e começou pela percussão, a tocar tambor. Depois passou para a caixa e finalmente para a gaita. Confessa que gosta muito de tocar gaita-de-foles nas saídas com o grupo e às vezes também com amigos. “Se nos juntamos para tocar música levo a gaita e é uma animação”, conta. Diz ainda que, quando está por casa e tem vontade de tocar, costuma ir para um café próximo da sua habitação para “animar a malta”.
Sobre a gaita-de-foles, diz que o que mais o alicia é ser um instrumento muito social, que junta pessoas. Também já ensinou colegas e amigos a tocar o instrumento, assumindo que quer continuar o legado deixado pelo avô. “Quando toco com o meu avô nos cortejos sinto alegria e orgulho de poder partilhar isto com ele”, afirma. Guilherme Silva recorda que a sua relação com a música começou quando tinha 10 anos, altura em que teve um ano de aulas de guitarra. “Na altura não estava muito empenhado, acabei por desistir, mas depois lá para os 13 anos, quando comecei a apanhar o gosto pelo rock e pelo metal comecei a tocar mais. Hoje em dia ainda toco”, conta.

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