Cultura | 04-03-2025 15:00

Na Alma Flamenca dança-se sem preconceitos e todos podem aprender

Na Alma Flamenca dança-se sem preconceitos e todos podem aprender
Inês Vicente (na foto à direita) fundou o grupo de sevilhanas Alma Flamenca, que hoje ensaia na Casa do Povo de Samora Correia

O Grupo de Sevilhanas Alma Flamenca, da Casa do Povo de Samora Correia, é composto exclusivamente por mulheres. Apesar da abertura à participação masculina, os rapazes continuam a não aparecer, algo que Inês Gaspar Vicente, fundadora e professora do grupo, atribui a um preconceito persistente. A paixão pelo flamenco e pela tradição tauromáquica da região continua a atrair novas bailarinas, que encontram na dança uma forma de expressão e identidade cultural.

O toque do sapateado e a energia a cada rodopio faz de uma das salas da Casa do Povo de Samora Correia o bastião do grupo de sevilhanas Alma Flamenca, que ali encontra a sua sala de ensaio e onde preparou o mais recente espectáculo que assinalou nove anos de existência do colectivo.
Criado em 2016 por Inês Gaspar Vicente, hoje com 25 anos, o grupo nasceu da vontade de um conjunto de amigas em aprender a dançar e tem vindo a crescer e a afirmar-se na região. No entanto, a presença masculina continua ausente, algo que a fundadora atribui a um preconceito enraizado. “Nós bem gostávamos de ter rapazes connosco, mas parece que têm medo. Em Sevilha vemos homens e mulheres a dançar, mas aqui eles não aparecem”, refere Inês Gaspar Vicente, que iniciou o percurso na dança aos quatro anos na própria Casa do Povo. Com rapazes no grupo, como salienta, abrir-se-ia a possibilidade de fazer espectáculos diferentes.
O grupo começou com cinco ou seis elementos e rapidamente conquistou espaço em eventos no concelho, nomeadamente nas Festas do Porto Alto, cuja comissão foi mesmo o berço do colectivo. Com o tempo, os convites para actuações multiplicaram-se e o grupo foi crescendo, motivando os próprios elementos a confeccionar os próprios vestidos e a apresentar-se em diversas localidades. Hoje, a Alma Flamenca é composta por sete bailarinas, dos cinco aos 25 anos, com ensaios regulares focados na técnica, postura e coordenação motora.
No seio do grupo já houve três turmas e cerca de 25 alunas divididas por aulas de iniciação, grau intermédio e avançado. Actualmente com sete elementos, em que a mais pequena tem 5 anos e a mais velha 25, repetem processos até conseguirem os objectivos a que se propõem. Na história do grupo faz parte também a passagem para a Casa do Povo de Samora Correia que se deveu, em grande parte, à possibilidade de evoluírem num piso em madeira em vez de tijoleira, onde escorregavam bastante.

Uma forma de distrair do dia-a-dia
As sevilhanas são, segundo realça Inês Vicente, uma forma de distracção do dia-a-dia, mas também um desafio constante. Além das actuações, as bailarinas, no caso do espectáculo comemorativo de dia 22 de Fevereiro, são responsáveis pela criação das coreografias. “Este ano, tudo foi montado por nós. Quisemos dar um espectáculo dinâmico, juntando outros estilos de dança ao flamenco com vários grupos convidados”, frisa.
Com raízes profundas na tradição taurina, a dança espanhola tem conquistado adeptos. “Sevilha tem a mesma influência dos cavalos e dos touros que nós temos aqui, por isso as pessoas acabam por aderir”, explica Inês Gaspar Vicente. No horizonte está já a celebração do 10.º aniversário do grupo, em 2026, para a qual se planeia um evento especial. “Queremos fazer algo diferente, porque esta turma tem vontade de mais. São exigentes consigo mesmas, querem evoluir e amam o que fazem”, conclui.

Nove anos celebrados com noite de dança em Benavente

O Grupo de Sevilhanas Alma Flamenca celebrou, a 22 de Fevereiro, o seu nono aniversário com um espectáculo no Cineteatro de Benavente, onde o flamenco, o folclore e a dança contemporânea animaram a noite. O evento contou com a actuação de vários grupos convidados, entre os quais as Sevilhanas Rocieras de Alcochete, a Classe Dança Aeva, a Escolinha de Folclore da AREPA, a Follow Dance Associação, a Academia de Dança Vanessa Silva e a Associação Desportiva Marcial de Samora Correia.

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