Cultura | 30-04-2025 18:00

Associação de Benavente une gerações e preserva tradições através da inclusão

Associação de Benavente une gerações e preserva tradições através da inclusão
Associação Recreativa Nossa Senhora da Graça, em Benavente, conta com mais de 70 pessoas envolvidas nas iniciativas que desenvolve

Associação Recreativa Nossa Senhora da Graça promove as tradições locais aliadas à inclusão social. Fundada há pouco mais de dois anos, a colectividade tem vindo a consolidar-se como uma referência cultural e comunitária na região, mas quer mais apoios do município.

Em Benavente, entre memórias históricas e novos desafios sociais, ergueu-se uma associação que preserva tradições, integra pessoas e transforma vidas. A Associação Recreativa Nossa Senhora da Graça afirma-se como um dos pilares culturais e sociais da região, com uma actividade tão intensa quanto diversa. “Somos mais do que uma associação, somos uma família”, afirma José Santos, presidente da colectividade. Fundada há apenas dois anos, a associação já conta com mais de 70 pessoas envolvidas e um vasto leque de iniciativas, que vão do teatro ao folclore, passando pelas marchas populares, grupo de cantares e outros eventos interculturais. O nome da associação carrega a memória da antiga padroeira da vila.
A grande força da associação é o rancho folclórico, que une crianças de quatro anos a seniores com mais de 70. É o caso de Maria do Carmo, que cresceu em França, mas sempre teve o interesse de se juntar a um rancho, um sonho que concretizou quando veio para Portugal. Considera que a actividade a tornou menos tímida e mais envolvida com a comunidade, não se sentindo isolada socialmente. Sofia Coutinho, outra das mulheres mais experientes no rancho, considera que o ambiente do grupo é diferente de outros em que já participou e salienta o espírito familiar que sente na tomada de decisões.
Apesar de contar com mais de 40 membros, um dos desafios que o rancho enfrenta é a atracção de mais jovens para a actividade. Bruno Rocha, de 22 anos, é natural da Moita e foi por lá que deu os primeiros passos no rancho. A vida levou-o para Benavente e, sendo adepto das tradições ribatejanas, não perdeu tempo em juntar-se ao grupo. “Acolheram-me de uma maneira que não estava à espera”, confessa, lamentando a falta de mais jovens. A colectividade conta com algumas crianças que têm o “bichinho” pela dança. “O Rodrigo sempre teve gosto pela dança e pela cultura local”, afirma João Gil, um dos associados que, juntamente com a restante família, se juntou ao rancho por influência do filho. “É uma escapatória ao stress da semana”. Maria João Silva, que também começou por acompanhar o filho, valoriza o espírito de entreajuda, união e amizade entre as crianças do grupo, algo que considera “não ser comum” noutros ranchos.
Um dos destaques do calendário anual da associação são as marchas populares. “Como o município não organiza marchas, tornaram-se o nosso maior investimento”, explica o presidente, admitindo que são convidados vários grupos de fora. Entre os convidados, há sempre presença de marchas lisboetas, mas o presidente acredita que a tradição na capital também deveria atrair mais grupos de fora. “Um dia, quem sabe, estaremos nós a desfilar na Avenida da Liberdade”.

Mais reconhecimento ao município
Mais do que promover a cultura, a Associação Nossa Senhora da Graça é um espaço de acolhimento e integração social. “Temos crianças com défice de atenção, jovens com hiperactividade, pessoas que estavam isoladas e hoje são das mais activas”, explica o presidente. O rancho é inclusivo, com pessoas que outrora mal falavam em público e hoje brilham nos palcos e sentem-se envolvidos nas diversas actividades que a associação promove. Quanto ao apoio da câmara municipal, José Santos reconhece o esforço, mas pede mais reconhecimento, especialmente para o rancho folclórico da entidade.
Recorde-se que na reunião de câmara de 7 de Abril, duas dezenas de membros da associação marcaram presença para exigir um maior apoio para o rancho folclórico da entidade. O posicionamento do executivo liderado por Carlos Coutinho justificou-se com a existência de vários ranchos no concelho, não existindo recursos disponíveis para apoiar novas entidades com a mesma actividade. O presidente da associação relembra a diversidade do projecto. “Temos uma associação com actividades diversas, não apenas um rancho. Não estamos em competição com ninguém. Estamos a fazer o nosso trabalho, com inclusão, com dedicação e com resultados”.

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