Clube Recreativo e Cultural do Forte da Casa não tem licença da sede o que impede candidaturas a apoios do Estado

O Clube Recreativo e Cultural do Forte da Casa vive um momento de grande dinamismo mas debate-se com a falta de espaços para desenvolver a sua actividade. A isso acresce o facto de não ter licença de utilização da sede, o que o impede de receber apoios do Instituto Português do Desporto e Juventude. Mesmo assim, os dirigentes não esmorecem e o voleibol feminino é a nova aposta da colectividade.
O Clube Recreativo e Cultural do Forte da Casa tem a sua sede junto às históricas Linhas de Torres do Forte da Casa, o que tem dificultado a legalização das instalações. Segundo Marco Rodrigues, presidente da direcção, há vários anos que o clube se debate com a Câmara de Vila Franca de Xira por estar numa área classificada em que não pode fazer nada, mesmo que tenha sido construído junto ao clube um parque infantil e um parque de estacionamento.
Por essa razão, a colectividade não tem licença de utilização das instalações e não consegue obter apoios do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Há dois anos perdeu um apoio do IPDJ para instalação de painéis solares na sede porque tinha o projecto mas não tinha licença de utilização. O clube conta, no entanto, com o apoio do município e de patrocínios, além de receitas provenientes da organização de eventos e festas, organizados pela secção de cultura. Uma vez por mês o clube confecciona refeições para distribuir aos sem abrigo, actividade que conta com a participação dos atletas.
O Clube Recreativo e Cultural do Forte da Casa enfrenta “dores de crescimento” tendo em conta o número de actividades desportivas e culturais que tem, que movimentam diariamente centenas de atletas. Uma das secções que tem vindo a crescer é o voleibol feminino, com escalões de infantis, cadetes e juniores. O ano passado a época começou com dez atletas, hoje já são 27, dos 11 aos 17 anos, e em lista de espera estão 13 jogadoras que, para já, não podem integrar as equipas por falta de condições.
Os treinos acontecem duas vezes por semana no pavilhão da Escola Secundária do Forte da Casa, às terças e quintas-feiras, e às sextas o treino é conjunto. O clube confronta-se com a falta de horários disponíveis para os treinos e jogos e a falta de condições do pavilhão da escola, que não tem água quente e de 21 luzes do recinto central só estão ligadas sete. O ginásio, usado pela modalidade de karaté, só tem três luzes a funcionar. “É complicado treiná-las todas juntas porque são vários escalões. As mais novas treinam com as mais velhas e às vezes têm receio, mas tornam-se mais competitivas. A minha intenção é para o ano federar a equipa de infantis e cadetes, mas não podemos estar limitados a dois treinos por semana”, diz a treinadora, Ana Cardoso.
As equipas participam uma vez por mês no torneio concelhio, com jogos de quatro para quatro. O clube organiza jogos de seis para seis com equipas convidadas, que jogam aos domingos de manhã no pavilhão da escola. Carolina Oliveira, 14 anos, é uma das jogadoras. Começou a treinar o ano passado impulsionada pelo desporto escolar e com as amigas ingressou no clube. Gosta de ganhar, mas sobretudo dos benefícios que a modalidade lhe trouxe. “O desporto ajudou-me a desenvolver a comunicação com as pessoas e fiquei mais confiante”, conta. No mesmo sentido vai Rebeca Martins, 16 anos, que desde que começou a jogar começou a falar mais porque não era uma pessoa muito comunicativa. Maria Rosado, 13 anos, também relata melhorias ao nível da saúde respiratória e melhorias ao nível da comunicação porque diz que só falava com pessoas da sua idade.
“Temos muitas coisas paradas por causa de falta de espaço”
João Sousa chegou ao CRCFC em Maio de 2024 a convite da actual direcção. É coordenador de oito modalidades desportivas, incluindo o voleibol. Defende que o torneio concelhio do Xira devia ser mais dinâmico, porque é pouco participado. O clube propôs a organização de torneios junto da Câmara de Vila Franca de Xira e a resposta foi positiva. O pavilhão é cedido a custo zero para os jogos, aos domingos de manhã.
A direcção do clube, presidida por Marco Rodrigues, fala em custos difíceis de suportar. Só em 2024, o clube gastou cerca de 18 mil euros em aluguer de instalações (pavilhões) porque não tem instalações próprias. “A Câmara de Vila Franca de Xira devia isentar as taxas de aluguer aos clubes que não têm instalações próprias. Além disso, devia distinguir os clubes que trabalham e que envolvem a população”, disse o dirigente, que inclusive expôs o assunto numa sessão da Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira.
O CRCFC tem ainda as modalidades de futsal, com certificação de duas estrelas atribuídas pela Associação de Futebol de Lisboa, uma secção de karaté, o kung-do, que conta com uma atleta campeã nacional e a actividade mais recente de pilates já tem 28 alunas. Ju-jitsu, pool (bilhar) e natação, a partir de Setembro são outras das modalidades disponíveis. “Temos muitas coisas paradas por causa de falta de espaço, mas o objectivo é fazer crescer as modalidades. Já temos yoga para começar, temos uma professora de danças de sãlão e na calha secção de ciclismo, atletismo, e rancho folclórico”, diz.