As tertúlias de Vila Franca de Xira continuam a ser um ponto de convívio, cultura e tradição

Feira das Tertúlias realizou-se no último fim-de-semana mas a chuva veio complicar os planos e até obrigou a cancelar os espectáculos taurinos que iam encher a praça de toiros. O MIRANTE conversou com vários tertulianos sobre o papel que estas entidades têm na promoção cultural e no dinamismo da cidade ribatejana.
As tertúlias da cidade de Vila Franca de Xira são motores de dinamismo social e cultural e muitas continuam a promover iniciativas para reforçar os laços de união entre a comunidade, promover a festa brava e as tradições taurinas do concelho. No último fim-de-semana as tertúlias saíram à rua para a sexta edição da Feira das Tertúlias, realizada junto da praça de toiros, onde o mau tempo deu poucas tréguas e obrigou a cancelar algumas iniciativas.
Colóquios, debates, exposições, apresentação de livros, serões de fado, almoços e jantares de intercâmbio com tertúlias de outras regiões nacionais e até de países estrangeiros, são algumas das iniciativas que a maior parte das tertúlias vilafranquenses promovem ao longo do ano, revela a O MIRANTE Guilherme Nunes, presidente da Associação das Tertúlias Tauromáquicas do Concelho de Vila Franca de Xira, que agrega 53 destas entidades.
“As tertúlias são uma máquina cultural da cidade e conseguimos nos últimos anos reunir muitas delas em torno do projecto da associação, que também ajuda as tertúlias a promover as suas iniciativas e a falar entre si”, explica. Uma das que promove vários eventos ao longo do ano, incluindo uma festa campera, é a tertúlia Os Foras & Os Bravos, fundada em 2010 depois da fusão de duas tertúlias. Miguel Canelas e Rui Vila, dois dos rostos da tertúlia, trabalham na Exide em Castanheira do Ribatejo e dizem que o objectivo principal é promover a cultura taurina através do convívio. “Tentamos ir a todo o lado, quer no país quer fora, também recebendo tertulianos de fora, para mostrar a nossa tradição e a nossa cultura”, explicam. Ao todo a tertúlia movimenta três dezenas de pessoas mas há convívios em que aparecem 50 a 70 pessoas. “Este ano, na feira, a chuva foi um desafio mas não foi um problema, acabamos sempre por encontrar amigos e conviver”, explicam.
Lugar aos jovens
Uma das tertúlias mais jovens da cidade foi fundada em 2021, a Porta Grande, comandada por Tiago Alves, que trabalha na Câmara de Vila Franca de Xira. “Já tínhamos tido vários espaços para reunir os amigos e desde 2021 que conseguimos arranjar um espaço nosso onde conseguimos juntar várias pessoas. Somos 39 sócios e acredito que seremos uma das tertúlias com mais sócios em VFX”, diz com um sorriso.
A tertúlia já realizou colóquios e debates taurinos e mantém um leque estável de actividades ao longo do ano, mantendo porta aberta aos fins de semana para os almoços e jantares de convívio. “É importante cultivar a nossa identidade, o gosto pela nossa terra, pelos touros, a festa brava. É preciso melhorar esta relação da cidade e das suas tradições com os mais novos, a nossa identidade está a perder-se um pouco e é isso que queremos evitar, sendo uma tertúlia jovem dando o nosso exemplo de que é possível manter a história viva”, conta a O MIRANTE.


Espectáculos cancelados devido ao mau tempo
Estava tudo pronto para que esta sexta edição da feira fosse a maior de sempre mas a chuva e o mau tempo trocou as voltas à organização, obrigando a cancelar os espectáculos taurinos que estavam previstos para as tardes de sábado e domingo. “Preparámos a feira com toda a vontade de fazer uma boa iniciativa mas infelizmente o tempo não nos ajudou e isso fez com que muito público desmobilizasse”, lamenta Guilherme Nunes a O MIRANTE.
O dirigente diz que haverá certamente prejuízo mas que o valor ainda não está contabilizado. “O estado de espírito não é o melhor, foram muitas semanas e muitas horas a montar a feira, com a ajuda voluntária de duas dezenas de tertúlias, e depois o tempo prega-nos esta partida”, lamenta Guilherme Nunes. Este ano houve também um intercâmbio com tertúlias de outros sete concelhos e regiões do país, incluindo da ilha Terceira. “O sonho e a ambição é que a feira continue a fazer parte do calendário da cidade. Esta feira tem forçosamente de continuar porque é o fruto de um ano de trabalho das tertúlias”, disse.