Ranchos de Carregueiros e Mouriscas são guardiões das tradições ribatejanas

O Festival Internacional de Folclore, Cultura e Artes em Tomar contou com a participação de dois grupos nacionais e três estrangeiros. O MIRANTE acompanhou a iniciativa, que decorreu em Tomar, e conversou com os grupos de Carregueiros e Mouriscas.
O Cine-Teatro Paraíso Tomar recebeu o Festival Internacional de Folclore, Cultura e Artes e a 3ª Mostra Internacional de Folclore dos Templários. O evento, organizado pelo Município de Tomar, Associação FIFCA Cultura e Artes e Federação de Folclore Português, contou com a participação de dois grupos nacionais, de Tomar e Abrantes, e de três grupos estrangeiros, de Bulgária, Polónia e Argentina. Durante mais de duas horas, o público vibrou com as actuações dos grupos de folclore. A sala esteve praticamente cheia, numa noite de grande animação e partilha cultural. Também o presidente da Câmara de Tomar, Hugo Cristóvão, marcou presença na iniciativa.
O MIRANTE acompanhou o espectáculo no Cine-Teatro Paraíso Tomar, mas antes esteve no jantar que ocorreu no CIRE - Centro de Integração e Reabilitação de Tomar, um momento que permitiu o convívio entre os participantes do festival. A representar o Rancho Folclórico S. Miguel de Carregueiros, do concelho de Tomar, esteve Luísa Lains, 53 anos, presidente do grupo. Em conversa com O MIRANTE, a dirigente, que é também professora de Educação Musical, explicou que o grupo existe desde 1980, tendo sido fundado porque o Centro Recreativo e Cultural da freguesia de Carregueiros entendeu que havia a necessidade de se criar uma actividade cultural para envolver a juventude.
A primeira actuação pública do grupo de Carregueiros foi a 27 de Junho de 1980. “Acho que entrei no grupo em 1985, primeiro porque queria ir dançar, mas quando descobriram que sabia tocar acordeão empurraram-me para o acordeão e desde aí que sou acordeonista do grupo”, conta Luísa Lains. O grupo tem actualmente 46 elementos, com idades compreendidas entre os 4 e os 86 anos. Para Luísa Lains, participar no Festival Internacional de Folclore em Tomar é uma grande responsabilidade, “por termos sido escolhidos para representar o nosso concelho, mas também é uma grande alegria porque é sinónimo que o trabalho que estamos a fazer está a ser reconhecido”.
No momento da conversa, Luísa Lains referiu que ainda não tinha tido tempo para interagir com os grupos estrangeiros, mas que já tinha visto parte do ensaio do grupo da Argentina e que tinha ficado surpreendida com a actuação. “É muito diferente do nosso folclore. A nossa cultura é muito mais fechada, os países da América Latina, como a Argentina, são países com uma cultura mais expansiva e realmente é diferente”, mencionou. Sobre a actuação do Rancho de Carregueiros, a professora de Educação Musical revelou que o grupo teve a ideia de recriar uma romaria que acontecia antigamente na freguesia, tendo decorrido quatro ensaios intensos para preparar a actuação.
Grupo de Mouriscas está a comemorar 50 anos
Quem também participou no Festival Internacional de Folclore em Tomar foi o Grupo Etnográfico “Os Esparteiros” de Mouriscas, do concelho de Abrantes. A conversar com O MIRANTE esteve o presidente do grupo, Raul Grilo, 67 anos. O Grupo de Mouriscas foi fundado em 1975, estando a comemorar 50 anos de existência. Raul Grilo, professor de 1º ciclo aposentado, conta que está no grupo desde os primórdios. “Desde que entrei nunca mais saí, assumi a responsabilidade do grupo em 1985 e até hoje tenho estado sempre a gerir o grupo”, refere.
O presidente explica que o grupo tem assistido a um sobe e desce constante no número de elementos, contando actualmente com 34 adultos e oito crianças. Não é a primeira vez que estão a participar num festival internacional, já actuaram em Praga e também em Marrocos. Raul Grilo assume que participar num festival internacional é sempre muito importante porque vão ao encontro de outras culturas. “Além da divulgação do folclore, que é o nosso principal objectivo, também temos a oportunidade de conviver com outras pessoas e arranjar novos amigos”, realça.
Com o Verão a aproximar-se, o grupo tem já uma agenda bastante preenchida, da qual se destaca o Festival de Folclore de Mouriscas, que vai já na 49ª edição. “Temos cinco grupos que vêm permutar connosco no nosso festival, e posso dizer que este ano o festival vai ser encerrado por um grupo de Cante Alentejano. Tem sido um festival como não acontecem muitos, com uma adesão de público muito grande”, menciona Raul Grilo. O grupo tem ainda actuações marcadas em aldeias do concelho de Abrantes e nas festas da cidade.