Cultura | 18-05-2025 15:00

Sociedade Euterpe Alhandrense levou dança contemporânea a Benavente

Sociedade Euterpe Alhandrense levou dança contemporânea a Benavente
Espectáculo com jovens talentos decorreu no Cineteatro de Benavente

Benavente celebrou o Dia Mundial da Dança com espectáculo de dança contemporânea a cargo de grupos da Sociedade Euterpe Alhandrense. O MIRANTE falou com directores dos projectos sobre o estado do sector em Portugal.

O Cineteatro de Benavente recebeu uma noite dedicada à dança, à criação artística e ao talento jovem. O espectáculo, organizado pelo Conservatório Regional Silva Marques da Sociedade Euterpe Alhandrense, integrou as comemorações do Dia Mundial da Dança, a convite da Câmara Municipal de Benavente. A primeira parte do evento trouxe uma masterclass aberta de improvisação em dança contemporânea, conduzida pela coreógrafa Inês Pedroco e acompanhada ao vivo pelo guitarrista José Manuel Neto. “Encheu a sala, encheu os corações”, recorda Catarina Lopes Ribeiro, directora pedagógica do Conservatório. “Foi um momento muito especial. A música ao vivo e a entrega dos participantes criaram uma atmosfera única”, afirmou a O MIRANTE, realçando a amplitude que a dança contemporânea pode ter, emergindo juntamente com um instrumento tradicional como a guitarra portuguesa.
A segunda parte do espectáculo foi protagonizada pelo grupo Lezíria Dance Collective, do conservatório, que juntou jovens alunas da escola e bailarinas convidadas de outras instituições. A coreografia apresentada foi criada e ensaiada ao longo de apenas um dia por Miguel Esteves, bailarino da Companhia Nacional de Bailado, num exercício de exigência e profissionalismo. A direcção artística ficou a cargo de Tiago Manquinho, coreógrafo natural de Vila Franca de Xira, com carreira internacional e a trabalhar na área há 25 ano na Alemanha. Com o projecto Lezíria Dance Collective, tem-se reaproximado de Portugal e das suas origens. “Hoje em dia os bailarinos têm de ser muito versáteis, adaptar-se a diferentes linguagens e métodos de trabalho”, explicou Tiago Manquinho. “Este tipo de experiência, em que se trabalha intensamente com um criador durante poucas horas, reflecte bem a realidade profissional com que os jovens se deparam em audições e produções.” Com mais de 25 anos de carreira fora de Portugal, Tiago Manquinho salienta a competitividade do meio. “Numa audição para uma companhia na Alemanha, chegam a concorrer 900 pessoas por uma única vaga. Queremos prepará-las para isso”, explica.
Para o Conservatório Silva Marques, sediado na Sociedade Euterpe Alhandrense, em Alhandra, o convite da autarquia de Benavente foi recebido com entusiasmo. “Não podíamos dizer que não”, afirma Catarina Lopes Ribeiro. A escola destaca-se pela diversidade de experiências que oferece aos seus alunos. “Há poucas escolas que dão esta possibilidade: trabalhar com vários coreógrafos por ano, muitos deles estrangeiros, e ter contacto com diferentes métodos e estilos.” A directora pedagógica da secção de dança aposta em criar pontes reais entre o mundo da formação e o meio profissional. No entanto, os desafios são muitos. A precariedade do sector cultural em Portugal, segundo Tiago Manquinho, continua a empurrar criadores e intérpretes para fora do país. “O que se vê cá é muito amor à camisola. Gostam muito de nós lá fora, mas perdemos a oportunidade de manter esses talentos cá”, vinca.
A Sociedade Euterpe Alhandrense, fundada há mais de 160 anos, é a maior colectividade cultural do concelho de Vila Franca de Xira. Para além do Conservatório, mantém uma banda filarmónica e promove diversas actividades culturais e desportivas, num compromisso contínuo com a formação e a dinamização artística da região. Com este espectáculo em Benavente, o Conservatório reafirmou esse compromisso: formar com qualidade, mesmo com poucos recursos, e continuar a construir espaços onde a arte é celebrada como bem comum.

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