A paixão pelas motas clássicas fez nascer uma associação com 200 sócios nas Fontainhas

Criada em 2018 por um grupo de amigos, a Associação dos Amigos do Passeio Clássico cresceu, diversificou-se e hoje é o ponto de encontro de cerca de 200 motards que fomentam o lazer, espírito solidário e paixão pelas duas rodas.
A história da Associação dos Amigos do Passeio Clássico (APC) começou com um passeio de sete amigos em motorizadas “cinquentinhas”. O que era apenas uma brincadeira acabou por crescer rapidamente, levando à fundação da associação em 2018. Hoje, com cerca de 200 sócios e sede nas Fontainhas, em Santarém, a APC é muito mais do que um grupo de apaixonados por motas clássicas; organiza passeios, acções solidárias e, acima de tudo, promove o convívio entre gerações. José Baeta, 58 anos, é o presidente e tem como braço direito José Cavaleiro, de 50 anos, actual vice-presidente. “Pensámos que não íamos ultrapassar as vinte pessoas, mas a associação foi crescendo e tem sido muito gratificante estar com toda a gente” afirma a O MIRANTE José Baeta.
Embora a origem esteja nas motas clássicas, a APC rapidamente abriu portas a outro tipo de motorizadas, salientando José Cavaleiro que o grupo se foi tornando num “semi-clube motard”, mantendo o carinho pelas clássicas, mas alargando a oferta a quem anda em motorizadas de maior potência. Hoje, os passeios dividem-se entre os que privilegiam as motas antigas, com percursos mais curtos e cuidados especiais, e aqueles com motos que permitem viagens mais longas. “Já fomos até Ponte de Lima, Oliveira de Azeméis e outros pontos do país. Sempre com atenção ao calendário dos outros clubes motards, para não coincidir com concentrações e aniversários alheios”, vinca José Cavaleiro.
Além dos passeios, a APC promove excursões de autocarro com sócios, familiares e amigos, tendo a última tido mais de seis dezenas departicipantes. A associação organiza ainda acções solidárias que já se tornaram tradição na época do Natal e Ano Novo, desde a ajuda ao pequeno Gil, criança com 95% de incapacidade e sócio honorário da APC, até apoios a instituições de apoio à vítima e associações de protecção animal. “Temos vindo a afirmar o nosso papel na comunidade, pois acho que as associações têm obrigação de ajudar quem mais precisa”, reforça José Baeta.
O amor inexplicável pelas motas
Falar com os responsáveis da APC é entrar num universo de verdadeira paixão pelas motas, onde “primeiro está a mota, depois está a mulher e a família”, afirmam em jeito de brincadeira. Os dirigentes não escondem que as motos são a sua verdadeira paixão, expressando José Cavaleiro que a diferença de conduzir uma moto para um carro ou outro veículo é incomparável. “Apanhamos vento, calor, cheiros de todo o sítio, mosquitos e vemos as paisagens de forma completamente diferente. É um mundo à parte e indescritível”, sublinha. Os fundadores afastam também a “noção errada” de que os motards são “todos uns rebeldes”, relembrando que até há uma linguagem própria com gestos, sinais e códigos de conduta que definem a comunidade motard. O cumprimento mútuo com dois dedos, o esticar da perna como sinal de agradecimento “são todos pequenos detalhes que mostram respeito e camaradagem”.
A associação está a crescer a olhos vistos. “Um dos nossos objectivos é promover o uso e valorização de motos mais antigas e de facto há mais gente a tirar carta, a restaurar motas e a comprá-las até por valores bastante altos. Antigamente uma mota velha custava 500 euros, mas hoje pode ultrapassar os 1.000”, refere José Baeta. Com o sétimo aniversário marcado para Junho, a associação já se prepara para o habitual passeio comemorativo e está a melhorar a sua sede para oferecer melhores condições para acolher outros grupos motards e continuar a promover o espírito de comunidade e solidariedade.