Cultura | 24-05-2025 21:00

Lutar por um futuro na dança na Arabesque Academia em Ourém

Lutar por um futuro na dança na Arabesque Academia em Ourém
Karen Nascimento, Beatriz Taborda e Luna Ribeiro estão a terminar o ensino secundário na Academia de Dança Arabesque. Yolexis Santana Vila (no meio) é fundadora do projecto.

Arabesque Academia de Dança quer combater o preconceito em relação à dança enquanto profissão. Forma dançarinos em Ourém há 15 anos e actualmente conta com 150 alunos de vários concelhos do distrito de Santarém, 36 deles em regime de ensino articulado.

Luna Ribeiro tem 18 anos e dança desde os três na Arabesque Academia de Dança, em Ourém. Começou a estudar em ensino articulado quando estava no 7.º ano e está prestes a terminar o ensino secundário. A família sempre foi um suporte para perseguir os seus sonhos no mundo da dança. “Os meus pais sempre mostraram abertura para me deixar tomar as decisões e apoiam-me em tudo”, garante a O MIRANTE. Luna Ribeiro admite que as muitas horas que dedica à dança já prejudicaram a sua prestação noutras disciplinas, mas não vê nisso um problema, uma vez que “cabe a cada um conseguir conciliar e definir as suas prioridades”. Luna Ribeiro atribui vários benefícios à prática da dança, como a capacidade de foco e organização e amadurecer mais cedo do que a maioria dos jovens. Depois de terminar o presente ano lectivo, vai trabalhar com a Companhia de Dança Quórum e não podia estar mais entusiasmada, afirma. Luna Ribeiro ainda vê a dança como uma arte discriminada pela sociedade, acrescentando que alguns alunos rapazes já se sentiram inferiorizados na escola por serem bailarinos.
A Arabesque Academia de Dança foi fundada em 2010 por Yolexis Santana Vila, em Ourém. Três meses depois da abertura já tinha 70 alunos a participar em aulas de dança. Hoje a Academia Arabesque é uma instituição certificada pelo Ministério da Educação para o Ensino Artístico Especializado em Dança e conta com cerca de 150 alunos, sendo 36 desses em regime articulado e os restantes em regime livre. A academia com nome de um passo técnico do ballet lecciona dança clássica, dança contemporânea e hip-hop. Os alunos de ensino articulado não têm algumas disciplinas do ramo comum do programa de ensino, como Tecnologias da Informação e Comunicação e Educação Física, para que possam ter mais horas de aulas de dança. Os homens ainda ocupam um espaço muito reduzido no mundo da dança. Dos 150 alunos da academia apenas quatro são do sexo masculino.
Karen Nascimento tem 18 anos e dança há uma década. Natural de Leiria, estuda na Arabesque há dois anos, onde dá continuidade à sua formação em dança no ensino secundário. A família tem sido o seu maior suporte. “Sempre me apoiaram, mesmo quando tinha outras ideias e estava incerta quanto ao que queria seguir”. Com o ensino secundário concluído, reconhece que ter apenas aulas de dança lhe permite “respirar melhor”. Nos tempos livres, gosta de ir ao ginásio e de sair com os amigos para se distrair. Confessa que é difícil seguir esta carreira em Portugal. “Em Portugal não há muita abertura e talvez tenha de sair do país”, lamenta Karen Nascimento, que já foi admitida no Instituto Alicia Alonso, em Madrid. Afirma que o processo foi exigente, mas conseguiu ultrapassar os desafios. “Senti sempre muitos nervos, mas estava mais confortável por estar aqui na Arabesque”, revela.
Também Beatriz Taborda, de 17 anos, trabalha para conquistar o seu lugar no panorama da dança em Portugal. Teve o seu primeiro contacto com a modalidade através de uma colega do pré-escolar, mas só começou a dançar já no ensino básico, aos seis anos. Revela que o apoio de Yolexis Vila foi crucial para continuar a praticar dança. “Incentivou-me bastante desde que cheguei e fui sentindo cada vez mais que era o que queria seguir”, afirma. Entrou no ensino articulado no 7.º ano e encontra-se na recta final do ensino secundário. Beatriz Taborda afirma que apesar do apoio da família, foi difícil explicar ao pai como o mundo da dança funciona e o futuro que ambiciona. “Não foi fácil convencer o meu pai que era esta a carreira que queria seguir e sei que ele tem medo que não resulte”, partilha. Quando acabar o ensino secundário vai para o Instituto Alicia Alonso e quanto ao futuro espera dividi-lo entre a carreira de bailarina e a docência, quem sabe na Arabesque. “A carreira de bailarina é curta, pode durar até aos 40 anos, por isso é importante ter vários planos”, assegura Beatriz Taborda.

Yolexis Vila veio de Cuba para fundar uma academia de dança

Yolexis Santana Vila é bailarina, professora e fundadora da Arabesque Academia de Dança. De origem cubana, a sua primeira passagem por Portugal aconteceu há cerca de duas décadas, quando esteve como bailarina no Conservatório Regional do Algarve Maria Campina. Acabou por regressar ao seu país, mas o gosto por Portugal falou mais alto e voltou em 2010 para concretizar o seu sonho de abrir uma academia de dança, desta vez em Ourém, cidade que a conquistou pelo seu ambiente acolhedor, partilha com O MIRANTE. Apesar de adorar o país, lamenta que em Portugal ainda persista um certo conservadorismo que impede que áreas como a dança sejam encaradas com mais seriedade. Com a academia de dança que ergueu em Ourém espera poder continuar a mudar mentalidades e a ajudar jovens a cumprir os seus sonhos no mundo da dança.

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