Cultura | 02-06-2025 21:00

Feira de Maio: os que trabalham para que a festa aconteça em Azambuja

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Feira de Maio: os que trabalham para que a festa aconteça

Nos cinco dias da maior festa de Azambuja saem às ruas não para se divertir mas para que a festa aconteça e decorra como programada. Falamos da cerca de uma centena de funcionários da Câmara de Azambuja que na Feira de Maio ganham novas funções e se desdobram em trabalhos. O MIRANTE acompanhou o percurso de alguns no arranque do certame.

O pasodoble a ecoar nas colunas, as varandas engalanadas a preceito e as amigáveis tertúlias de portas abertas que tão bem recebem estranhos são o prenúncio da chegada da festa. A Feira de Maio está de volta a Azambuja com todo o seu esplendor e nas ruas, agora cobertas com areia cercada por tronqueiras, as pessoas que ali se vão juntando à espera da primeira largada de toiros fazem com que os mais de cem funcionários do município quase passem despercebidos.
Na Rua Engenheiro Moniz da Maia, junto ao balcão da Caixa de Crédito Agrícola, João Gonçalves ajeita o boné verde sportinguista enquanto limpa, com a mão contrária, as gotas de suor da testa. Depois de mais de 20 anos a trabalhar na Feira de Maio, este funcionário da câmara continua a deixar-se encantar pelo sentimento de pertença deste certame castiço que o enche de orgulho por ser azambujense. “Vivo esta festa desde pequenino. Para mim é a melhor do Ribatejo”, atira, com os olhos em água.
Por estes dias, a vila de Azambuja enche-se de gente e “ganha vida”, contrastando com a pacatez de quase todos os restantes dias do ano. Apesar de passar os dias a trabalhar, João Gonçalves diz, aos 60 anos, ainda ter tempo e vontade de viver a festa. “Agora tenho de estar aqui, é verdade”, atira encostado ao portão da tronqueira que vai fechar à passagem do toiro que vai ficar naquela zona da manga. “Já apanhei uns sustos, ai já! Aqui mesmo, quando estava a fechar a tronqueira. O toiro passou mas voltou para trás e quase me apanhou”, conta. As batidas do coração, diz, nunca aceleraram tanto como dessa vez. Foi o mais perto que esteve de ser colhido.
Trabalhar nas largadas de toiros, onde aficionados corajosos se divertem a afrontar os animais bravos e outros, mais recatados, ficam de olhos postos nos seus movimentos atrás das protecções em madeira, acarreta sempre algum risco. Que o diga Joaquim Manuel Tavares, que não esquece o dia em que desmaiou “com o calor e o cansaço” dentro do recinto das largadas. “O toiro só não me levou porque não calhou. E logo eu que não gosto nada de me pôr a jeito para levar porrada de toiros”, afirma o azambujense de 66 anos, funcionário municipal há 33.
Durante o ano, Joaquim Tavares é um dos calceteiros de serviço mas em dias de Feira de Maio e no mês que a antecede é mais um dos que está destacado para ajudar no que for preciso. Participou na montagem das tronqueiras e, por estes dias, está responsável por fechar a que separa os toiros junto ao Centro Social Paroquial de Azambuja. “A gente nem vê a feira, andamos sempre de um lado para o outro. E quando acabamos o serviço dá vontade é de ir dormir”, diz sem rodeios. Sexta-feira é o dia mais duro da festa. Aquele que começa como os outros às 08h00 mas se prolonga até à manhã seguinte. “É assim mesmo! É a noite da sardinha assada”, na qual os funcionários garantem a distribuição de assadores, pão e sardinhas à população que se diverte até ao nascer do sol.
No largo do município, uma equipa de seis elementos desmonta o palco que foi há minutos pisado pelos grupos que actuaram na inauguração da Feira de Maio. Têm de ser rápidos para que quando estourar o foguete que anuncia a passagem dos campinos, do toiro e dos cabrestos, nenhuma peça desta estrutura lá esteja a impedir o momento que assinala o início da primeira das cinco largadas. “Nada pode falhar”, diz Armando Calixto, encarregado operacional responsável pela equipa. Funcionário do município há nove anos, e antigo presidente da Junta de Vale do Paraíso, confessa: “a gente também gostava de viver a festa como o cidadão comum mas alguém tem de montar a festa. Trabalhamos nestes dias para que tudo esteja pronto a horas e não haja problemas”.

Novatos e veteranos ajudam a montar a festa
Há equipas para tudo, sublinha Armando Calixto. Umas para as tronqueiras, outras para montar palcos, distribuir mesas e cadeiras, outras para garantir os assadores onde se vão assar as sardinhas, também distribuídas pelos funcionários municipais. Mas o trabalho, vinca o encarregado, “já começou antes da festa”. No seu caso, na montagem das “barraquinhas”.
À medida que a hora avança e se aproxima do momento da largada de toiros, Carlos Miranda cumpre de forma exímia a última revisão às tronqueiras que pintou dias antes. “Tem de estar tudo em condições”, embora, como já é habitual, algumas vão partir com a força das marradas dos toiros enfurecidos. E, nessa altura, convém que algum trabalhador esteja por perto para reparar os danos. “Durante o ano tomo conta do cemitério mas na Feira de Maio é aqui que estou a fazer tudo e mais alguma coisa”, afiança o azambujense de 65 anos, funcionário da câmara há 45, agraciado este ano com uma medalha municipal. “Já tenho muitos cabelos brancos e muitos anos de trabalho nesta terra e feira castiça”, diz.
E se uns são veteranos a trabalhar no certame mais aguardado de Maio, há quem o esteja a viver, nessas funções, pela primeira vez. Rui Veríssimo, 47 anos, traz luvas nas mãos e no corpo o cansaço que se acumula desde as oito da manhã. Natural de Lisboa, a residir em Casal de Além, é funcionário do município de Azambuja há três meses. Já tinha ido à feira como visitante e agora, nestas funções, diz que o que mais lhe custa é trabalhar enquanto outros se divertem. O que vale, ressalva, é que sobra sempre um tempo para ainda viver a festa com a família.

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