Filarmónica Benaventense procura jovens para continuar legado com 154 anos

Sociedade Filarmónica Benaventense completa 154 anos em 2025, mas vive momento difícil no que à atracção de jovens diz respeito. Associação dispõe de escola de música e banda, mas acção de escolas particulares em Benavente prejudica a colectividade.
A Sociedade Filarmónica Benaventense nasceu em inícios de Novembro de 1871 e é uma das colectividades com mais longevidade na vila. É na sede da associação, no centro histórico de Benavente, que se dão os sempre animados ensaios da banda. David Lima é o presidente da associação e cumpre já o seu segundo mandato, também por não ter aparecido mais nenhuma lista concorrente no último acto eleitoral. Considera que a filarmónica vive um momento difícil, sofrendo ainda algumas consequências de ter ficado sem banda no início da década de 2000. “Acredito que, apesar de termos conseguido reerguer a banda, ainda sofremos algumas consequências disso. Muitas vezes somos convidados para eventos e temos de ir recrutar pessoas a outras bandas para virem connosco, porque não temos elementos suficientes”, manifesta, admitindo que um dos objectivos da sua direcção é terminar o mandato com uma banda mais composta.
Durante todo o ano, a filarmónica é convidada a estar presente em vários eventos, como o recente Festival do Arroz Carolino, mantendo também uma ligação forte às festas religiosas, como a Festa da Nossa Senhora da Paz. No aniversário da associação, no primeiro fim-de-semana de Novembro, é promovido um espectáculo anual com exibições de todos os membros. David Lima reconhece que sem a ajuda da autarquia seria impossível a associação pagar as contas, mas defende que deviam ser dinamizados mais eventos. O grande problema que da associação está na captação de jovens para integrar a escola de música e a banda. A escola, que conta com vários professores, tem no seu lote de oferta o ensino de instrumentos como piano – um dos mais requisitados – guitarra, flauta, saxofone ou violino, sendo que o preço da formação é mais acessível para instrumentos que possam posteriormente integrar a banda.
Para o maestro da banda, João Dias, o problema está na falta do interesse dos jovens e também nos próprios pais que acabam por “entreter os filhos com qualquer coisa”. Com vários anos de experiência na área musical, considera que o ensino de um instrumento é intelectualmente mais exigente para um jovem e defende que esta prática tem um impacto positivo no aproveitamento escolar e no desenvolvimento cognitivo.
Parcerias são indispensáveis
Contactado pela filarmónica em 2007 para revitalizar a actividade de banda, João Dias considera que uma maior parceria com o agrupamento de escolas seria importante para a sociedade. A associação propõe recolher os alunos directamente da escola para as aulas de música, algo que consideram ser benéfico para os pais que não conseguem ir buscar os filhos à escola. Mas para o maestro o problema não passa pela disponibilidade da colectiva. “Existem coisas muito estranhas em Benavente e a acção dos particulares para atrair jovens é muito duvidosa”, admite o maestro, salientando que apesar do interesse da escola em cooperar com a associação, nunca foi dado um palco digno e de valor para a promoção da oferta formativa da sociedade filarmónica. “No início do ano lectivo, o espaço que nos deram para colocar um saxofonista foi num dos corredores de saída da escola. Claro que foi impossível captar alguém”, afirma, admitindo ainda que algumas pessoas se aproveitam da sua posição no agrupamento para aliciar os alunos para escolas particulares, algo que acaba por afectar o número de crianças que a Sociedade poderia receber.
Os dirigentes consideram que uma instituição com mais de um século e meio de história merecia outro reconhecimento e promoção dos seus serviços, dando ênfase à flexibilidade e diversidade de oferta que dispõem. Actualmente, a sociedade continua com o seu trabalho, tentando atrair cada vez mais jovens e consolidando a posição da banda, que admitem ser do interesse da população pois “leva o nome de Benavente a vários sítios”.