Cultura | 03-06-2025 12:00

Sociedade Alqueidoense vibra ao som das motorizadas há meio século

Sociedade Alqueidoense vibra ao som das motorizadas há meio século
Actual direcção da SRA, em Torres Novas, rejuvenesceu colectividade a partir de 2006

Com uma pista aberta todo o ano e albergando provas regionais e internacionais, Alqueidão, em Torres Novas, continua a ser reconhecida como a terra do motocross, muito graças aos eventos organizados pela Sociedade Recreativa Alqueidoense, que celebra 49 anos este mês.

Perto de completar meio século de existência, a Sociedade Recreativa Alqueidoense (SRA) afirma-se como uma referência nacional no motocross, colocando Alqueidão no mapa da modalidade. Apesar de os dirigentes afirmarem que não é fácil manter a associação de pé e organizar competições internacionais, a direcção continua a manter viva a tradição de organizar e atrair grandes eventos de motorizadas a Alqueidão, no concelho de Torres Novas.
João Pereira, de 50 anos e presidente da associação, afirma que quando foi fundada em 1976, a SRA tinha como missão criar um espaço de convívio, lazer e cultura para a população. Sem instalações próprias, pista e apoios, tudo começou com a vontade de um grupo de jovens e adultos em dinamizar a aldeia e, o motocross, embora ainda incipiente, já fazia parte do imaginário de alguns. Ana Sousa, com 44 anos e actual secretária da direcção, é filha de um dos sócios fundadores e cresceu a ver essa transformação, relembrando que no início faziam-se diversos bailes e havia torneios de futebol. Ana Sousa conta que em 1979, após um grande incêndio que deflagrou em Alqueidão, a população e a SRA resolveram homenagear os Bombeiros de Torres Novas, onde se fez uma “brincadeira com motos”, tendo nascido assim o motocross no Alqueidão.
A associação estagnou durante uns anos e foi rejuvenescida pela actual direcção por volta de 2006, que passou a investir em infraestruturas para poder receber eventos de maior dimensão. Graças a esse esforço, a SRA conseguiu voltar a integrar o calendário do campeonato nacional de motocross e em 2010 lançou uma equipa de desportos motorizados, quadcross e motocross, a X-Team SRA, composta por jovens da região, da qual se destaca o piloto Luís Outeiro, campeão nacional em diversas classes. Mais recentemente, a associação organizou também o Mundial de Sidecar, em 2023 e 2024, que é um dos orgulhos de João Pereira.

Futuro da associação e do motocross
Gerir uma associação é cada vez mais difícil, sendo uma das preocupações da colectividade a falta de interesse dos jovens no associativismo e também na modalidade. O presidente da direcção afirma que apesar da pista do crossódromo estar aberta praticamente todo o ano, são poucos os que se aventuram a experimentar. “Temos tentado abrir a pista para treinos e experiências, mas falta incentivo. O nosso terreno é mais duro e não é o ideal para iniciar, mas também não noto interesse dos jovens na modalidade”, reconhece. João Pereira afirma também que a própria modalidade enfrenta várias dificuldades, despoletadas por “falta de entendimento” entre clubes, pilotos e a federação, o que para o dirigente está a prejudicar o seu crescimento. “Este ano já decidimos não receber o campeonato nacional de motocross, por falta de entendimento com a federação. Não podemos continuar a fazer sacrifícios sem retorno. Quando não há respeito entre as partes, o desporto perde visibilidade, perde atletas e perde apoios”, afirma.
Ainda assim, o dirigente mantém a esperança de continuar a atrair novos públicos e eventos, sendo um dos desejos de João Pereira trazer para o Alqueidão o “Sidecar das Nações”, uma competição mundial que nunca foi realizada em Portugal. Apesar de prever desafios, também Ana Sousa acredita que o futuro da colectividade é promissor, confiando que as novas gerações vão herdar o “mesmo orgulho e sentido de missão” que marcou a sua, especialmente na dedicação às provas de motocross.

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