Vila Franca de Xira homenageia Octávio Pato no centenário do seu nascimento
É considerado um dos grandes resistentes anti-fascistas do concelho que morreu em Fevereiro de 1999.
A Câmara de Vila Franca de Xira aprovou, em reunião do executivo, uma moção de saudação assinalando o centenário do nascimento de Octávio Pato, destacando o seu percurso de luta antifascista, intervenção cívica e dedicação à causa dos trabalhadores.
Nascido a 1 de Abril de 1925, em Vila Franca de Xira, Octávio Pato iniciou a sua vida laboral ainda adolescente, como empregado de uma sapataria. Foi também muito jovem que deu os primeiros passos na intervenção política, ao criar com um grupo de amigos o jornal manuscrito “Querer é Poder”, que viria a despertar a atenção do Partido Comunista Português, através do seu irmão Carlos Pato e de Dias Lourenço. Aos 15 anos integrou a Federação da Juventude Comunista Portuguesa e, pouco tempo depois, já participava activamente na mobilização das greves agrícolas de Maio de 1944 nas lezírias do Tejo.
A moção agora aprovada destaca o papel central que Octávio Pato desempenhou na organização dessas greves e no apoio às centenas de grevistas presos e concentrados na praça de touros de Vila Franca de Xira. A perseguição política pela PIDE levou-o à clandestinidade em 1945, altura em que assumiu responsabilidades nas estruturas juvenis e estudantis do PCP, sendo posteriormente eleito para o Comité Central do partido.
Preso pela PIDE em Dezembro de 1961, Octávio Pato foi submetido a tortura e a um regime de incomunicabilidade prolongada, sem nunca ceder à repressão. Após o 25 de Abril de 1974, foi o primeiro dirigente comunista a apresentar-se ao general Spínola, antes mesmo do regresso de Álvaro Cunhal do exílio. Foi deputado à Assembleia Constituinte, presidente do grupo parlamentar do PCP e candidato à Presidência da República em 1976. Entre 1976 e 1991, foi deputado à Assembleia da República. O seu percurso foi sempre marcado por firmeza, coragem e uma profunda ligação à classe trabalhadora, valores que lhe granjearam o respeito de camaradas, adversários e milhares de cidadãos anónimos. Morreu a 19 de Fevereiro de 1999. O município sublinhou a importância de manter viva a memória do seu legado na construção da liberdade e da democracia em Portugal.