Torres Novas aposta em projecto inovador para reflorestar Serra de Aire

O município de Torres Novas apresentou no dia 31 de Maio, o projecto “Reflorestar a Serra d’Aire”.
O município de Torres Novas apresentou no dia 31 de Maio, o projecto “Reflorestar a Serra d’Aire”. A iniciativa, considerada pioneira em Portugal, propõe a dispersão aérea de cerca de um milhão de sementes de árvores autóctones na serra através de um drone. O projecto resulta de uma parceria entre a autarquia e a fundação norte-americana Almeida Carreira. A ideia partiu de Nuno Carreira, dirigente da fundação, natural de Torres Novas, que idealizou o projecto há cerca de dois anos. Nuno Carreira explica que a iniciativa passa pela recolha de cerca de 600 quilos de bolotas, que serão envolvidas em argila (uma técnica que protege as sementes e facilita a germinação), e que posteriormente serão lançadas por um drone nos vales mais húmidos da serra, de acordo com as indicações do ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas). “É um projecto a longo prazo e de pura crença, pois nenhum de nós, excepto os mais novos, vai ver a floresta reflorestada. Vai demorar entre 20 a 50 anos até se poder perceber se isto resulta e vai demorar 200 a 300 anos até a floresta estar madura e sustentável”, salienta.
A visão de Nuno Carreira foi enaltecida pelo presidente da Câmara de Torres Novas, Pedro Ferreira, que destacou o valor simbólico e ambiental do projecto. O autarca sublinhou a importância do envolvimento das várias entidades e da comunidade local, em especial os escuteiros, afirmando que este é um gesto que irá marcar as gerações vindouras. Também presente na apresentação, Miguel Domingues, director regional do Departamento de Gestão e Valorização da Floresta do ICNF, salienta que a iniciativa é inovadora, pois junta tecnologia de ponta com o envolvimento da comunidade, permitindo assim preservar uma serra que “é de quem cá vive, mas também de todo o mundo” pelo valor natural que representa. Miguel Domingues garantiu que o instituto está disponível para apoiar todas as fases do projecto, tanto a nível técnico como logístico, e sublinhou ainda a importância da boa divulgação da iniciativa, de forma a permitir que o modelo possa ser replicado noutras regiões.
A apresentação da iniciativa incluiu uma breve demonstração do processo de dispersão das sementes e da recolha e cobertura das bolotas em argila, ficando a tarefa da recolha maioritariamente a cargo dos escuteiros. O processo de recolha deverá começar brevemente, com a sementeira a decorrer entre Outubro e Dezembro deste ano, estimando-se que sejam necessárias 40 a 50 horas de voo para semear as zonas da serra previstas.