Constância reclama apoios para abrir casa digna da memória de Camões

Reivindicações não são novas mas são renovadas depois do novo Governo tomar posse e de Constância assinalar a 28.ª edição das Pomonas Camonianas, que visa homenagear o poeta e a sua relação com a vila.
A Câmara de Constância reivindicou apoios do Estado para abrir em Portugal uma casa digna da memória de Camões, espaço que já existe mas sem conteúdos e recursos humanos, sendo objectivo dignificar a história do poeta maior português. “Camões não tem nenhuma Casa no nosso país erguida em sua homenagem mas a verdade é que em Constância já existe. Não existe nos conteúdos e não existe nos recursos humanos necessários para poder funcionar, mas existe. Temos uma Casa Memória construída e a única coisa que falta é dotá-la de recursos financeiros e humanos para poder funcionar de forma permanente”, disse à Lusa o presidente da câmara, Sérgio Oliveira (PS).
Tendo estimado um investimento necessário “entre 1,5 e 2 milhões de euros”, o autarca afirmou que não seria um investimento para a Constância mas para o país. “Obviamente que não será um ponto de atracção em Lisboa, nem no Porto, nem em Coimbra, será numa vila pequenina que fica a uma hora de Lisboa, mas que também é importante para o país e é uma forma de, numa altura em que se fala tanto de dar dinâmica a concelhos mais pequenos e a territórios mais afastados do litoral, este seria um investimento pequenino, tendo em conta a grandiosidade do Orçamento do Estado, mas que traria benefícios bastante significativos para toda esta região”, declarou. “No dia em que o projecto de Camões em Constância esteja completo, ou, melhor dizendo, reafirmado, a afirmação do concelho será muito maior. E o reafirmar deste projecto faz-se com a abertura de forma permanente da Casa Memória de Camões. No dia em que se realize, Constância passará a ser o Centro Nacional e Internacional para o estudo a aprofundamento de Camões”, explicou o autarca.
A Casa Memória de Camões começou a ser pensada e construída há 50 anos, mas até hoje nunca foi aberta ao público e aos turistas, com actividades regulares, a exemplo do que sucede em outros países, com outras figuras históricas, como em Espanha, com a Casa Cervantes, ou em Inglaterra, com a Casa Shakespeare. Sobre as ruínas que o povo aponta como tendo sido as da casa que o acolheu, foi erguida a Casa Memória de Camões para perpetuar a memória do poeta à vila ribatejana. Em Constância, existem ainda o Monumento a Camões do mestre Lagoa Henriques e o Jardim-Horto Camoniano, desenhado pelo arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, que apresenta a maior parte das plantas referidas por Camões na sua obra e é considerado um dos mais vivos e singulares monumentos erguidos no mundo a um poeta.
A denominada ‘Vila Poema’ assinala todos os anos o Dia de Portugal e de Camões com a deposição de uma coroa de flores junto à estátua ali erguida e com uma recriação histórica e um mercado quinhentista, retratando a época em que viveu o poeta e envolvendo a população, a comunidade escolar e as associações do concelho.