Romaria ao Senhor da Boa Morte em Povos fortalece identidade local

Tradição cumpriu-se em Vila Franca de Xira e dezenas de fiéis realizaram a peregrinação até ao Alto do Senhor da Boa Morte.
O feriado municipal da quinta-feira da Ascensão em Povos, Vila Franca de Xira, é, sinónimo de peregrinação ao Alto do Senhor da Boa Morte. Várias dezenas de pessoas, desde colectividades a grupos de católicos ou até mesmo alguns curiosos, reuniram-se no Largo do Pelourinho e iniciaram a subida até ao santuário. O percurso, feito em ambiente de silêncio e oração, é marcado por cânticos religiosos e momentos de introspecção que ajudam a fortalecer o espírito comunitário, desde os mais novos aos mais velhos.
Benvinda Ferreira é uma das figuras com maior actividade paroquial no concelho de Vila Franca de Xira e faz também parte da irmandade do Senhor da Boa Morte, entidade que levou a cabo as comemorações. Durante a peregrinação, envergava um estandarte com a figura do santo e admite que a crença católica é a grande força da sua vida. Catequista na paróquia local, admite que existem muitos jovens a aderir à religião e a participar activamente nas práticas católicas. “É importante existir uma crença que os guie”, afirma, considerando que a religião não faz de alguém melhor ou pior pessoa, mas um estilo de vida guiado pela fé é fundamental.
Num dos primeiros lugares da procissão peregrina, um dos crentes carregava uma cruz que o próprio fez em casa. José Fernandes conhecia a tradição da peregrinação e durante os anos em que esteve emigrado na Suíça foi participando esporadicamente, mas desde que voltou do país marca presença anualmente. Mesmo com as exigências para o corpo e a cruz a servir de apoio, conseguiu completar o percurso, que até já chegou a fazer descalço. “É um sacrifício que ofereço em nome da minha fé”, explicou a O MIRANTE.
A peregrinação terminou por volta das 11h30, sendo imediatamente encaminhada para a Ermida do Senhor da Boa Morte, onde decorreu a missa comemorativa da ocasião, que teve em destaque uma homília em que se falou sobre a partida de ente-queridos e a sua representatividade no contexto católico. A cerimónia terminou com a habitual procissão em torno da igreja e o benzer dos campos por parte do pároco, na presença da figura do Senhor Jesus da Boa Morte junto à cruz do santuário. O momento, de forte carga simbólica, visa pedir boas colheitas e protecção para a comunidade local. Após o recolher da estátua, as cerimónias religiosas terminaram, mas foram várias as pessoas que ficaram para passar a tarde na romaria.