Tuna de Abrantes voltou a levar para a cidade o espírito de amizade e paixão pela música

No coração de Abrantes voltou a erguer-se uma tradição que resiste ao tempo e renasce a cada geração: a Tuna da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes. Fundada há 26 anos, é mais do que um grupo musical, é o reflexo de um espírito colectivo, feito de dedicação, amizade e paixão pela música.
Depois de um período de inactividade, o regresso da Tuna da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA) foi um processo desafiante e exigente, mas também profundamente gratificante, onde se envolveram estudantes de diferentes cursos, movidos por um sentimento comum: “o de devolver à escola e à cidade uma tradição que durante anos marcou a vivência académica e comunitária”. Mais do que recuperar tradições, tratou-se de recuperar um espírito que se manifesta nos ensaios ao final do dia, na dedicação, na partilha de responsabilidades e no orgulho de representar uma escola e uma cidade fora de portas.
Este ano, e pela vigésima primeira vez, voltou o “fESTA” às ruas da cidade. Sara Reis, estudante de Informática de 20 anos, explica que o “fESTA” é um festival de tunas organizado pela ESTATuna que celebra a cultura e o talento jovem reunindo tunas de todo o país. Este ano, mais do que nunca, o festival foi um grito de resistência e de esperança onde o principal objectivo foi reactivar a Tuna: “queremos voltar a trazer uma memória que era muito importante para nós. Quando começámos a sair e a ter contacto com outras tunas, todos nos perguntavam: quando é que vai voltar o fESTA? Porque realmente foi uma coisa que marcou gerações”, explicou Sara a O MIRANTE. Para muitos, o fESTA era o momento alto do ano, por isso, o regresso da tuna e o regresso do festival representa mais do que uma celebração académica, é um gesto de identidade e um presente à comunidade.
Organizar o evento não foi tarefa fácil, a logística, o apoio da câmara municipal, da Escola e dos próprios membros exigiu esforço constante: “é um misto de emoções que vai desde o orgulho, à felicidade e ao cansaço, mas no final do dia vale a pena”, explica Rui Almeida, estudante de Cinema, de 32 anos. “O maior problema é mesmo a falta de pessoas. Dez pessoas a fazer um evento deste tamanho é muito complicado”, admite Sara Reis. Apesar das dificuldades, o sentimento que prevalece é o de orgulho por estar de novo a cantar na praça Raimundo Soares. Em frente ao edifício dos Paços do Concelho.
Este ano, o fESTA contou com a presença da tuna do Instituto Politécnico de Leiria e da tuna da Escola Superior de Lamego. Ana Vieira, estudante de Comunicação Social, de 20 anos, é a nova integrante da ESTATuna e está a dar seguimento ao legado do pai, que também esteve no colectivo. Ana explica como é criar amizades e como a tuna mudou a sua vida: “gosto muito de música, estudei cinco anos e agora sou solista da ESTATuna. Dá trabalho, claro, mas graças à tuna comecei a ter uma vida social muito mais activa e a aproveitar momentos com os amigos”, conta, acrescentando que a tuna é um lugar de união. “Aprendi o valor do trabalho, da organização e do método”, acrescenta.

Homenagem ao professor Nuno Madeira
Para a Tuna o apoio de professores, estudantes e da própria comunidade abrantina é fundamental para que consigam manter-se firmes no seu percurso e não perderem de vista o seu propósito. Entre essas figuras marcantes que acompanharam de perto o crescimento da Tuna, destaca-se o professor Nuno Madeira, cuja partida, há cinco meses, deixou um vazio profundo, mas também uma herança de inspiração e força. No final da noite, a sua memória foi evocada com emoção e respeito: “o professor Nuno nunca nos deixou desistir, recordando-nos sempre a nossa missão. Foi um pilar essencial, um mentor verdadeiro, e alguém que acreditou profundamente em nós motivando-nos a voar mais alto e a sonhar sem limites. Obrigado por tudo, professor, prometemos continuar a honrar a sua memória. Estará sempre connosco”.
