Cultura | 21-06-2025 18:00

Criatividade e inclusão são as palavras de ordem da associação Além Mundus de Abrantes

Criatividade e inclusão são as palavras de ordem da associação Além Mundus de Abrantes
Além Mundus transforma o Souto num palco criativo e comunitário no coração do Ribatejo - foto O MIRANTE

Além Mundus é uma associação do Souto, freguesia do concelho de Abrantes, que investe na cultura e na arte como mecanismo de dinamização do território. Foi fundada em 2020 por Carolina Serrão, Sofia Estriga e Carolina Capanela.

Na freguesia do Souto, no concelho de Abrantes, nasceu um projecto que faz da cultura um motor de transformação social e de regeneração comunitária. A Associação Além Mundus, fundada em 2020 por Carolina Serrão, Sofia Estriga e Carolina Capanela, três profissionais da cultura, surge com a missão de transformar o interior num palco fértil de criação e encontro. “Queríamos construir um espaço onde pessoas de diferentes contextos pudessem verdadeiramente coexistir, aprender umas com as outras e criar juntas”, explica Sofia Estriga a O MIRANTE. Carolina Serrão acrescenta: “queríamos viver e trabalhar noutro ritmo, noutro tempo, num espaço onde o cuidado viesse antes da pressa, onde o valor estivesse na presença. É como uma forma de resistência, ir contra o sistema e imaginar outras formas”.
A Além Mundus posiciona-se não apenas como um projecto artístico, mas como um território ético e cultural, onde a transformação começa pela escuta, pela relação e pela valorização da diferença. O nome da associação não é acaso. Além Mundus significa ir além do mundo conhecido, físico e mental: “Queremos abrir mentes, trazer artistas de fora, provocar esse confronto entre quem chega e quem cá está e também perceber o que pode surgir desse encontro. É uma forma de irmos além da nossa própria realidade e escutarmos o mundo, mesmo daqui”, diz Carolina Serrão. A pandemia foi decisiva nesta viragem. “Se não tivesse havido pandemia, talvez ainda estivéssemos em Lisboa. Foi no silêncio da pandemia que percebemos a importância de parar, de escutar, de sair do ruído”, sublinham.
Para as responsáveis o Ribatejo é o melhor lugar para a criatividade, para além do Souto ser a aldeia onde nasceu Sofia Estriga. “Esta zona do Ribatejo tem muito potencial, mas não tem a visibilidade do Alentejo ou do Minho. E por isso também quisemos vir para cá, para ser essa porta aberta para o país e para o mundo. Queremos formar novos públicos, criar hábitos culturais aqui em Abrantes”, afirma Carolina Serrão. Um dos maiores desafios para a associação tem sido o financiamento. “Temos o apoio da Câmara Municipal de Abrantes, que tem sido incrível, mas queremos um projecto profissional para pagar salários, contratar pessoas e criar emprego aqui. Para isso é preciso ir além do financiamento local”, refere. Por outro lado, persistem desafios estruturais como o acesso e a mobilidade entre os concelhos. “Se houvesse um autocarro cultural como existe noutros países, que ligasse os vários pontos do concelho sempre que há iniciativas, mudava tudo e aproximava as pessoas”, explica Sofia Estriga.
A Além Mundus tem desenvolvido vários projectos que impactaram positivamente a região, como a realização da Festa do Futuro, oficinas e peças de teatro, dança, a presença de artistas locais e internacionais, assim como espectáculos artísticos e culturais temáticos. A Além Mundus vai contar com uma nova sede na antiga escola primária de Bioucas. “Vai ser quase como uma galeria de arte, amplo, limpo, um lugar onde se possa criar muitas coisas, por exemplo, uma oficina viva para exposições, workshops, residências artísticas”, conta Carolina Serrão. O objetivo é simples, criar um espaço aberto à comunidade, à criação e ao mundo.

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