Camões celebrado em Constância com mais pedidos de apoio para a Casa-Memória

Constância deu vida à XXVIII edição das Pomonas Camonianas, com um programa recheado de actividades que evocaram Camões e o seu tempo. Um dos pontos altos foi a tradicional homenagem junto ao Monumento a Camões, no dia 10 de Junho, marcada por discursos de entidades oficiais, que reiteraram a necessidade de apoio do Governo à Casa-Memória de Camões.
Constância voltou a prestar tributo a Luís Vaz de Camões com a XXVIII edição das Pomonas Camonianas, que decorreu entre os dias 6 e 10 de Junho. O evento, que celebra a vida e obra do poeta e a sua ligação à vila, incluiu diversas iniciativas culturais ao longo de cinco dias, desde espectáculos musicais à realização do Mercado Quinhentista. Um dos pontos altos das festividades foi a habitual homenagem oficial ao poeta, que decorreu na tarde do dia 10, junto ao Monumento a Camões, com a deposição de coroas de flores e intervenções de entidades oficiais.
O momento teve como ponto central o discurso do presidente da Câmara Municipal de Constância, Sérgio Oliveira, que voltou a reforçar a importância de Camões como símbolo da identidade cultural de Constância e de Portugal. O autarca sublinha que a ligação da vila ao poeta não se esgota na tradição das Pomonas ou nas homenagens pontuais, destacando o papel importante da Casa-Memória de Camões na vila e o reconhecimento que esta obteve a nível regional e nacional, pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo e pelo Ministério da Cultura em 2019. No entanto, frisou que o trabalho em torno da estrutura está longe de terminar, defendendo que bastaria uma pequena verba para transformar a Casa num verdadeiro centro cultural ao serviço da comunidade. “Temos consciência de que um projecto cultural que envolva Camões está sempre em construção. É dinâmico. E por isso mesmo vamos continuar a lutar pela criação de uma verdadeira casa-museu dedicada a Camões, que esteja à altura do seu grande nome”, salienta.
Máximo Ferreira, presidente da Associação Casa-Memória de Camões, recorda que a instituição tem feito o possível com os recursos disponíveis, reconhecendo avanços como o aumento do número de visitantes e a instalação de cadeiras elevatórias, em termos de acessibilidade. Ainda assim, alertou para as fragilidades da estrutura actual, como a ausência de salas de leitura e de espaços adequados para oficinas pedagógicas. Sublinha também que existe um projecto aprovado pela câmara para a reabilitação do edifício em ruínas anexo à Casa-Museu, cuja execução continua dependente de financiamento.
A directora do Agrupamento de Escolas de Constância, Olga Antunes, frisa a importância das Pomonas Camonianas na vivência escolar e na formação cívica dos alunos, destacando o papel da escola na preservação da tradição das Pomonas Camonianas. A directora afirma que actividades como esta ajudam a criar memórias e a formar cidadãos mais preparados para os desafios do mundo actual salientando que Constância é “uma boa escola para ganhar outras aprendizagens diferentes daquelas que os manuais trazem”.
O último dia das celebrações dedicadas a Camões terminou com declamações de poesia por alunos do Agrupamento de Escolas de Constância, culminando à noite com o espectáculo ‘Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades’, apresentado pelo Choral Phydellius na Igreja da Misericórdia.
Sérgio Oliveira: “não pedimos um milagre”
O presidente da Câmara de Constância, Sérgio Oliveira, reiterou a intenção do município em avançar com a requalificação e ampliação da Casa-Memória de Camões, sublinhando a importância de reunir apoio do Governo para concretizar o projecto. “Temos que continuar a persistir e falar com mais forças políticas e ministros, como a Ministra da Cultura, que nos possam efectivamente dar força para que o projecto se realize de uma vez por todas”, afirmou em declarações ao O MIRANTE.
Apesar de entraves provocados pelas mudanças governativas, Sérgio Oliveira acredita que o novo executivo poderá retomar o processo do projecto, pretendendo em breve encontrar-se com a nova ministra da Cultura. “Não pedimos um milagre. Previamente falámos com a antiga ministra da Cultura, que veio a Constância e que nos deu algum alento de que Governo iria olhar o projecto e que nos iria auxiliar. Agora com o novo Governo estamos a planear reunirmo-nos com a nova ministra e procurar saber em que ponto está o processo” disse, destacando que se trata de um investimento reduzido para o Estado, mas com grande impacto regional e nacional.