Cultura | 24-06-2025 21:00

Antologia poética mostra vitalidade cultural na Póvoa de Santa Iria

Antologia poética mostra vitalidade cultural na Póvoa de Santa Iria
Leituras de poesia marcaram o lançamento da obra Poetas da Póvoa de Santa Iria (e convidados) - foto O MIRANTE

A poesia voltou a juntar autores na Póvoa de Santa Iria com o lançamento de uma nova antologia que reúne 34 poetas, entre locais e convidados. O evento decorreu no Grémio Dramático Povoense e reforça a dinâmica da iniciativa “Poesia no Palácio”, que há mais de uma década dá palco à criação poética na freguesia.

A poesia voltou a reunir vozes na Póvoa de Santa Iria. A sede do Grémio Dramático Povoense foi palco do lançamento de uma nova antologia que conta com versos de 21 poetas da freguesia e mais 13 poetas convidados. Todos dizem que a poesia continua viva na Póvoa e uma prova disso é a iniciativa “Poesia no Palácio”, que se realiza oito vezes por ano, há 11 anos, no Palácio da Quinta Municipal da Piedade.
Artur Santos tem sido o dinamizador das tertúlias poéticas na Póvoa e o responsável pelo livro “Poetas da Póvoa de Santa Iria (e convidados)”. Ainda assim, conta que reunir poetas, especialmente os que escrevem em silêncio, longe de palcos ou publicações, não é tarefa fácil. “Há pessoas que gostam muito de escrever poesia, mas intimidam-se. Não vão aos eventos, não mostram o que escrevem. Tenho orgulho em contribuir para que alguém escreva e diga poesia”, conta.
Helena Cavacas Veríssimo foi uma das poetisas que aceitou o repto de Artur Santos e participou na antologia. Apesar de escrever poesia apenas desde o ano passado, já escrevia em prosa e dinamiza a Tertúlia Literária na Universidade Sénior de Vila Franca de Xira, delegação da Quinta da Piedade, que no próximo ano dará lugar à cadeira de Literatura. “Sou de letras e sempre gostei de ler e escrever. A poesia popular é considerada mais brejeira, mas mesmo essa é séria, e para mim isso não existe. Só existe, apenas, poesia”, reitera.

Poesia sem rótulos
Artur Santos recusa o rótulo de poesia popular e qualquer desvalorização dos textos. “Isso não diz rigorosamente nada. Dizer que a poesia popular é menor não faz sentido. Então e o António Aleixo? Era o quê? Um poeta popular. Mal sabia ler e escrever, e deixou-nos uma poesia com uma qualidade literária que muitos poetas não conseguiram alcançar. Dizer que uma poesia é boa ou má depende do olhar de quem lê”, defende.
Há mais de 20 anos que não era lançado um livro com poemas de autores da Póvoa. O primeiro foi publicado em 1999 e o segundo em 2002, pela extinta Associação Dom Martinho. António Nabais, que fez parte da associação e assina, em conjunto com Agripina Moreira, o prefácio da nova obra, realça que quase todos os poetas deste livro não participaram nos anteriores, até porque muitos já faleceram.
Ele próprio, que não se considera poeta, participa na antologia e recorda que foi na prisão de Caxias que teve os primeiros contactos com este género literário. “Foi por intermédio do Manuel da Fonseca, o meu preferido, o maior poeta neo-realista. Tenho uma dúzia de poemas escritos pela vontade que tenho, de coisas que sinto”, explica.
Artur Santos lamentou a ausência de resposta por parte da Câmara de Vila Franca de Xira e da Junta de Freguesia da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa, em relação ao evento realizado no Grémio. “Temos sido ignorados e nem sequer respondem. Não me importo nada com isso. A Poesia no Palácio deve-se muito à directora da biblioteca da Póvoa, Conceição Matos”, referiu.

Eugénia Edviges, cara conhecida de Benavente, foi convidada para a antologia de poetas da Póvoa - foto O MIRANTE

Eugénia Edviges integra colectânea de poetas da Póvoa

A participação na “Poesia no Palácio” foi o ponto de partida para a entrada de Eugénia Edviges na antologia poética, mas o seu percurso cultural vai muito mais além. Natural de Benavente, foi durante vários anos funcionária da câmara municipal e é uma cara conhecida do concelho onde ainda reside. “Desde que me reformei, nunca parei”, afirma com orgulho.
Frequenta a Universidade Sénior de Benavente, integra um grupo de jograis, pertence a um grupo de teatro e participa em grupos de poesia em Coruche, Alverca e Vila Franca de Xira. Para além da poesia, escreve também teatro, e já viu pelo menos três peças suas levadas à cena. O seu último livro publicado foi de literatura infantil, mas não fecha portas ao regresso à poesia: “Estou sempre a pensar nisso. Talvez saia um livro de poesia. Qualquer ideia que tenha, ponho no papel e escrevo poesia”, diz.

Artur Santos é um dinamizador da poesia na Póvoa de Santa Iria; António Nabais assina o prefácio do livro e recorda poetas da Póvoa - foto O MIRANTE

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