No Bairro de Santo António em Torres Novas o povo junta-se para dar vida às festas populares

As festas de Santo António de Torres Novas realizam-se há mais de 100 anos e é a vontade das gentes do bairro que mantém de pé a tradição. Os voluntários dedicam o seu tempo e energia para animar o bairro e homenagear o Santo Padroeiro.
A azáfama é grande no Bairro de Santo António em Torres Novas no final da tarde de 12 de Junho. É véspera de Santo António e não faltam muitas horas para a marcha sair à rua e as mesas do arraial se encherem de gente para os tradicionais comes e bebes. A Associação de Festas de Santo António é composta apenas por voluntários e é a sua disponibilidade e entrega que mantém a festa viva ano após ano. Para que tudo funcione de forma coordenada, estão estabelecidas várias equipas de trabalho, os seus membros e respectivas funções. A capela de Santo António está engalanada para a festa, mas há ainda retoques a fazer e Susana Bué é quem trata de segurar todas as pontas para que tudo esteja pronto a horas. A madrinha da marcha deste ano confessa-se já cansada ainda antes de começar a marchar. A marcha leva meses a preparar, mas assim que rufam os tambores é como se todo o cansaço desaparecesse.
Na secção das grelhas e das brasas está uma equipa coesa, que vai no terceiro ano a garantir que a festa serve o melhor frango assado. Rui Alves, 52 anos, fala um pouco da ciência de bem assar o frango, desde garantir uma brasa sem chama a perceber o calor necessário para o peso médio dos frangos para os assar no ponto. “Tudo o que fazemos é com amor e respeito aos animais de que nos estamos a servir”, garante Rui Alves. O grelhador é também um espaço de muito convívio e junto da equipa composta por Rui Alves, Rui Alexandre, Rui Américo e Abílio Oliveira trabalho há sempre e animação também.
A correria da equipa da cozinha é cada vez maior quanto mais se aproxima a hora de começar a servir comida. Há sempre alguma tarefa que ainda falta fazer e é importante garantir que nada fica ao acaso. Fátima Castro, 49 anos, não esconde que preparar uma festa como a de Santo António é um processo longo e cansativo, mas no final do dia é gratificante ver as pessoas bem-dispostas e animadas, acrescenta. Sopa da pedra, caldo verde, moelas, migas, batatas, o frango e a sardinha que vêm das grelhas, tudo é preparado com a maior dedicação para que quem visita as Festas de Santo António saia satisfeito e com vontade de voltar no ano seguinte. Do lado de fora da cozinha, atrás do balcão, são muitas as camisolas cor-de-laranja do staff que se movimentam atarefadas de um lado para o outro. Saltam à vista Lourenço Ribeiro, Rodrigo Pereira, Núria Lopes e a Letícia Santos. São jovens voluntários, com idades entre os 11 e os 14 anos, mas nem por isso estão menos certos do papel que desempenham. Lourenço e Rodrigo servem à mesa com a tranquilidade de quem o faz há anos, recolhendo pedidos e levantando a loiça. “Já ganhei aqui umas boas gorjetas”, partilha Lourenço com um sorriso de quem não parte um prato. Atrás do balcão, Núria recebe os pedidos vindos das mesas e faz a ligação com a cozinha enquanto Letícia se encarrega de despachar os pedidos de bebidas, de tanto trabalhar com a máquina de tiragem de imperiais já se considera uma verdadeira mestre.
É assim que se vivem e respiram as festas no Bairro de Santo António, em Torres Novas, onde a união de um povo faz as coisas acontecer, sempre de maneira diferente, mas com lugares comuns como a amizade e o respeito pelas tradições da terra.

