Arraial de comerciantes é uma das grandes tradições das festas do Cartaxo

Festas do Cartaxo encerraram com arraial “Comércio Com Vida”, um momento que se vai tornando tradição no dia do padroeiro da cidade. Artesãos tiveram também lugar diferente nas comemorações deste ano e um novo mural dedicado à vinicultura é o novo destaque da Praça 15 de Dezembro.
O Cartaxo vestiu-se de cor e alegria para celebrar São João Baptista, padroeiro da cidade. O “Comércio com Vida” transformou as ruas Batalhoz, Serpa Pinto e a Avenida João de Deus num verdadeiro arraial popular, com sardinhada, decorações coloridas e o burburinho de quem saiu à rua para celebrar e viver a festa, naquele que foi o último dia das Festas da Cidade do Cartaxo.
Organizado por um grupo de comerciantes locais que, há três anos, decidiram criar esta tradição, o evento tem um objectivo claro: aproximar a população do comércio tradicional, lembrando a importância de comprar no que é da terra. Mas também é, acima de tudo, uma festa que devolve à cidade a alegria dos Santos Populares e o espírito comunitário. David Madeira é proprietário do “Churrasco D`David”, no mercado do Cartaxo. Habituado à grelha, foi o “eleito” para grelhar e distribuir as sardinhas pelas dezenas de populares que faziam fila. “Tivemos esta ideia há três anos, com o objectivo de trazer as pessoas à rua e dar-lhes um pouco de festa popular. Juntámo-nos vários comerciantes e temos vindo a organizar todos os anos, vai-se tornando já tradição”, confessa.
Madalena Guedes é um dos rostos da Howell Guedes, drogaria centenária na rua Batalhoz. É com as portas abertas e uma mesa recheada de petiscos, incluindo o patê que a própria confeccionou, que recebe os visitantes que procuram um assento durante o arraial. Professora de inglês em Pontével, é uma das herdeiras da drogaria com mais de 120 anos e acredita que a iniciativa “Comércio Com Vida” é uma oportunidade de dar movimento às principais artérias da cidade e aproximar a população do comércio local, com espírito comunitário.
Pelas 18h00 as bancas começaram a encher-se de sardinhas assadas, pão e caldo verde. As esplanadas, improvisadas nos passeios pelos próprios comerciantes, ficaram rapidamente cheias. O evento, integrado nas Festas da Cidade, tornou-se um dos momentos mais esperados do mês de junho. À medida que o sol se punha, a música popular começou a ecoar pelas ruas, dando o ritmo a pares de dança improvisados que não quiseram perder a festa. “O comércio é que menos ganha neste dia”, admite Celeste Bento, gerente da Artiflor, florista no centro da Rua Batalhoz. A comerciante montou em frente ao seu negócio uma mesa com diversos petiscos e bebidas, que rapidamente iam sendo degustados pela população. “O mais importante é a festa e proporcionar às pessoas uma experiência diferente, junto de nós”, afirma.
Artesãos com forte presença nas Festas
Os artesãos ficaram mais próximos do recinto das festas. Brigite Reis é cartaxeiro de gema e há vários anos que elabora diversos tipos de bugigangas. Tudo começou quando uma amiga lhe pediu para arranjar um colar e a mesma, reconhecendo que “sempre teve jeito com as mãos”, acredita ter desbloqueado a vontade para fazer os seus próprios acessórios. Confessa que o mundo do artesanato já a fez conhecer muita gente e reconhece que a mudança da localização das bancas foi importante para ter uma maior montra, mesmo no centro do recinto. “O Cartaxo já não é o que era, mas é bom ver movimento durante estes dias”, admite.
Uma outra história ligada à arte de bem fazer é a de Fernanda Santos, antiga empregada de limpeza e agora reformada, que há 10 anos, quando a filha ficou sem trabalho, começou a coser e a vender as suas próprias peças. Natural de Pontével, admite sempre ter gostado de coser e bordar, mantendo o negócio mesmo depois da filha ter voltado a encontrar emprego. “É uma forma que tenho de ser mais activa”, confessa, revelando que vai fazendo várias feiras e festas em todo o concelho.
O mural incompleto finalmente concluído
Harley Costa é natural do Brasil, mas foi no Cartaxo que se instalou há cerca de três anos. Empenhado em envolver-se com a cultura local e contribuir para a terra que o acolheu, foi pintando murais a pedido do município, que vão dando cor à cidade. Foi na Praça 15 de Dezembro que passou grande parte dos dias das comemorações, acompanhado pelas suas latas de spray e com a máscara posta, mesmo com o calor que se fazia sentir. Tudo com o objectivo de terminar uma obra que tinha começado há anos, com a pintura do mural numa das paredes superiores do jardim. Desta vez, foi tempo de concluir o projecto e elaborar nova pintura na outra parede, que ainda se encontrava vazia. Empenhado em evidenciar a cultura e tradição do Cartaxo, a nova obra do artista tem como principal tema a vindima e o vinho, num projecto onde não deixou de incluir o seu traço mais pessoal. A arte de Harley Costa já se faz espalhar por vários lugares do Cartaxo e o próprio faz questão que assim continue a ser. “Quero deixar a minha marca, também em forma de agradecimento pela maneira como fui acolhido aqui”.
