Escola de música da banda de Arruda dos Vinhos tem o futuro garantido

Não importa o instrumento: na Banda da Santa Casa da Misericórdia de Arruda dos Vinhos todos são bem vindos e respira-se um ambiente familiar. Fundada há 16 anos, tem feito o seu caminho de forma discreta mas sempre a crescer e levando mais longe o nome da vila.
A banda da Santa Casa da Misericórdia de Arruda dos Vinhos está a celebrar 16 anos de existência e assume-se como um símbolo da identidade local, não só como entidade de formação musical mas também no papel de promotora da união comunitária. Foi fundada por iniciativa do actual Provedor da Misericórdia, Carlos Lourenço, com o apoio de outras pessoas.
“A banda surgiu por minha iniciativa, porque na altura já pertencia à antiga escola de música, que acabou, e prometi a mim mesmo que haveríamos de voltar a ter uma banda”, recorda Carlos Lourenço a O MIRANTE. Para as procissões e corridas de toiros contratavam sempre bandas de fora e por isso os dirigentes não baixaram os braços, sempre com a ambição de ter uma banda que representasse a terra e fosse para eles motivo de orgulho. “O nosso maestro deu-nos um novo impulso e foi uma aposta ganha, não me arrependo minimamente. Somos hoje um orgulho para a terra e a região. Além da formação que damos a todos os jovens, somos uma banda muito importante para a vila”, acrescenta.
Hoje a banda conta com 45 músicos e tem o futuro assegurado, com cerca de quatro dezenas de alunos a frequentar a escola de música, que funciona durante a semana ao final do dia de forma gratuita na Casa da Música - um espaço nas antigas instalações da creche da Misericórdia, desactivada após a mudança para um novo complexo.
Na manhã de sábado, 12 de Julho, realizaram-se as audições de fim de ano, onde os músicos da escola apresentam os trabalhos preparados ao longo do ano lectivo perante o maestro da banda. “Com base nisso, o maestro escolhe se quer convidar algum dos alunos para integrar a banda. Há sempre dois ou três músicos da escola que dão o salto para a banda”, diz José Gageiro, mesário responsável pela banda e um rosto conhecido em Arruda dos Vinhos. “Para chegarmos onde estamos hoje é preciso suar muito a camisola”, admite.
Incutir valores nos jovens
Desde há dois anos, a direcção musical está a cargo do maestro Pedro Almeida, que encontrou no grupo muito mais do que talento. “Encontrei uma banda com um grande coração e com uma grande vontade de fazer mais e melhor. Pessoas com muita vontade de chegarem mais longe, enfrentarem novos desafios, quererem fazer outro tipo de trabalho e repertório”, explica. A banda está equilibrada musicalmente e com instrumentistas em vários naipes. O repertório é variado e vai desde a música ligeira ao pasodoble, música religiosa e até música de orquestra.
“Cada vez mais é importante os jovens aprenderem música. O nosso mundo está dominado pelas tecnologias, pela inteligência artificial, onde qualquer pessoa que precise de fazer alguma coisa consegue-o no imediato. Os jovens esperam que tudo o que queiram se concretize no segundo a seguir. Aqui educamos os valores da paciência, resiliência, trabalho, empenho. A música é um processo lento, que requer prática e demora a obter bons resultados. Requer dedicação”, refere o maestro.
Para José Gageiro, a banda é mais do que um grupo musical: é uma família, onde se ri e chora em conjunto se for preciso. Actualmente a banda tem a agenda cheia e não lhe falta trabalho um pouco por todo o país e no estrangeiro, incluindo em várias praças de toiros. Dia 19 abriram a temporada na praça de toiros da Nazaré e depois seguem para Oeiras, Vilar Formoso, Ciudad Rodrigo (Espanha), Sobral de Monte Agraço e voltam a Arruda dos Vinhos para as festas do concelho. Depois fecham a temporada tauromáquica no Campo Pequeno.
“Levamos sempre o nome de Arruda dos Vinhos connosco. Este ano estamos muito orgulhosos de podermos desfilar no 1º de Dezembro na Avenida da Liberdade, em Lisboa, no desfile das bandas filarmónicas. Seremos a única banda das Santas Casas da Misericórdia do país nesse desfile”, acrescenta José Gageiro.
Para o futuro, os planos da banda são ambiciosos mas fundamentados naquilo que já foi alcançado. Querem continuar a crescer e a levar mais longe o nome de Arruda dos Vinhos. “A nossa banda tem um som muito genuíno, próprio e bom, graças ao maestro Pedro Almeida. Queremos criar uma banda maior, com mais respostas a nível musical para continuar no bom caminho e manter esta chama acesa”, acrescentam os dirigentes.