Arruda dos Vinhos celebra com ceia real os 500 anos das festas de Nossa Senhora da Salvação

Sessão evocou o dia em que D. João III realizou um jantar no centro da vila para celebrar a entrada em obra da Igreja de Nossa Senhora da Salvação, cuja reconstrução foi ordenada por D.Manuel I depois de ali se refugiar da peste negra.
Cinco séculos depois, Arruda dos Vinhos voltou a recriar a ceia real que marcou o início das obras da igreja matriz da vila, em honra de Nossa Senhora da Salvação, com um evento especial que juntou uma centena de pessoas da comunidade. Reza a história que, em 1525, a igreja estava em ruína, devido a vários terramotos ocorridos na idade média, quando D. Manuel I se refugiou em Arruda dos Vinhos para escapar da peste negra. “Nessa altura ele fez uma promessa, de que se a família real sobrevivesse reconstruiria a igreja, dedicá-la ia a Nossa Senhora da Salvação e ordenou que a 15 de Agosto de cada ano se fizesse uma procissão em sua honra”, explica a O MIRANTE o arrudense Paulo Câmara, técnico superior do município e um apaixonado por história. Mais tarde, quando Dom João III sobe ao trono, decide cumprir com a promessa do pai e organizou uma ceia real, precisamente no adro da igreja, para assinalar o início das obras na igreja, que decorreram até 1531.
Na noite de sexta-feira, 1 de Agosto, Arruda dos Vinhos recriou essa ceia, com uma centena de pessoas da comunidade que se inscreveram previamente para o jantar, organizado pelo município e pela paróquia. “É um momento que apela às nossas tradições e memória colectiva e a antecâmara da festa. Dá uma motivação acrescida para entrarmos no espírito que nos traz aos dias de hoje. É fundamental mantermos esta identidade, tradições, valores e princípios arrudenses”, defende a O MIRANTE Carlos Alves (PS), presidente do município, que também se trajou à época.
A comunidade vestiu trajes da época, que lhes foram emprestados pela organização, tendo em vista recriar o cenário que se viveria na altura: uma mesa composta por um séquito de damas e nobres da corte, nobreza rural local e o alcaide local e os vereadores que compunham o conselho de Arruda na altura, que já tinha foral emitido. “No fundo, estariam presentes as classes mais importantes”, explica Paulo Câmara. A comida seria semelhante à que foi servida nos dias de hoje: carnes assadas no espeto, sopas, frutas, queijos, vinhos e limonadas.
Entre os participantes estiveram as amigas Cláudia Brito, Gina Coutinho e Carla Lourenço, arrudenses que quiseram fazer parte de uma noite histórica e divertirem-se. “Acima de tudo viver uma noite fora do comum e de alegria”, contam.
Treze dias de festa
As festas de Nossa Senhora da Salvação começam a 6 de Agosto e prolongam-se até dia 18, com um vasto programa religioso, musical, desportivo e cultural. O destaque vai para um concerto de Pedro Abrunhosa e os camponeses de Pias no dia 8 de Agosto, estando também em cartaz outros concertos: Deejay Kamala (dia 9), Bandidos do Cante e Há jazz no terreiro (dia 10), Bombatuke (dia 11), Remember 80/90 (dia 12), Rouxinol Faduncho (dia 13), Rita Rocha (dia 14), Gana (dia 15), Maninho (dia 16), Ciganos D’Ouro (dia 17) e Joana Amendoeira (dia 18). A corrida de toiros com gala à antiga portuguesa acontece a 16 de Agosto, celebrando os cem anos da Praça de Toiros José Marques Simões em Arruda dos Vinhos. A este propósito, recorde-se, será lançada uma publicação e apresentada uma exposição, produzidas em parceria com Catarina Bexiga, que evidenciam a arquitectura e história daquela praça.