Cultura | 11-08-2025 21:00

Escola de Toureio da Moita diz que apelido Chibanga foi usado em contexto popular

Escola de Toureio da Moita diz que apelido Chibanga foi usado em contexto popular
Ao longo da sua carreira Chibanga actuou em todas as grandes arenas do mundo - foto arquivo O MIRANTE

A polémica em torno da alegada apropriação do nome do afamado toureiro moçambicano Ricardo Chibanga, que viveu boa parte da vida na Golegã, continua, desta vez com a Escola de Toureio e Tauromaquia da Moita a reagir ao caso.

A Escola de Toureio e Tauromaquia da Moita já veio reagir publicamente às acusações da filha do toureiro Ricardo Chibanga, na sequência do uso do apelido Chibanga por parte de um jovem toureiro daquela escola, Eduardo Simon Bullugu, sem ter qualquer relação com este. Em comunicado, a escola reage dizendo que o nome foi atribuído de forma “popular, em ambiente tauromáquico”, a Eduardo Bullugu, quando este se encontrava a dar os primeiros passos em Coruche. “Quando chegou à nossa escola, já era amplamente conhecido por esse nome, utilizado de forma natural e respeitosa, como acontece tradicionalmente no meio taurino com muitos jovens aspirantes”, refere a escola.
Em momento algum, garante, houve intenção de apropriação indevida ou desrespeitosa para com a memória do toureiro Ricardo Chibanga, que considera “uma figura maior” da história tauromáquica nacional. “Pelo contrário, antes da primeira apresentação pública do Eduardo, em Setembro do ano passado, o próprio Eduardo falou directamente com Anete Chibanga, explicando a intenção de utilizar o nome Chibanga como seu apodo artístico. A senhora expressou não haver qualquer problema com a utilização do nome, mostrando-se agradada com a homenagem e a iniciativa. Foi com base nessa aceitação que Eduardo se apresentou publicamente como Chibanga, a 15 de Setembro de 2024, na tradicional novilhada da Feira da Moita”, explica a escola.
O comunicado afiança também que a própria terá tecido elogios públicos à actuação do jovem, “demonstrando orgulho e satisfação” com o caminho que este estava a trilhar. “A utilização de alcunhas ou nomes artísticos inspirados em grandes figuras é prática comum na tauromaquia, feita muitas vezes como homenagem e reconhecimento e a comunicação com a família existiu, foi clara e baseada na boa fé e no respeito mútuo”, garante a escola, lamentando que, numa fase posterior e por motivos que a ultrapassam, “essa mesma aceitação tenha dado lugar a um discurso menos construtivo”. Lamentado o episódio, a escola reafirma o compromisso com a ética, o respeito pelas figuras da tauromaquia e a formação de jovens toureiros conscientes, humanos e respeitadores.

“O nome do meu pai é parte da sua história”
A filha de Ricardo Chibanga, recorde-se, teve uma visão diferente do caso, sentindo-se indignada por usarem o apelido do pai sem autorização. “O nome do meu pai pertence à nossa família e não foi dada qualquer autorização legal para que terceiros possam utilizar o seu nome ou algum parecido, como forma de se promoverem ou publicitarem, seja em que contexto for”, escreveu Anete Chibanga.
A filha do toureiro pediu mesmo aos jornais, empresários taurinos e utilizadores das redes sociais que se abstenham de usar o nome Chibanga, Chibanguinha ou outro derivado de Chibanga em qualquer outro toureiro, independentemente das capacidades, competências ou fama que esse jovem toureiro possa ter. “O nome do meu pai é parte da sua história, da sua memória e da nossa família, pelo que deve ser respeitado como tal”, apelou.

Um ídolo das arenas

Ricardo Chibanga foi um dos mais famosos toureiros portugueses e o único toureiro negro. Nasceu em Moçambique a 8 de Novembro de 1942 e veio para Portugal na década de 60 do século XX. Recebeu a alternativa de matador de toiros, na praça de Sevilha, Espanha, a 15 de Agosto de 1971, tendo sido apadrinhado por António Bienvenida. Apresentou-se em Portugal como matador de toiros a 19 de Agosto desse ano, no Campo Pequeno. Ao longo da sua carreira actuou em todas as grandes arenas do mundo. Vivia na Golegã onde tem uma estátua evocativa e uma rua com o seu nome. Após ter deixado de tourear tornou-se empresário na área da tauromaquia, explorando uma praça de touros desmontável. Faleceu a 16 de Abril de 2019 com 76 anos.

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