Festa do Futuro juntou na aldeia do Souto arte, comunidade e floresta

Durante um fim-de-semana a aldeia do Souto, no concelho de Abrantes, voltou a receber a Festa do Futuro. Organizada pela associação Além Mundus, transformou o território num espaço de encontro, partilha e criação artística.
A aldeia do Souto voltou a receber mais uma edição da Festa do Futuro, uma iniciativa da associação Além Mundus que levou aquele território do concelho de Abrantes uma proposta cultural e artística profundamente enraizada na comunidade. O evento, que tem vindo a afirmar-se como um festival comunitário, intergeracional e criativo, reuniu artistas, artesãos, colectivos e habitantes locais num ambiente onde a natureza, a arte e o convívio se misturam. Um dos rostos mais acarinhados da festa é Rui Vieira, artista com formação em cenografia, que se mudou de Lisboa para a região há mais de duas décadas. “É gratificante colaborar com pessoas de todas as idades e trocar experiências. Às vezes pensa-se que no campo não há espaço para a arte, mas a verdade é que, nestes dois anos, provámos o contrário”, afirma.
Uma das propostas que mais adesão teve foi a “Tocas e Trocas”. Monica Di Eugenio, colega neste projecto de Emma Andretti e Julia Geiger, explica que esta iniciativa traz uma instalação brincável pensada para florestas, onde crianças e adultos podem explorar livremente diferentes formas: “o espaço é totalmente aberto à imaginação. Há panos para montar cenários, tendas para brincadeiras espontâneas, peças de madeira que se transformam em animais, e até uma teia de aranha com obstáculos para ultrapassar. E claro, o cantinho do ‘Chill Out’, com redes e borrifadores de água, que tem sido um sucesso”, explicou a O MIRANTE. Originalmente criado para o Dia da Criança, no Mosteiro de Tibães, em Braga, o projecto foi adaptado para a floresta do Souto, mantendo o objectivo essencial: criar um espaço de liberdade criativa no seio da floresta. Outro dos destaques veio da imaginação de Diana Cunha, que levou ao festival o projecto Queer Porto Tours. Através de ilustrações, postais e junto aos artistas Salome Vilar e Paulo Barbosa, deu visibilidade às histórias da comunidade LGTBIQ+ da cidade do Porto, através do tema da floresta, abrindo espaço para conversas sobre identidade e natureza.
Este ano, pela primeira vez, a Festa do Futuro teve uma feira de artesanato, artigos em segunda mão e negócios locais, idealizados a partir de conversas com habitantes da aldeia. Carolina Serrão e Sofia Estriga, que fazem parte da associação organizadora, destacaram o papel essencial da comunidade: “tivemos desde artesãos locais até food trucks. A Telma, que tem a única mercearia da aldeia, juntou-se e montou uma esplanada. A Associação da Atalaia veio vender bifanas e cervejas. Foi muito bom ver como as pessoas vieram ter connosco com essa vontade de participar”, afirmam. Tudo foi possível graças a uma equipa de 23 voluntários, vindos de outras aldeias de Abrantes, de Lisboa, e do próprio Souto. Muitos participaram na organização ao longo de todo o ano, outros vieram apenas durante os dias do evento. Durante semanas, voluntários e habitantes pintaram cartazes, colaram folhas e criaram novos espaços: “as crianças têm vivido isto como um campo de férias, mas ao mesmo tempo estamos todos a participar na construção de algo maior”, explica Sofia Estriga: “queremos que as crianças de hoje se tornem os adultos curiosos e participativos de amanhã”, vinca.


